quarta-feira, 26 de março de 2008

JAMES HILMAN: PSICOLOGIA ARQUETIPICA E JUNG


Estudos de Psicologia Arquetipica de James Hilman reúne alguns de seus ensaios escritos em diferentes contextos durante os anos sessenta e setenta. Nestes podemos perceber a originalidade da proposta do autor dentro do vasto campo da psicologia analítica, seu esforço sistemático para “atualização” do campo de força constituído pela “imaginário junguiano” e a construção de uma leitura heterodoxa ou que simplesmente conduza a um novo momento de desenvolvimento a matriz cultural inspirada pela obra de Jung.
É nesse sentido que ele nos propõe a designação de psicologia arquetipica para definir o fazer-se contemporâneo da psicologia inspirada por C G Jung.
Em seus próprios termos:

“As expressões: junguiana, analítica e complexa nunca foram escolhas felizes nem adequadas à Psicologia que tentavam designar. Parece necessário adotar uma palavra que reflita a abordagem característica de Jung, tanto em relação à teoria e ao que de fato tem lugar na prática, como em relação à vida em geral. Chamar essa psicologia hoje de “arquetipica” é uma decorrência de seu desenvolvimento histórico. De certo modo os termos iniciais foram superados pelo conceito de arquetipico, que Jung ainda não tinha elaborado ao tempo em que deu nome à sua psicologia. O arquetipico é o mais ontologicamente fundamental dos conceitos psicológicos de Jung, com a vantagem da maior precisão, alem de ser, por definição, sempre parcialmente indefinível e aberto. Os arquetipicos são os órgãos em que se situa a vida psíquica, agentes operativos da idéia que Jung tinha terapia. O próprio Self inclui-se, conceitualmente, entre os arquetipicos. Essa designação reflete um aprofundamento teórico na parte final da obra de Jung, uma tentativa de solucionar problemas em um nivel alem dos modelos científicos e da terapia no sentido usual, pois os problemas da alma já não são problemas no sentido usual. Em vez diso, vão-se buscar as fantasias arquetipicas existentes no interior dos “modelos”, da “objetividade”, dos “problemas”. Já em 1912 Jung dispôs a analise num esquema arquetipico, libertando com isso o arquétipo do confinamento ao analítico. A analise pode ser um instrumento para a compreensão dos arquetipicos, mas não pode dar conta deles. É dando prioridade ao arquetipico sobre o analítico que propiciamos a psique uma oportunidade de sair para fora dos consultórios. O próprio consultório com isso ganha uma perspectiva arquetipica. Afinal, também a analise é uma dramatização de uma fantasia arquetipica.”
(James Hilman. Por que “Psicologia analítica” in Estudos de Psicologia Arquetipica. RJ: Achiamé, 1981, p.1981, p. 165.)

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