sábado, 24 de agosto de 2019

TRANSVALORAÇÕES PòS HISTÓRICAS


Precisamos calar o silêncio  coletivo,
Quebrar as rotinas que pedrificam os atos,
Romper com os fatos,
com o dizer  verdadeiro e abstrato dos intelectuais,
Para saber os afetos materalizados
No fazer pequeno
que progride  através da composição  dos corpos.

Precisamos falar e reinventar a liberdade,
Gritar nosso sentimento de vida
Na urgência breve das eternidades.

O impossível é  a matéria da imaginação
Que engendra  futuros no devir dos atos.

Precisamos começar  a existir,
cotidianamente,
Contra a Razão  é a História,

precisamos sentir a nós mesmos
com máxima intensidade.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

FLUIDEZ EXISTENCIAL




Meus defeitos são  virtudes.
Estou sempre incompleto, 
limitado e errático.

Cada momento me faz  esboço
Do que posso ser.
Mesmo que nunca chegue o dia de ser.
Mesmo que o ser seja outro
A cada segundo de acontecer.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

VIVER


A experiência do mundo é a consciência de si na existência das coisas. Não  há  fronteiras entre o  dentro e o fora de si mesmo. A consciência é  o mundo dentro de nós na urgência do agora. Viver é  estar entre as coisas. Existir é saber o que existe. A essência é aparência, superfície. Viver é ser o mundo em si mesmo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

DURAÇÃO, VIDA E CONSCIÊNCIA


A duração  de uma vida faz da consciência extensão, espaço existencial e concreto de ação.

O tempo é físico através das coisas. 

Existir é  movimento, é  corpo. 
Ele não é  a voz, mas o silêncio.

A consciência é  um efeito do corpo, 
da duração da vida no devir do instante.

O tempo é vazio. 
A história não existe. 
Eu não existo. 
Pois não  há  consciência de si que não seja experiência da duração do mundo ( fora de si).

A consciência é o efeito de tudo que me ultrapassa e o "eu" é a percepção da soma daquilo tudo que nos define o existente como uma soma que transborda o produto. 

domingo, 11 de agosto de 2019

ATRAVÉS DO SILÊNCIO



O que escapa ao dizer é  o que realmente importa... 
É por onde o possível foge da gente,
E  o eu se dissolve 
No riso de uma alegria morta.

Experiência e experimentação,
Linguagem curvada no corpo erguido...
Isto é o que somos
No jogo do dito e do comunicável.

Mas o essencial nunca é dito,
Não deixa lembrança.


Amo as coisas que desaparecem,
que povoam o esquecimento,
pois sei que tudo acaba em silêncio,
que nada persiste como memória.



A BUSCA DA PALAVRA INCERTA


Procuro a palavra incerta
Manifesta entre a letra e a voz.
Aquela que inventa silêncios,
Que cria e sente,
O tempo em movimento
Através  dos corpos.
A palavra que ri e grita,
Que se transforma,
Marcando o papel e a pele.
Quero a palavra dos analfabetos
É dos cegos,
Dos loucos e alucinados,
Que encontram qualquer forma de dizer
A existência  contra os fatos,
Discursos e convicções.
Procuro a palavra livre,
O vazio da linguagem,
E o abismo do significado.

sábado, 10 de agosto de 2019

CONTRA O HUMANISMO



Para Wittgenstein, em suas Investigações Filosóficas,  "no mundo , tudo é como é e acontece como acontece. Nele não há valor, e, se houvesse, o valor não teria valor."

Quando nos afastamos de uma leitura antropológica  da realidade e do mundo, deixamos de ser escravos de um sentimento moral e da ilusão  de qualquer forma de platonismo. Já  não  carecemos de tagarelísmos e opiniões. O efeito de verdade pretendido pelo enunciado não é  sustentado por um "dever-ser".

ESCREVER COMO FORMA DE CUIDADO DE SI

A abstração  tradicional é logocentrica, abstrata e consagrada a ordem da linguagem comedida. 

Sequestrada pela razão das gramáticas de mundo, ela apenas nos assujeita. Lhe falta qualquer compromisso maior com a vida crua e cotidiana,  com o corpo que a lavra.


Mas a margem dos academicismos,  a filosofia, a poesia e  a oralidade convergem, contra a economia dos discursos vigentes, para a escritura da carne, para um dizer que é cultivo, cuidado de si, ou expressão de uma ética ou simples modo de ser livre. 

Escrever é inventar-se... Cada um deve encontrar um padrão  de composição  de si pela palavra.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

NATUREZA



A grande VIRTUDE da natureza é  não  ter VIRTUDE. É  não  ter valor, não expor em seu ser significâncias.


A grande VIRTUDE da natureza é  não apresentar qualquer traço  de humanidade. É  ser livre de qualquer princípio ou premissa moral.  



A natureza é movimento que move, desejo materializado em infinitos arranjos, entrelaçamentos e encontros. Tudo nela é o fazer e refazer da presença compósita do orgânico e do inorgânico na confusão  de matéria e energia.

A natureza ignora o humano, sua necessidade de cosmos, sua agressão permanente, sua consciência ilusória que não tem lugar no universo. 

A natureza não sabe o tempo.
Tudo ignora,
na inconsciência de si mesma.