Henry Louis Mencken ( 1880-1956) foi uma das grandes vozes do jornalismo norte americano das primeiras décadas do século XX destacando-se pelo seu espirito critico e satírico. Sua prosa pode ser definida como uma espécie de jornalismo literário que não encontra qualquer paralelo nos dias de hoje. Vale a pena aqui relembrar um fragmento de um de seus artigos sobre religião publicado originalmente em 1922:
"Não. Não há nada ostensivamente digno a respeito de idéias religiosas. Só conduzem a uma espécie curiosamente pueril e tediosa de asnices. Na melhor das hipóteses, são compiladas de metafísicos, ou seja, de homens que devotaram suas vidas a provar que dois vezes não são sempre ou necessariamente quatro. Na pior das hipóteses, cheiram a espiritualismo ou a cartomancia. Nem há qualquer virtude visível nos homens que as comercializam profissionalmente. Poucos teólogos sabem alguma coisa que valha a pena, mesmo sobre teologia, e poucos deles são honestos.Pode-se perdoar um comunista ou coletor de impostos na suposição de que há em suas glândulas endócrinas, e receitar-lhe um inverno no Sul da França para curá-lo. Mas o teólogo médio é um sujeito corado, robusto e bém alimentado, sem nenhuma desculpa discernível em patologia. Ele dissemina a sua cantilena, não inocentemente, como um filósofo, mas maliciosamente, como um político. Num mundo bém organizado, ele estaria na enxada. Mas, no mundo em que vivemos, temos que ouvir o que ele diz, não apenas educada e reverentemente, mas babando de boca aberta. " IMUNE by H.L. MENCKEN in O LIVRO DOS INSULTOS DE H.L. MENCKEN, seleção, tradução e prefácio de Ruy Castro. SP: Companhia das Letras, 1988, p. 72