quinta-feira, 29 de agosto de 2019

ALÉM DA VERDADE E DO ERRO


Existe uma zona de interseção  entre o erro e a ilusão  que define o afeto ou efeito de verdade.


Por isso todo autêntico exercício de pensamento deve voltar -se contra si mesmo, ir além de seus enunciados. 

Pensar é  um exercício sempre inconclusivo, perene. Algo próximo a uma brincadeira que sempre se renova como prática de imaginação.

Um pensamento que se insurge contra a verdade, dá liberdade a razão para devir, ser corpo e experiência. Torna-se  um modo ético de existir, configurando uma forma de vida além do erro e da ilusão de qualquer convicção. Tudo se faz, assim, experimentação.

A verdade é um preconceito moral que superamos ao mergulhar na imediata experiencia das coisas.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

CONFISSÃO NIILISTA



Não busco solução para problema algum.
O que procuro são as perguntas certas
Contra as respostas erradas.

Fujo ao feitiço da verdade,
Evito convicções
e abraço inconformismos.

Sigo sempre desencantado,
Sem esperar dos meus dias
Qualquer outra coisa
Que não seja
A superfícialidade do choque,
do espanto diante daquilo que já foi vivido.

Meu destino é a morte,
Meu caminho é a poesia.

Sei apenas a brevidade de tudo
Que me povoa o pensamento e os sentidos.

Entre a finitude e a imanência
quase não existo.


PERSPECTIVAS


Ser outra pessoa
Não  me traria o encanto
De qualquer felicidade.
Mas me faria, talvez,
Consciente de outras realidades,
De outras formas de sentir e saber a vida.
Tudo na existência,  afinal,
É  questão  de perspectiva.

sábado, 24 de agosto de 2019

TRANSVALORAÇÕES PòS HISTÓRICAS


Precisamos calar o silêncio  coletivo,
Quebrar as rotinas que pedrificam os atos,
Romper com os fatos,
com o dizer  verdadeiro e abstrato dos intelectuais,
Para saber os afetos materalizados
No fazer pequeno
que progride  através da composição  dos corpos.

Precisamos falar e reinventar a liberdade,
Gritar nosso sentimento de vida
Na urgência breve das eternidades.

O impossível é  a matéria da imaginação
Que engendra  futuros no devir dos atos.

Precisamos começar  a existir,
cotidianamente,
Contra a Razão  é a História,

precisamos sentir a nós mesmos
com máxima intensidade.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

FLUIDEZ EXISTENCIAL




Meus defeitos são  virtudes.
Estou sempre incompleto, 
limitado e errático.

Cada momento me faz  esboço
Do que posso ser.
Mesmo que nunca chegue o dia de ser.
Mesmo que o ser seja outro
A cada segundo de acontecer.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

VIVER


A experiência do mundo é a consciência de si na existência das coisas. Não  há  fronteiras entre o  dentro e o fora de si mesmo. A consciência é  o mundo dentro de nós na urgência do agora. Viver é  estar entre as coisas. Existir é saber o que existe. A essência é aparência, superfície. Viver é ser o mundo em si mesmo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

DURAÇÃO, VIDA E CONSCIÊNCIA


A duração  de uma vida faz da consciência extensão, espaço existencial e concreto de ação.

O tempo é físico através das coisas. 

Existir é  movimento, é  corpo. 
Ele não é  a voz, mas o silêncio.

A consciência é  um efeito do corpo, 
da duração da vida no devir do instante.

O tempo é vazio. 
A história não existe. 
Eu não existo. 
Pois não  há  consciência de si que não seja experiência da duração do mundo ( fora de si).

A consciência é o efeito de tudo que me ultrapassa e o "eu" é a percepção da soma daquilo tudo que nos define o existente como uma soma que transborda o produto. 

domingo, 11 de agosto de 2019

ATRAVÉS DO SILÊNCIO



O que escapa ao dizer é  o que realmente importa... 
É por onde o possível foge da gente,
E  o eu se dissolve 
No riso de uma alegria morta.

Experiência e experimentação,
Linguagem curvada no corpo erguido...
Isto é o que somos
No jogo do dito e do comunicável.

Mas o essencial nunca é dito,
Não deixa lembrança.


Amo as coisas que desaparecem,
que povoam o esquecimento,
pois sei que tudo acaba em silêncio,
que nada persiste como memória.



A BUSCA DA PALAVRA INCERTA


Procuro a palavra incerta
Manifesta entre a letra e a voz.
Aquela que inventa silêncios,
Que cria e sente,
O tempo em movimento
Através  dos corpos.
A palavra que ri e grita,
Que se transforma,
Marcando o papel e a pele.
Quero a palavra dos analfabetos
É dos cegos,
Dos loucos e alucinados,
Que encontram qualquer forma de dizer
A existência  contra os fatos,
Discursos e convicções.
Procuro a palavra livre,
O vazio da linguagem,
E o abismo do significado.