quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ABUSURD DAY

Há ocasiões
Em que as coisas
Parecem desfeitas,
Como se o dia coresse
Ao contrário,
Contrariando todas as certezas,
Rotinas e possibilidades.

É quando
As horas explodem
Em vazios,
Revelam a alma dos fatos
E nos ensinam
O não principio
Como principio…

Your just have to…
Bow to the absurd.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

JAMES HILLMAN AND LOVE...


Considero James Hilman um dos mais originais autores e pensadores da psique e sua dinâmica. Em sua singular interpretação da herança de Jung, ele nos permite fugir de nossos limites culturais construindo imagens e representações novas da psique através de um resgate dos “paradigmas” e simbolismos pagãos, ele nos convida a um jogo entre sentido e não sentido, entre imaginação e realidade, na qual os opostos se comunicam em absoluta simetria e pluralidade.
Quando transcendemos o monoteismo de um Self totalizante nos lançamos a aventura de uma configuração multipla e incerta de realidade, a um desaprendizado de nós mesmos onde a única certeza é a busca, não de verdades, mas de possibilidades, em meio a diversidades que transcendem qualquer noção de opus, ou, simplesmente, as redefine no contexto da contemporâneidade …
ALL YOU NEED IS LOVE....
Lembro-me vivamente agora, por exemplo, de um fragmento de Entre Vistas: Conversas com Laura Pozzo sobre psicoterapia, biografia, amor, alma, sonhos, trabalho, imaginação e o estado da cultura muito inspirador... Principalmente porque nos conduz a uma releitura das imagens que temos do amor e sua importância de um modo que viva e particularmente me leva subjetivamente aos Beatles, em especial a sua fase psicodelica e as mais autênticas vivências das inspirações de eros…
No fundo todos temos medo do amor… E isso o faz revolucionário em um sentido laico e profundamente secular e psicológioco…


Laura Puzo.
“Porque temos medo dele.”

James Hillman.
"… e ele pode surgir a qualquer minuto. E o que ele quer é a psique. Ele está atrás da alma, tem um trabalho a realizar na alma. Quero dizer, o amor esta muito mais interessado em nossas fantasias, em nossas imagens e complexos doq ue em nós, pessoalmente, naquilo que sentimos, precisamos, desejamos. Por isso morremos de medo. Ele ativa todos os complexos. Torna nossas fantasias irresistiveis, douradas. Afrodite Dourada, como foi chamada. Brilhante. Flamejante. Mas o amor não é uma força independente exterior às imagens, aos complexos. Esta bem dentro deles. O eros já está dentro da psique, pronto para pegar fogo. A psique é um material altamente inflamável. Estamos sempre embrulhando nossas coisas com amianto, mantendo nossas imagens e fantasias ao alcance da mão porque elas estão cheias de amor. Veja: Freud estava certo- o conteudo da psique reprimida é eros. E Resistencia tem a ver com paredes `a prova de fogo. Naturalmente todo mundo dá as costas para a analise, para seus sonhos e figures tais como Maribel. Elas estão carregadas de amor. Mas o caminho para o amor não é o imediato, você não pode ir direto nele. Terapias que encorajam o amor, que se focam na transferência, cometem o erro de ir direto nele. Pelo menos para mim o caminho é via alma, via imagem, onde o amor se esconde…É só começar a falar com alguem a partir da alma, sobre a alama, sobre o medo da morte, sobre uma lembrança dolorosa, pequenas desavenças, isolamento, e num instante surge o amor. Naturalmente, ele inrompe em sessões de terapia: onde ouver a psique, há amor, eros. O amor vem à terapia para encontrar a psique, para se tornar psicológico, e é realmente um erro psicológico tomar o amor de uma maneira pessoal. Claro, parece pessoal, porque amor é interior, íntimo, mas esta interioridade refere-se à alma, à ativação de complexos”.

(James Hilman. Entre Vistas: Conversas com Laura Pozzo sobre psicoterapia, biografia, amor, alma, sonhos, trabalho, imaginação e o estado da cultura/ tradução de Lucia Rosenberg e Gustavo Barcellos. SP: Summuis, 1989, p.194-195.)


O TEMPO E O FUGITIVO AGORA DA VIDA...


O futuro
É uma Estrada escura,
Caminho único de um presente
Que avança cego
Sobre um passado
Em ruinas.

Mas a vida
É uma eternal aposta,
Uma esperança,
A brincar com o tempo
E o destino
Nas cores do vento,
Nos cheiros das primaveras,
Como a ilusão dos pássaros…

sábado, 24 de janeiro de 2009

OASIS: DIG OUT YOUR SOUL



http://br.youtube.com/watch?v=87IQhui_Yy8

“The summer sunThat blows my mindIs falling down on all that I've ever knownIn time we'll kiss the world goodbyeFalling down on all that I've ever knownIs all that I've ever known”
Falling Down


“I'm all over my heart's desireI feel cold but I'm back in the fire


Out of control but I'm tied up tight


Come in, come out tonight”

The Shock of the Lightning



Lançado no ultimo mês de outubro, Dig Out Your Soul , sétimo álbum de estúdio do Oasis, nos apresenta uma banda mais madura e criativamente fechada em sua herança psicodélica e obsessão pelos Beatles. O dois primeiros singles deste álbum, "The Shock Of The Lightining" e Falling Down, traduzem perfeitamente sua intensa aventura musical através de letras intimistas e profundamente subjetivas que nos conduzem a uma verdadeira viagem de imaginação e autentica subjetividade... Não é exagero falar de um novo Oasis, de uma banda mais madura e mais do que nunca contemporânea e impactante. Se a assencia do Oasis é a rebeldia e a auito afirmação pode-se dizer que sua obra guarda um modo próprio de ser no mundo que cada vez mais nos ensina o quanto somos unicos e o quanto vale a pena levasr as ultimas consequencias aquilo que simplesmente somos...

