terça-feira, 19 de abril de 2011

A AUSÊNCIA DAS CORES



As cores despencam do céu
Sobre a terra
Escrevendo o preto e o branco
Na manhã nublada.
Lamento cobriam o jardim...
A noite se definia
através da vida das coisas semi mortas.
Tudo era a ausência do sol.
                                 
Em algum lugar
Vomitei o vôo dos pássaros
Sobre o corpo de um futuro verão.

Realizei a euforia
Dos adjetivos
Enterrando substantivos...
   

O ILEGIVEL DO DIA


Tenho adiado



Meu tempo e espaço


De viver as coisas,


Vestido silêncios , cansaços


E inércias,


Até me desatar dos fatos,


Chegar ao ponto de saber


O dia e o agora


Em estado cru e ilegível...



segunda-feira, 18 de abril de 2011

ORIGEM E HISTORIOGRAFIA


"À força de se andar à procura das origens transformamo-nos em caranguejos. O historiador olha para o passado; no fim «crê» também no passado."
F Nietzsche in Crepusculo dos Idolos

A imagem da “origem” é essencialmente mitológica, ela busca  estabelecer identidades através da cristalização daquilo que pensamos ser  na fantasia de um passado simbólico e socialmente inventado fora do tempo e espaço que se converte em falso fundamento de tudo aquilo que nos tornamos nas armadilhas de  um presentismo com pés invertidos...   

BREVE NOTA PARA UMA HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA



“Dar uma descrição exacta do que não acontece em nenhum tempo, não é apenas a verdadeira missão do historiador, mas ainda o privilégio inapreciável de todo o homem bem dotado e de espírito culto.”

Oscar Wilde

Somos produto da gramática de imagens e significados que produzimos para justificar o que vivemos, mesmo quando o Ser já não é uma premissa filosófica e ontológica  a domesticar nossa metafórica esquizofrenia em tempos de pós cultura e pós sociedade...  

INDETERMINAÇÃO E INDIVIDUALIDADE


“Ser você mesmo - em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa - é a grande realização.”

Ralph Waldo Emerson - Escritor americano

Ao contrário do apregoado pelo senso comum, não somos o simples produto de nossas escolhas, pois o destino não se define pela porcentagem de erros ou acertos acumulados em nosso tempo biográfico a partir de uma representação ideal de conduta qualquer.

Aliais, a própria noção de certo e errado é falaciosa frente ao indeterminismo e incertezas que cotidianamente vivemos na leviandade dos atos, no relativismo dos princípios e justificativas que fundam toda ação humana em suas codificações simbólicas...

É bem verdade que, as referencias e convenções culturais, as circunstâncias e condicionantes materiais impostas pelo nosso mínimo espaço física e cronologicamente vivido, nos oferecem uma gama de escolhas e opções dentro das quais nos movemos sem qualquer arbítrio em uma contraditória coincidência entre determinismo e subjetivismo.

Em poucas palavras, somos em um só momento criadores e criaturas de nós mesmos, buscamos viver o máximo de singularidade ao mesmo tempo em que realizamos a objetividade do mundo.

A indeterminação  e não a identidade é justamente o que nos define como indivíduos...



quarta-feira, 13 de abril de 2011

BOEMIA


Guardo no bolso



Alguns sonhos rotos


Para perdê-los


No dorso


De qualquer noite


Ou, simplesmente,


Esquecê-los


Ao redescobrir


O tempo


No canto escuro


De um bar sombrio...

terça-feira, 12 de abril de 2011

FILOSOFIA DO PALHAÇO LOUCO



Meus olhos vivem
Qualquer silêncio
Enquanto me perco em palavras
Sem mundo
Escrevendo o instante
De tocar o céu estrelado
Sem acontecer
No mero absurdo
Onde me sei em meio ao mundo
E aos outros...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

SOCIABILIDADES E PÓS SOCIEDADE

A idéia de redes de sociabilidades como forma de codificação da dinâmica que define a existência coletiva na contemporaneidade é mais adequada do que o já insuficiente conceito de sociedade. Já que este pressupõe uma noção de “comunidade” , “ordem” e “identidade social” que para nos parece cada vez mais palavra oca...

A integração do individuo a dinâmica societária é cada vez mais mediada pela sua capacidade de construção de relacionamentos não mediados pela formatação demasiadamente rígida de papeis ou valores socialmente estabelecidos...

sábado, 9 de abril de 2011

SOBRE SOCIEDADE, PIGGIES E PATOLOGIA



A idéia e conceito de sociedade, enquanto codificação  e representação do coletivo é uma invenção conservadora do antigo regime  que se consolidou no século XIX como  herdeira do controle social representado na idade media pelo cristianismo e a igreja de Roma. Pode-se dizer que ela produz seus próprios monstros em sua  “funcionalidade”...
Por outro lado, a critica à sociedade as vezes se mistura com o patológico de modo assombroso e estranho. Mas o fato, é que  a “sociedade” cria seus próprios monstros em sua desfuncionalidade ontológica....

 PIGGIES

“George falou de “Piggies como um “comentário social”, mas a musica foi um pouco além da simples zombaria de classe media ao chamá-la de “porcos”. “Pigs” era uma expressão de escárnio na Inglaterra da década de 1960 e geralmente ficava reservada à policia. Os porcos também foram os animais escolhidos por George Orwell em Revolução dos Bichos Pra representar os lideres tiranos.
A canção ficou famosa em 1971 quando foi revelado que Charles Manson, o autointitulado líder da infame “família menson”, interpretou a letra como um alerta para que o stablisment branco se preparasse  para uma rebelião. Na mente perturbada de Manson, a sugestão  de  que os porcos precisavam de “uma bela surra” foi especialmente significativa.
De acordo com testemunhas, essa era uma das frases preferidas de Manson, e ele a citou muitas vezes antes de ser preso  pelo envolvimento em assassinatos, vistos por muitos como um capítulo final da era hippie.
A pista que acabou ligando os oito assassinatos – cinco dos quais aconteceram na casa da estrela de cinema  Sharon Tate, dois na Leno LaBianca e uma na  de Gary Himman- foram as palavras “pig”, “pigs” ou “piggy” escritas com sangue das vitimas. Os Labianca chegaram a ser atacados com garfos e facas, aparentemente porque os utencilios são mencionados nos últimos versos.
George ficou horrorizado com  a interpretação equivocada de Manson para uma canção que ele considerava bem tranqüila e comentou que o verso “ damm god whachking” foi sugestão de sua mãe quando ele procurava para rimar com “baking” e “lacking”. “ Não tinha nada a ver com policiais americanos nem com vadias da californianas”, ele afirmou.”

FONTE: The Beatles: A história por trás de todas as canções, by Steve Tunder.   

Apesar disso a patologia social continua a gerar absurdos e barbáries individuais e coletivas contra toda conquista da razão humana...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

POEMA DE QUASE NADA



Faço escolhas
Despido de qualquer motivo,
Me perdendo em pensamentos
De mero e vão momento vivido.
Inspira-me o ilusório dos fatos
Que passeiam pelo tempo
E mordem
Os sentimentos de mundo
Que por mim passam gratuitamente.
Sei que pouco vale a pena
O fosco sabor intenso
De cada instante derramado
No vento do tempo....