domingo, 2 de novembro de 2025

BARBARIE COLONIAL

A civilização europeia,
branca, cristã e ocidental,
inventou o horror contemporâneo.

Estabeleceu a violência,
a exploração e o extermínio,
como práticas correntes de Estado
e dispositivo de exercício de poder.

Assim, fez da guerra
um acontecimento banal
inerente ao mais elementar cotidiano
das gentes e povos contidos 
em qualquer território dominado
ou invadido.
Fez tudo isso sobre as bençãos de Cristo.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

AFORISMOS SOBRE IGNORÂNCIA ILUSTRADA

Livros são como fogos de artifícios. Inter tem nossa atenção com um deslumbrante e efêmero espetáculo inútil. Depois acabam esquecidos, enquanto a vida segue em sua tediosa normalidade.

***

Conhecer a si mesmo é abdicar da falsa segurança de pertencer a um frágil  e pequeno eu.

***
Nenhum livro muda a vida de ninguém.
Escrever um livro não melhora a vida de ninguém.
As pessoas sempre superestimam a aventura da escrita. Por isso idolatram livros que geralmente se quer  compreendem direito.

OS ADMIRADORES DE PROMETEU

Entre os que se sujeitam a rebanhos
e os que se dedicam a criação de si mesmo
há um abismo intransponível.

Nada há em comum 
entre os que obedecem
e os que inventam sua própria lei.

Pois a liberdade é inimiga da servidão voluntaria
que separa os adoradores do crucificado
dos  admiradores de Prometeu.

Um homem livre é senhor de si mesmo
e vale mais do que  qualquer rei.


terça-feira, 28 de outubro de 2025

TOTALITARISMO NEOLIBERAL

O ideal totalitário contemporâneo é neo liberal.
Reduz a vida a  empreendimento, 
investimento e resultado.
Transforma o Estado em empresa,
privatiza a política, monetiza a felicidade,
e leva as últimas consequências 
o controle da população 
através da fórmula do "empresário de si mesmo".

Para o totalitarismo contemporâneo 
tudo é uma questão de esforço e prosperidade.
Cada um tem o que merece.
A realidade não existe.
Tudo é econômico e performático.
A ambição  é a maior das virtudes.


sábado, 25 de outubro de 2025

NIILISMO RADICAL

Não sou escravo de certezas,
verdades ou convicções.

Desprezo a fé, identidades
e idolatrias.
Abomino nações, religiões,
sexismo e fascismos.

Não me venham falar 
de valores universais,
 civilização e humanismos.

Também sei os limites 
de qualquer ciência.
Não sou um apóstolo da razão.

Resumidamente:
 sou daqueles que duvidam de tudo,
até mesmo do eu, do corpo e seus cinco sentidos.




 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

A NATUREZA É INUMANA, LIVRE E SELVAGEM



A natureza não reconhece a civilização.
Não tem apreço pelo agro negócio,
nem se importa com o futuro da humanidade.

A natureza é inumana, livre e selvagem.
Avessa ao progresso, a industrialização,
a história e as aventuras da razão. 
Ela responderá a antropomorfalização do planeta com truculência 
através de uma verdadeira rebelião climática. 

A natureza é devir,
 revolução permanente.
Não é meio de produção
ou mercadoria.

A natureza é inumana, livre e selvagem.
Não é materna ou divina.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

ACREDITO NA REBELIÃO

Acredito na rebelião.
Aposto na revolta
que contagia,
se multiplica
e cria mobilização.

Acredito na raiva organizada,
na união dos marginalizados,
párias e desajustados
contra a desordem  estabelecida e mantida
pelo Estado e pelo grande Capital.


Acredito na multidão que grita,
que briga e exige justiça.

Acredito na rebelião,
no futuro da insurreição.



CONTRA O ILUMINISMO

As luzes da razão 
inspiraram o imperialismo,
a escravidão, o racismo,
as disciplinas e industrialização.

As luzes da razão não 
conduziram a humanidade
a nenhuma forma de emancipação.

É ridículo considera-las
 dignas de inspiração 
de qualquer autêntica revolução.

Afinal, as luzes da razão,
domésticaram o corpo,
 pacificaram a consciência 
através da medicina, da psiquiatria,
de forma análoga a religião.

As luzes da razão inventaram a lei, o crime e a  prisão 
elegendo os pobres e negros da grande cidade
como os naturais inimigos da boa e branca humanidade.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

PALAVRA SUJA

Recuso a afetação solene,
a retórica pomposa
das letras mortas 
que ainda ecoam
nos salões dos eruditos.

Prefiro a palavra suja,
deselegante, coloquial,
amoral, vulgar,
que fala mais aos sentidos
do que ao pensamento.

Gosto da palavra descalça,
franca e direta,
que reclama, protesta,
e semeia insurgências.

Gosto da palavra que pede briga,
que não se intimida,
que ousa dizer não.







UM MUNDO ALÉM DO TRABALHO


Precisamos inventar,
aqui e agora, um mundo
para além do trabalho,
do salário e da norma.

Precisamos reorganizar
minha existência,
redescobrir o corpo
despido de todas as obrigações vazias
de uma vida urbana dedicada a família 
e a  circulação de mercadorias.

Precisamos respirar,
não nos afogar em rotinas,
afirmar nossa capacidade 
de plenamente existir, 
pensar e sonhar.