Não me acomodo ao raso significado
das palavras arrumadas na brancura da tela.
Não me deixo enganar pela ordem gramatical,
pelas intencionalidades rasas
de consensos argumentativos e formalismos.
Dentro do dito há sempre um abismo
que diz o invisível do corpo negado.
Ele fala, grita, registra-se,
entre as linhas,
contra todo logocentrismo
e tédio de narrativas bem comportadas.
Toda comunicação pragmática
me provoca vertigens.
Cada leitor deveria
Rasgar a si mesmo
no dizer comum do mundo.
Ler no espelho das letras
a nudez de seu próprio corpo.