Internalizar o mundo e saber a existência através das coisas define a vida. A consciência é sempre um deslocamento, um modo de escapar a si mesmo através de cada gesto, de cada abstrato ato de pensamento. Quem sou eu é uma pergunta que não faz sentido. Não passo de um vazio que se inventa na fronteira incerta entre o eu e o mundo.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
A VIDA DO PENSAMENTO
Não cabem “invenções”
no plano do pensamento. As formulações apenas se propagam, se replicam. Possuem
um movimento próprio, uma intensidade, que lembra as ondas do mar. No plano do
pensamento a intuição, o sentimento e percepção das questões de uma época, definem a possibilidade de transcendência
de uma época anterior, estabelecem seus próprios limites e desafios.
domingo, 13 de janeiro de 2019
A AVENTURA DO PENSAMENTO
Vivemos presos à uma persona, a um nome próprio. É nosso lugar e nossa prisão. Evito usar o conceito de identidade. Nunca nos adequamos inteiramente aquilo que "somos", ao modo como nos vemos e somos vistos, ao nosso padrão de fala e questões vivências. Há sempre um outro inconformado dentro de nós mesmos, uma tendência ao além do dizível, dá verdade como experiência gramatical. É essa ruptura interna com nós mesmos, as metamorfoses de ser, que torna a existência uma aventura, uma busca constante. O pensamento sempre remete a uma errática aventura, ao deslocamento da fronteira de ser.
sábado, 12 de janeiro de 2019
A PATOLOGIA DA VERDADE
Ao longo de séculos a busca pela verdade e a razão se cristalizou no ocidente como a arche (princípio) do conhecimento. Está meta física da norma racional nos impôs o pensar através de modelos, de valores, através da recusa do mundo como imanência e diversidade. A razão se tornou sinônimo de controle gramatical da vida, uma aposta ingênua contra o caos. A unilateralidade da cultura ocidental é sua maior patologia. Somos socialmente incapazes de lidar com a vida como um acúmulo descontínuo de mudanças espontâneas.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
SABERES E PRISÕES
Saberes são como
prisões. Nos fazem ver, fazer e dizer, segundo significados que inventam mundos,
que estabelecem a normas e o erros. Dentro dos seus limites existe apenas o possível,
o exprimível. Tudo é previsível e classificável. Nada pode escapar. Mesmo que
os saberes não comunguem dos mesmos códigos, que se contradigam, sempre impõem uns aos outros o mesmo valor de verdade,
a mesma consensual mentira que sustenta o brilho do exercício da linguagem.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
O QUE NÃO PODE SER DITO
A
palavra porta uma urgência, uma vontade,
De dizer a vida
em toda sua intensidade.
Ela tem gosto de
impossível,
Guarda signos de
sonhos perdidos.
Quase
comunica...
Mas insiste
sempre de novo.
É
sempre outra....
Algo
sempre está por ser dito,
Algo
que sempre se cala,
que não encontra motivos,
e sempre retorna.
que não encontra motivos,
e sempre retorna.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
DO EU E DO MUNDO
O mundo, esta
vastidão que se inscreve no diverso,
Contem em
segredo todas as possibilidades de mim.
Mas não reconhece
este que sou,
Pois me sabe
outros no tempo e no espaço.
Confesso: tenho medo
do mundo.
Sei que sua
imprevisibilidade será um dia minha ruína.
Por outro lado,
não existe distancia que me permita fugir dele.
O mundo sempre
está onde sou.
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
O VALOR DA VIDA
Nas sociedades contemporâneas é cada vez mais difícil para o indivíduo reconhecer-se como sujeito da sua existência e não como o joguete de forças impessoais ou determinações exteriores a ele mesmo é totalmente fora do seu controle.
Afinal, o que pode para nós ainda tornar a vida um valor, um ato criativo? É no plano afetivo e do relacionamento com o outro que , mesmo com ceticismo, ainda buscamos algum vislumbre de autenticidade, de uma beleza de viver.
Mas não é suficiente. Nem para nós, nem para os outros. O que nos transforma ainda não tem nome.... É um apagar-se nas coisas vividas, uma compreensão sublime e estética de nossas experiências e ambientação em um dado tempo e espaço.
A descoberta e construção de um território existencial, comunicacional, onde o eu e o outro inventem o diverso, talvez seja nosso maior desafio no tempo presente.
LABIRINTO E VERTIGEM NA CONTEMPORÂNEIDADE
Na mitologia
grega o labirinto de Creta construído por Dédalo pala alojar o lendário Minotauro
parece ter estabelecido para nós o conceito de uma estrutura física formatada
por desenhos de encaixes desordenados, seja voltados para um centro ou para
varias saídas. Mas o aspecto que quero
ressaltar é que a imagem de labirinto esta mais associada a uma experiência espaço sensorial
de vertigem e desorientação do que propriamente a uma edificação prisional. Podemos
vincula-la a experiência do vagar sem rumo, tema que é muito mais amplo. Desta
forma, o gosto pela experiência labiríntica é presente tanto na arte quanto na narrativa
mítico religiosa de iniciação para caracterizar imagens mentais onde o indivíduo
é confrontado com algum tipo de estado de busca e desorientação. Por tal característica
a experiência de labirinto é sempre solitária.
Embora vinculado
tradicionalmente a busca por alguma experiência de verdade, o fato é que
podemos hoje vincular a imagem do labirinto a uma fuga da própria verdade. Tal
imagem pode representar no mundo contemporâneo a recusa das segmentações e
coletivismos que nos definem a vida comum. Ela pode dizer a condição dos loucos
e desajustados, convertendo-se em um símbolo de contra cultura.
NOTA SOBRE A DECADÊNCIA DA ARTE DA FOTOGRAFIA
A fotografia
pode ser considerada a mais descartável de todas as artes. A banalização do
olhar mecânico, a facilidade do registro digital, apagou qualquer vestígio de
dignidade desta arte relativamente recente e típica do século XX.
Interpretar a
realidade e inventar a vida através de
registros fotográficos tornou-se uma prática tão massificada, algo tão
banal no nosso cotidiano, que nosso olhar foi demasiadamente poluído pela
imagem como simulacro. As fotografias tornaram-se apenas poemas ruins e
impublicáveis.
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