Vivemos presos à uma persona, a um nome próprio. É nosso lugar e nossa prisão. Evito usar o conceito de identidade. Nunca nos adequamos inteiramente aquilo que "somos", ao modo como nos vemos e somos vistos, ao nosso padrão de fala e questões vivências. Há sempre um outro inconformado dentro de nós mesmos, uma tendência ao além do dizível, dá verdade como experiência gramatical. É essa ruptura interna com nós mesmos, as metamorfoses de ser, que torna a existência uma aventura, uma busca constante. O pensamento sempre remete a uma errática aventura, ao deslocamento da fronteira de ser.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
domingo, 13 de janeiro de 2019
sábado, 12 de janeiro de 2019
A PATOLOGIA DA VERDADE
Ao longo de séculos a busca pela verdade e a razão se cristalizou no ocidente como a arche (princípio) do conhecimento. Está meta física da norma racional nos impôs o pensar através de modelos, de valores, através da recusa do mundo como imanência e diversidade. A razão se tornou sinônimo de controle gramatical da vida, uma aposta ingênua contra o caos. A unilateralidade da cultura ocidental é sua maior patologia. Somos socialmente incapazes de lidar com a vida como um acúmulo descontínuo de mudanças espontâneas.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
SABERES E PRISÕES
Saberes são como
prisões. Nos fazem ver, fazer e dizer, segundo significados que inventam mundos,
que estabelecem a normas e o erros. Dentro dos seus limites existe apenas o possível,
o exprimível. Tudo é previsível e classificável. Nada pode escapar. Mesmo que
os saberes não comunguem dos mesmos códigos, que se contradigam, sempre impõem uns aos outros o mesmo valor de verdade,
a mesma consensual mentira que sustenta o brilho do exercício da linguagem.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
O QUE NÃO PODE SER DITO
A
palavra porta uma urgência, uma vontade,
De dizer a vida
em toda sua intensidade.
Ela tem gosto de
impossível,
Guarda signos de
sonhos perdidos.
Quase
comunica...
Mas insiste
sempre de novo.
É
sempre outra....
Algo
sempre está por ser dito,
Algo
que sempre se cala,
que não encontra motivos,
e sempre retorna.
que não encontra motivos,
e sempre retorna.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
DO EU E DO MUNDO
O mundo, esta
vastidão que se inscreve no diverso,
Contem em
segredo todas as possibilidades de mim.
Mas não reconhece
este que sou,
Pois me sabe
outros no tempo e no espaço.
Confesso: tenho medo
do mundo.
Sei que sua
imprevisibilidade será um dia minha ruína.
Por outro lado,
não existe distancia que me permita fugir dele.
O mundo sempre
está onde sou.
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
O VALOR DA VIDA
Nas sociedades contemporâneas é cada vez mais difícil para o indivíduo reconhecer-se como sujeito da sua existência e não como o joguete de forças impessoais ou determinações exteriores a ele mesmo é totalmente fora do seu controle.
Afinal, o que pode para nós ainda tornar a vida um valor, um ato criativo? É no plano afetivo e do relacionamento com o outro que , mesmo com ceticismo, ainda buscamos algum vislumbre de autenticidade, de uma beleza de viver.
Mas não é suficiente. Nem para nós, nem para os outros. O que nos transforma ainda não tem nome.... É um apagar-se nas coisas vividas, uma compreensão sublime e estética de nossas experiências e ambientação em um dado tempo e espaço.
A descoberta e construção de um território existencial, comunicacional, onde o eu e o outro inventem o diverso, talvez seja nosso maior desafio no tempo presente.
LABIRINTO E VERTIGEM NA CONTEMPORÂNEIDADE
Na mitologia
grega o labirinto de Creta construído por Dédalo pala alojar o lendário Minotauro
parece ter estabelecido para nós o conceito de uma estrutura física formatada
por desenhos de encaixes desordenados, seja voltados para um centro ou para
varias saídas. Mas o aspecto que quero
ressaltar é que a imagem de labirinto esta mais associada a uma experiência espaço sensorial
de vertigem e desorientação do que propriamente a uma edificação prisional. Podemos
vincula-la a experiência do vagar sem rumo, tema que é muito mais amplo. Desta
forma, o gosto pela experiência labiríntica é presente tanto na arte quanto na narrativa
mítico religiosa de iniciação para caracterizar imagens mentais onde o indivíduo
é confrontado com algum tipo de estado de busca e desorientação. Por tal característica
a experiência de labirinto é sempre solitária.
Embora vinculado
tradicionalmente a busca por alguma experiência de verdade, o fato é que
podemos hoje vincular a imagem do labirinto a uma fuga da própria verdade. Tal
imagem pode representar no mundo contemporâneo a recusa das segmentações e
coletivismos que nos definem a vida comum. Ela pode dizer a condição dos loucos
e desajustados, convertendo-se em um símbolo de contra cultura.
NOTA SOBRE A DECADÊNCIA DA ARTE DA FOTOGRAFIA
A fotografia
pode ser considerada a mais descartável de todas as artes. A banalização do
olhar mecânico, a facilidade do registro digital, apagou qualquer vestígio de
dignidade desta arte relativamente recente e típica do século XX.
Interpretar a
realidade e inventar a vida através de
registros fotográficos tornou-se uma prática tão massificada, algo tão
banal no nosso cotidiano, que nosso olhar foi demasiadamente poluído pela
imagem como simulacro. As fotografias tornaram-se apenas poemas ruins e
impublicáveis.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
SOBRE PENSAR
Produzir pensamento é criar subjetividade. É um acontecimento coletivo,múltiplo, que tem o ritmo variado de uma canção.
Pensar é também sentir, é natureza. É estar presente na paisagem que para nós se reduz a experiência de mundo.
O que somos nós além disso?
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
CONTRA A LITERATURA
Não estamos em busca de respostas, de certezas novas e conformismos gramaticais.
Buscamos no nada do ser da linguagem o povoado vazio de nossas imaginações.
Não é o dizer que nos liberta, mas a geografia virgem que ele revela na alienação das palavras.
Estamos em busca de novas perguntas contra todas as nossas certezas. Isso é o que foi a literatura. Isto é o que se tornou a anti literatura.... e tem gosto de Blanchot e Foucault....
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