quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

JAMES HILMAN E O BINARIO ANIMA/ANIMUS


Dentre os inúmeros conceitos que ilustram o dinamismo do inconsciente na perspectiva da psicologia analítica, o binário Anima/Animus pode ser considerado um dos mais complexos .
Anima é normalmente traduzida como o aspecto contra sexual inconsciente da psique masculina, enquanto animus é empregado de modo similar para definir o aspectro contrasexual inconsciente da psique feminina.
James Hilman, entretanto, de modo heterodoxo, estabelece a premissa de que estar envolvido com anima implica simultaneamente estar envolvido com Animus. Anima e Animus tornam-se assim arquétipos presentes indiscriminadamente na psique masculina e feminina, personificando o animus o plano lógico e discriminatório da consciência enquanto anima a própria imaginação criadora e a subjetividade.
Como esclarece o autor:


“ Imaginar em pares e casais é pensar mitologicamente. O pensamento mítico conecta os pares em tandens, em vez de separa-los em opostos, que é o modo da filosofia. Opostos prestam-se a pouquíssimos tipos de descrição: contraditórios, contrários, complementares, negações- formal e lógica. Tandens, por sua vez, como irmãos, inimigos, negociantes ou amantes apresentam infinita variedade de estilos. Tandens favorecem o intercurso- em inúmeras posições. A oposição é apenas um dos vários modos de estar num tendem.
A noção de sizilia demanda que uma exaustiva exploração de anima examine o animus na mesma medida. Para fazer justiça à isto aconteceu todas as nossas observações nasceram de uma posição contrastante, e cada uma dessas outras posições pode ser encarada representando o outro, o animus, em uma de suas perspectivas. Isto, de certa maneira, justifica uma velha discussão de Neuman de que o desenvolvimento da consciência egoica no homem e na mulher são da mesma forma essencialmente um processo ( ou protesto) masculino, emergente de um inconsciente feminino. Aqui esta a sizilia mais uma vez. Eles brincam um com o outro, constelados por padrões específicos, ou mitologemas. Alguns nós já vimos: (...) onde a controvérsia entre unidade e pluralidade transforma a anima num rabo de pavão polioftálmico e multicolorido, e o animus num ciclope monoteísta; (...) onde uma noção de integração de anima concebe-a como um dragão obscuro e encara o animus como um espadachim sempre alerta.”


(James Hilmam. Anima: Anatomia de uma Noção Personificada. SP: Cultrix/ Tradução de Lucia Rosenberg e Gustavo Barcellos, p. 187)

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