sexta-feira, 12 de junho de 2020

A FESTA DAS BORBOLETAS

Sou feito de borboletas.
Odeio formas fixas,
Verdades gastas,
Autoridades,
Vaidades e normas.

Meu lugar é o vento,
A agonia intensa de ser
Em múltiplos afetos,
De viver perpassado,
Ferido e buscando sentido
Do outro lado de mim.

Sou feito de borboletas em festa.


O HUMANO

O humano é uma miragem.
Uma ilusão entre o corpo,
A palavra e o silêncio.
Um efeito do tempo
E matéria de imaginação. 

O humano é nosso auto engano,
Nossa angústia,
Nossa prisão. 
É onde padece o corpo
No pesadelo da razão. 







terça-feira, 9 de junho de 2020

PASSADO & FUTURO

O passado que me inventa 
É  sempre outro,
Uma eterna busca,
Uma incerteza,
Dentro do meu futuro,
Que também é sempre  outro
No acaso dos dias,
No devir do mundo,
Onde escapo a mim mesmo
Acontecendo nos outros
Indiferente ao tempo.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

AMANHÃ

Amanhã o mundo será diferente
Contra as urgências do agora.
Outros dias virão, 
Outras angústias,
Outas lutas.
Mas será  ainda
A mesma busca,
Que não passa com os anos
E nos perseguiu pelos últimos  séculos.

Amanhã ainda teremos os pés no abismo
Nesta longa travessia para o além do humano.
Ainda será tempo de transvaloração de valores,
De vertigens contra a miragem de um mundo verdade.

Amanhã ainda seremos impossíveis.


domingo, 31 de maio de 2020

QUASE EXISTÊNCIA

Não sou eu quem existe.
A existência não  cabe na minha vida.
E o mundo segue indiferente,
Sem me saber nos dias.

A existência é  um acontecer coletivo
Que nos transborda a consciência.
É um ser mundo
Através  do quase nada de nós. 

Lá fora tudo acontece. 
Aqui dentro nada permanece.

Vivendo invento meu próprio esquecimento
Contra o dia do meu nascimento.

O TEMPO DO DIA

O tempo do dia já não é mais o tempo da vida.
É um tempo suspenso onde corre o interdito,
Onde o provisório, o ilegível,
Anunciam a finitude como horizonte de consciência. 
É um tempo sem progresso,
Um tempo de sombra e angústia,
Onde tudo é  incerto.
O dia guarda uma eternidade morta
No quase avesso da vida.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A MÁSCARA

A máscara inventa no rosto a peste ,
Apaga sorrisos,
Reinventa os olhos.

Os olhos expressam o mundo,
Um mundo triste, 
Absurdo,
Onde domina a peste. 

A máscara é um outro rosto....
Que vê outra realidade
Dentro do nosso grito silencioso.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

DIAS DE EMERGÊNCIA

Em dias de emergência
Tudo é urgente,
A vida grita contra o tempo.
A necessidade gira no relógio. 
Tudo é  precário em nossa vulnerabilidade.
E o mundo faz pouco sentido.
São dias de deserto
Na experiência do trágico. 

sábado, 16 de maio de 2020

O ALÉM DO HUMANO

Há algo de intenso
No limite da história,
Do significado do mundo,
No vazio da sociedade,
Na saturação dos discursos,
Que nos ensina a vertigem do agora.

É onde o humano desaparece
Como acontecimento moderno.
É onde se apresenta
Dentro de nós no fora do eu
A grandeza da natureza 
Na invenção do além do humano
Através da força de novos afetos. 

quinta-feira, 14 de maio de 2020

FIM DOS DIAS

Não há mais dias,
Apenas o inatual do agora,
O provisório e precário
Como desordem das coisas.

Não há mais dias,
Apenas a rotina da perplexidade, 
Do luto e das vulnerabilidades.

O que existe agora é o absurdo,
O susto e o vazio.

Em breve
Todos seremos outros,
Ressiclagem de nós mesmos
Em busca de tempo contra o próprio tempo. 

Não há mais dias. 
Todos os dias se foram.
Agora há outra coisa
Que não atende por qualquer nome.
Nós mesmos já  não somos mais
O ser de qualquer coisa,
Quase não somos humanos
No gritar primal do corpo
Em busca de tempo e espaço.