segunda-feira, 31 de março de 2014

ABANDONO

Já estou a muito tempo
esperando a mim mesmo
as margens do horizonte.
Minha musica
jamais tocou por aqui.
Ninguém me confidenciou sonhos,
nem me consolou com uma lágrima.
Escutei apenas silêncios
e necessecidades
e ao longo dos anos 
renunciei a  esperanças.
Ao longo dos anos
apenas destilei o intimo abandono
de me perder de mim.



terça-feira, 25 de março de 2014

NOTA SOBRE O FENÔMENO DA CONSCIÊNCIA

A consciência é um fenômeno psiconeural sobre o qual tudo que sabemos é uma consequência de si mesmo. Em outros termos, só podemos conhecer a consciência a partir dela mesma, através de suas manifestações como auto consciência.
Daí prefiro dizer, mesmo sem ser um especialista na área que, neurologicamente, não seria possível uma definição satisfatória de consciência.
Premissa elementar da condição humana na consciência é um conceito ilegível, não objetivo.

QUANDO O TEMPO PAROU

O tempo parou em um silêncio,
Nas horas quebradas
De um dia partido.


Restou-me apenas
A casa desfeita
E assombrada
Pelos futuros perdidos,
pelo vazio de expectativas.


Sabia que nunca mais
seria outro dia....

quinta-feira, 20 de março de 2014

ABSTRATO


Existo apenas nas abstrações
Das vontades,
Nas ilusões das tardes ensolaradas
E preguiçosas
Que ecoam
Em pálidas lembranças de infâncias.
Sou abstrato e provisório
Em tudo aquilo que agora
Me diz a existência.

segunda-feira, 17 de março de 2014

INDIVIDUAÇÃO E ATEÍSMO

O ateísmo, enquanto total ausência de metafisicas , é por excelência  a afirmação da experiência humana do mundo elevada a condição de sentimento e autoconsciência de todas as coisas. Sua premissa não é mais a ideia ou meta de uma verdade ou essência do real. Mas o esgotamento do próprio real como princípio objetivo. 
Para os ateus, tal como entendo em meu particular ateísmo,  a própria ideia de realidade é uma construção humana e a existência é irredutível a qualquer conceito. O ateísmo é para mim uma forma de individuação, o que torna "ser ateu" a aventura profunda de se perder  nas abstratas fissuras do nossos superficiais atos cotidianos.
O que há de mais radical em meu ateísmo contra toda tradição do pensamento ocidental é o fato simples de nem mesmo esperar que outros ateus concordem comigo...

domingo, 9 de março de 2014

ELOGIO A SUBJETIVIDADE


Tenho por desafio aprender a pensar e viver sempre na primeira pessoa do singular.

Calar o nós e os outros dentro de mim até o ponto de respirar apenas meus próprios pensamentos no dualismo do metal e do fisico do meu EU.

Preciso viver o absoluto da autoconsciência, estar radicalmente o efêmero do meu próprio mundo em progressiva reflexibilidade.

Meus estados intimos são tudo que me importa e arregala meus sentimentos de realidade.

Pensar deve ser algo tão particular ao ponto de dispensar interlocutores e ultrapassar os limites do sonho e da vigilia na liberdade maxima da imaginação e fantasia.

Serei pura subjetividade em um tempo em que a própria subjetividade perdeu-se da substancialidade frente as identidades e convenções sociais vazias de dia a dia.

sexta-feira, 7 de março de 2014

MANHÃ DE SOMBRAS

Não temos qualquer expectativa.
Apenas o amanhecer e a preguiça
Diante do acordar do dia
Onde o amanhã,
Cada vez mais distante
Do futuro,
Nos lança a um escuro
Desconhecido...

TEMPO E AGONIA

Despido dos meus passados
E vazio de futuros
Encarei friamente o horizonte
Procurando respostas
Para o infinito que provisoriamente
Desenhava vazios
No sem rumo dos meus desejos.
Meu tempo vivido,
Naquele instante,
Era mera agonia de fatos.

PRETÉRITOS FUTUROS

Prescreveram todos os prazos
Dos meus pretéritos futuros.
Estava errado sobre quase tudo
No equivoco dos meus melhores sonhos.


A vida deu em qualquer outro cenário,
Em qualquer outro rosto.


A vida desmentiu o sonho
No espelho do tempo.


Sou qualquer versão inesperada
De mim mesmo

ou, talvez, um outro
vivendo de um amanhã alternativo.


quinta-feira, 6 de março de 2014

EXISTÊNCIA

Todo o meu mundo é menor que a partícula de um grão de areia...

Por isso, nenhuma palavra ultrapassa o silencio daquele vazio abstrato que dentro de mim se faz comovente e inerte testemunha da arregalada consciência que me define.

Susto! Que outra forma de dizer como me sinto presente no mundo, como me inquieta estar vivo, provisório e sem propósito ao sabor do simples acaso.

Perplexo, procuro seguir em frente inspirado pelo tedio e o hedonismo como princípio, sofrendo o peso de me fazer como mero e precário indivíduo..