sábado, 7 de maio de 2022

LIVROS

Ninguém aprende nos livros
o sentido da vida.
A vida não  tem sentido.
O que os livros ensinam
é que viver não basta,
a realidade mata,
e a imaginação nos inventa e transforma.

quarta-feira, 4 de maio de 2022

AS METAMORFOSES DO PASSADO

Todos os dias
acordo para o passado.
Um passado que nunca é o mesmo,
que me faz outro,
na triste presença de muitas ausências.
 
O passado é como um sonho
que me reinventa o diurno
através de um sentimento estranho de mundo
onde, absolutamente nada
é para sempre,
e a existência não passa
da ilusão de um sonho.

Um dia acordamos para o nada
e o passado desaparece com a gente.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

O TERRITÓRIO DO SILÊNCIO

Há entre o eu e o mundo
uma autônoma zona de silêncio,
um campo neutro,
onde me desinvento
a margem de todos os sentidos
no absoluto do tempo.
Tudo parece em fuga
dentro do campo deste silêncio
que contem tudo aquilo que não pode ser dito. 

O CORPO ANTI BIOGRÁFICO

A vida além da ilusão biográfica,
define o corpo que persiste em si mesmo,
que se desgasta e se apaga,
em sua rotina fisiológica.

Corpo que se confunde com o caos
e com as coisas,
que se reduz ao espaço e ao movimento,
contra toda psicologia
até o limite da bıologia
e do silêncio que nos traduz a morte. 
Afinal, do que nos serve
uma biografia
se é o corpo que nis faz natureza,
mundo e tempo?

quinta-feira, 28 de abril de 2022

ADEUS A VERDADE



Através do jogo do verdadeiro e do falso perdemos a medida da ignorância, esta expressão da imaginação e da sabedoria, que sempre nos desafia a superar o inimaginável, a conceber o impossivel  contra os limites do pensável. 
Criar é reinventar sempre de novo o mundo além de qualquer noção de verdade, é avançar sem parar sobre o incerto e o desconhecido
na invenção negativa de si mesmo como um instante breve de realidade no positivo da liberdade.
O mundo é um caos de pespectivas.
Através do jogo do verdadeiro e do falso perdemos a medida da ignorância, esta expressão da imaginação e da sabedoria, que sempre nos desafia a superar o inimaginável, a conceber o impossivel  contra os limites do pensável. 
Criar é reinventar sempre de novo o mundo além de qualquer noção de verdade, é avançar sem parar sobre o incerto e o desconhecido
na invenção negativa de si mesmo como um instante breve de realidade no positivo da liberdade.
O mundo é um caos de pespectivas.

A VIDA QUE SEGUE

Minha vida segue,
como sempre,
provisória, inacabada,
e incerta.
Nada nela é verdadeiro ou seguro,
nem mesmo minha consciência 
que, através das coisas,
é outra no exercício do verbo.

Quanto mais tempo existo
 mais diverso me faço de mim mesmo
diluído em meu próprio corpo.

Qualquer ilusão me sustenta,
disperso, 
enquanto cresce dentro de mim
um mortal silêncio. 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

ENTRE O DISCURSO E O SILÊNCIO

No tribunal, nas praças e palcos,
circulam discursos 
que produzem o mundo.
Signos e símbolos em movimento
atravessam os corpos
fabulando, criando,
produzindo sentido.
Mas nenhuma palavra
transcende o silêncio 
que nos habita
no desenho dos dias
onde o silêncio é mais intenso 
do que qualquer palavra.

AS ILUSÕES DAS URGÊNCIAS

Todas as minhas urgências são banais.
Não importa o que me encanta
entre a necessidade e o sonho.
A vida segue sem esperanças
no desastre do mundo comum.
E a realidade não cabe
em qualquer existência. 
O caos é tudo que nos inventa
na multiplicidade em movimento
das mutações do efêmero.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

A ESCURIDÃO DOS DIAS

Os dias já não passam como antigamente.
Também nunca foram tão efêmeros
e vazios de futuro.

Quase não se nota o sol,
o céu e o tempo,
em uma época coberta por tanta escuridão,
onde é quase impossível enxergar
além do momento.

Provavelmente não haverá memórias destes tristes dias
tão indiferentes a vida
sobre os quais é impossível calar.
Tudo será redusido a fatos e dados.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

UM MUNDO ALÉM DO SER

Busco um mundo sem substância,
além da essência
e da aparência.

 Um mundo
que me embriague
através da experiência
de não ser mundo,
 escapando as armadilhas
de uma boa consciência. 

Um mundo onde eu aprenda
a sonhar o oco das coisas
provando a vertigem dos anos
na casca quebrada de um instante desfeito em palavras. 

Um mundo sem explicações,
problemas e soluções
no jogo do eu e dos outros.

Um mundo feito de tantos mundos
que não possa ser chamado de mundo
no paradoxo de um finito infinito
além da verdade e da ilusão.

Um mundo que não seja simplesmente um lugar,
mas um modo da vida nos acontecer,
muda e profundamente,
no mais intenso da pele
e além do Ser.