FILOSOFIA DO BRINQUEDO

Há um mistério
Na vida intima das coisas,
Na alma dos objetos,
Que se misturam
As leis do destino humano.

O brinquedo quebrado
Guarda memórias
De evasão e êxtase,
Rasga realidades
E fantasias.

Mas somente crianças
Conhecem os fundos abismos
Do luto de um brinquedo perdido
Que diz em sua perda
O próprio passar da vida
Ou a incerteza
De todas as coisas feitas e ditas.

THE PAUPER


As sombras do passado
Escrevem silêncios no presente
Sem o afago de sonhos futuros.

Administro as perdas
Concretas e abstratas
Que o tempo da vida
Impõe aos anos.

Sei o inevitável pesar
De todas as mudanças,
Transformações de alma
E de mundo
Que tornam a vida
Aleatório e obscuro
MOVIMENTO...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CONTEMPORANEIDADE, INDIVIDUAÇÂO E CRISE DO JORNALISMO FORMAL


No suplemento Mais da Folha de São Paulo de 30 de novembro de 2008 foi parcialmente publicada uma interessante resenha de John Lloyd, colaborador do Jornal Financial Times, de três livros recentemente lançados no Reino Unido que discutem o futuro do jornalismo. Tratam-se das obras SuperMedia de Charlie Beckett, Can you Trust the Media de Adrian Monck e a coletânea UK Confidencial organizada por Charlie Edwards e Chatherine Fieschi. De diferentes maneiras cada uma delas discute a crise e perspectivas do jornalismo contemporâneo e o impacto das novas tecnologias. Tal discussão me é particularmente interessante e decisiva para a delimitação dos espaços e conteúdos de nossas contemporaneidades. Afinal, essa crise do jornalismo traduz significativas mudanças em nossas sensibilidades e praticas de realidade. Com a internet e a novas tecnologias digitais o individuo alcançou possibilidades praticamente ilimitadas de criação e auto expressão permitindo uma dessacralização de praticas antes monopolizadas por “grupos” ou “organismos coletivos”. O caso do jornalismo é um ótimo exemplo disso. Como reconhece, mesmo que com algumas reservas, John Lloyd,

“ De certa forma, os blogs e a web marcam um retorno ao jornalismo do século 17 e 18- um período empreendedor, no qual pessoas que tinham algo a dizer montavam sus negócios e publicavam panfletos e boletins noticiários.
Também vivemos um período de maior incerteza, o que lembra a era vitoriana, quando os jovens aspirantes a literatos, vestidos com trajes modestos, ganhavam a vida trabalhando arduamente em um mercado formado majoritariamente por free-lancers.”

A efervescência de opiniões e perspectivas plurais estabelecida pela cultura da Web e dos Blogs representa, ao meu ver, uma tendência para uma experiência cada vez mais direta entre o indivíduo e a informação, sua circulação e repercussão, transcendendo as formalidades e censuras das convencionais estruturas coletivas de imprensa e propaganda.
De fato, o consumo de noticias e informações pelas formas eletrônicas e impressas tradicionais torna-se cada vez menos atraente, o que de fato nos permite falar de uma crise do jornalismo. Por outro lado, essa individuação saudável do exercício da informação e da opinião pode ser vista também como o embrião de novas formas de se pensar e fazer jornalismo, um jornalismo cada vez mais democrático e interativo, não mais formatado para uma sociedade de massas, mas destinado a uma sociedade de indivíduos.

SUMMER

O calor e o sol
Abraçam o corpo
Em imaginações de verão.
Quase não há lugar
Para pensamentos
Entre tantas vontades
E inquietações.

A tarde ferve,
As ruas estão em febre
E em festa de vida.

A existência percorre as almas
Como rubra matéria
E absoluto agora.

SONHOS DE UMA NOITE DE VERÃO


O calor do verão
Tem outro gosto a noite,
Um sabor de deserto
Ou de tédio.

É quando um cansaço
Cala o corpo
Frente ao rosto de um pensamento,
Uma mensagem de Apolo...

Mas a lua ainda ensina magias
E tudo acontece
Em sonhos de uma noite de verão.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BREVE HOMENAGEM A EDGAR ALAN POE


O critico, poeta e escritor Edgar Alan Poe é um dos grande escritores malditos da literatura universal. Nascido em Boston, EUA, em 19 de janeiro de 1809 morreu em Baltimore em 7 de outubro de 1849. Serão celebrados este ano nos EUA, portanto, o bi centenário do seu nascimento e os 160 anos de sua morte através de exposições, debates e ate mesmo uma encenação em Baltimore do seu funeral. Como já falei sobre sua obra em uma das postagens consagradas a série Literatura Inglesa, limitar – me – ei hoje a esta singela e breve homenagem ao autor na noite de seu bi centenário. Afinal, ele foi um dos construtores da linguagem da literatura contemporânea e de massas através de uma narrativa “realista” destinada ao convencimento do leitor, a persuadi-lo da veracidade do discurso ficcional conduzindo ao extremo a tensão entre realidade, verdade e fantasia na mesma medida que explorava os limites e abismos da alma humana em uma atmosfera não raramente sombria e fatalista em sublimes estímulos a imaginação. Por tudo isso, Poe é definitivamente um do escritores favoritos...