sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

EXISTÊNCIA E ERRÂNCIA

 

Entre a lembrança e a experiência do agora a realidade foge ao tempo.

Existo fora do registro identitário,

à margem do discursos e comportamentos corriqueiros,

consumido aos poucos pelo fogo soberano da vontade.


Tudo em mim é natureza e indeterminação.

Enterrei todos os futuros no passado

E sigo vivendo esperando a morte.


Nada que faço importa.

Pois tudo que sou

está fadado ao esquecimento.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

POEMA OBSCURO

 

A consciência se perde no ignoto

como um rio desaguando no mar.

Saber sempre será muito pouco

diante do desconhecido.

Por isso nada faz muito sentido.

Não espero resposta ou soluções

para o grande problema e espanto

que é a existência como miragem

Que inventa o corpo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

A MORTE DA VIDA

Vida hoje em dia é uma palavra vazia.
Sobrevivemos para,
Cotidianamente,
Produzir a morte lenta
De nossos fatigados corpos.

Vida é coisa que não existe
Onde a alma escreve a prisões de normas e necessidades
 desqualificando o desejo .

Só há vida onde persiste a infância. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

A INVENÇÃO DA VIDA

 


A invenção da vida se afirma em mim

como dissidência,

Busca,

de um silêncio que grita profundo

no raso de nossa existência.

Mas é também desistência,

renúncia,

de tudo aquilo que nos conforma

a simples sobrevivência.

 

Criar a vida é  vaga vertigem,

desmaio de consciência

num corpo onde a aparência é essência

em movimento. 


O CORPO CONTRA O MUNDO

O abandono de si a experiência do corpo, expor-se ao risco do mundo, é um ato de coragem, uma quase rebelião diária, contra todas as formas de assujeitamento, a ação do tempo presente, sob nossa finitude e sensibilidade.
 
Criar, dizer e fazer o que não se espera, o que foge, o que materializa o riso, é expor-se, antecipar a própria morte, como forma de escapar a necessidade, ao imperativo da sobrevivência. Ser livre é escapar ao mundo Através dele mesmo. É ser e ao mesmo tempo não ser na consciência da própria fragilidade.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

PRECARIEDADE

 




Minha vida distante de onde existo

É quase lembrança do que já se foi.

Persigo motivos para sonhar o infinito.

Mas tudo que vejo alimenta meu grito.

Por isso tem dias que eu quase desisto.

Mas logo me lembro

que não tenho mais do que desistir...



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

PALAVRA E VIDA

As palavras nunca mudarão o mundo, pois o mundo são as palavras.
Viver é um dizer constante,
Um acontecer em palavras.
É preciso transdizer a vida....

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

PÓS DIÁLOGO

 


Na margem oposta do seu discurso

minha palavra aguarda

qualquer resposta.

Mas sei que nada que será dito

fará sentido.

Pois será signo, símbolo,

assignificante,

que transcende toda compreensão.

Dizer, quase sempre,

transcende a ilusão dialógica,

o ato da comunicação.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

EU, OUTRO E MUNDO

 

O mundo é o plano

dentro do qual existo

como corpo inscrito

nas palavras, nos atos

e estatísticas.


O olhar do outro

inventa meu rosto.

Mas quase não me enxerga.

Pois o outro é mundo

como eu sou o outro.


domingo, 3 de janeiro de 2021

A POESIA DAS ASAS DAS BORBOLETAS

Há mais poesia nas asas de uma borboleta do que nas palavras de um erudito.
Afinal, o saber é deserto, alheio a vida.
É preciso sentir a alma das coisas para encantar palavras
E ir além do sentido,
Da ilusão do verdadeiro e do falso.
Por isso, as vezes , é melhor esquecer os livros,
Ler as asas das borboletas
Até saber as paredes do infinito
E a realidade do impossível.