O ego é como uma bela e
movimentada cidade circundada por densa vegetação e uma praia. A topografia
existencial sempre pressupõe natureza e
cultura como opostos complementares. È assim que afetos semeiam os jardins da
imanência. Mas o que há de mais interessante nesta paisagem viva são as vias
abertas em todas as direções formando um confuso labirinto através do qual todos os cantos são interligados. É ele quem
mantem pulsante o eco sistema.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
OLHAR ESTRANGEIRO
Há tantas versões
de mim mesmo atravessando o tempo naquele que sou através da composição do
olhar estrangeiro, que não arrisco qualquer autodefinição. Existo nesta miragem
que se apresenta como representação, que nasce da alteridade, do encontro do eu
e do outro, mas que não esgota ou define aquele que sou.
Sou apenas um
viajante, um naufrago. Nunca importa onde estou, nem guardo a meta de qualquer possível destino. Tudo
é aleatório e provisório, como o próprio olhar do outro que me define.
O QUE É FOUCAULT?
Afinal, o que é
Foucault? Penso que já não nos é possível falar de um individuo historicamente
determinado, muito menos de uma obra, livros ou da persona de um determinado
autor.
Como sugeriu
Deleuze, Foucault se apresenta agora como uma caixa de ferramentas, uma multidão
ou, simplesmente, utilizando um de seus conceitos, como um intercessor. Foucault
é também um acontecimento e um devir. Ele é o intempestivo, uma provocação que
nos atravessa no tempo presente como um relâmpago.
O que nos afeta
e agencia é um “dispositivo Foucault”, algo que o ultrapassa como corpo sujeito
e como teoria, estabelecendo disibilidades e visibilidades na produção de
subjetividades.
Pensar e fazer
Foucault, utiliza-lo como caixa de ferramentas, é evitar intimidades e
fidelidades, é buscar técnicas de cuidado de si, a marginalidade de uma escrita
delinquente e descontinua que sempre desafia os limites do tempo presente.
Mas é claro que
o “dispositivo Foucault” possui também suas estratificações e homogeneidades totalizantes,
suas lógicas de arquivo, suas especificidades ético políticas, mesmo que
predomine suas configurações heterotópicas na produção de contra estratégias de
saber poder a partir de uma ética do cuidado.
De modo geral
Foucault é uma inquietação, um modo de não ser sempre o mesmo, buscando sempre
a dobra do mundo, as vertigens de pensamento, a exterioridade da linguagem. É
questionar-se sobre o que ainda pode ser a filosofia depois de Kant, sobre o
que estamos nos tornando. Abrigar-se sob seus Ditos & Escritos é sempre
pensar a vida como obra de arte.
domingo, 14 de outubro de 2018
SOBRE ESCREVER
Escrever para mim é um exercício delicado de subjetivação, é uma forma de cuidado, uma estratégia de individuação.
Em tudo aquilo que escrevo, escuto um outro. Talvez esta seja essencialmente a função da linguagem: inventar o não lugar de si mesmo, produzir um estranhamento, que transcende toda comunicação.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
IMANÊNCIA
Escolher como
viver é um privilégio,
Um excesso,
Um quase transbordamento.
É encontrar as
palavras que faltam
Para inventar um
sentimento,
Para dar forma a
um afeto,
Que atravessa a consciência.
Assim se define o
corpo como lugar de ser,
Como processo ou
movimento da múltipla composição de um querer.
O corpo afetado torna-se
imagem e experiência de uma opção que nos escolhe.
Mas o que define
quem somos é o ato de viver a deriva
Como composição
de multiplicidades,
De interioridades
e exterioriedades famintas.
Tudo se encontra
e se desencontra na imanência dos acontecimentos.
sexta-feira, 5 de outubro de 2018
SINGULARIDADE
Todos os dias o mesmo corpo,
O mesmo rosto,
E, ao mesmo tempo,
Sou sempre outro
Através dos outros.
A vida se produz através de
relacionamentos.
Somos uns e outros,
Ninguém e todos.
Somos em singularidades
A metafisica de uma espécie.
quinta-feira, 4 de outubro de 2018
UM ACONTECIMENTO
Pode ser que
aconteça amanhã.
Ou depois de
amanhã.
Pode ser também
que nunca aconteça.
Mas se foi
desejado já, de alguma maneira,
Um acontecimento.
Algo que age,
que existe,
Dentro de mim.
NOVOS HISTORIADORES
Segue a vida sem
qualquer script.
Mas tudo se
improvisa de modo pré estabelecido.
Nossos atos e
pensamentos estão circunscritos ao previsível.
Nos limitamos ao
sempre possível.
Como poderíamos conceber
outra forma de existir?
O mundo é o que é
desde quando assim nos ensinaram.
Ser e saber é o que nos resta apenas onde tudo já está
dado.
Somos os
inventores do passado,
Os inovadores
das tradições.
quarta-feira, 3 de outubro de 2018
INTUIÇÃO E DISTRAÇÃO: UM COMENTÁRIO SOBRE BERGSON
“(...) a inteligência e o instinto acham-se voltados em dois sentidos
opostos, aquela para a matéria inerte, este para a vida. (...) a inteligência
permanece o núvleo luminoso em torno do qual o instinto, mesmo alargado e
depurado como intuição, constitui apenas uma vaga nebulosidade. Mas, na ausência
do conhecimento propriamente dito, reservado à pura inteligência, a intuição
poderá fazer-nos apreender aquilo para que os dados da inteligência são aqui insuficientes
e deixar-nos entrever o meio de os completar.”
Henri Bergson
Para Bergson, a intuição é um
caminho ou um método que nos permite apreender a mudança dentro da duração que é
a própria vida. O passado engloba o presente e o futuro, é algo continuo como
uma corrente fluida. A memória é essencialmente duração e a realidade movente só
pode ser apreendida pela intuição em sua totalidade e gratuidade.
Desta forma, a metafisica não
esta no âmbito da inteligência ou do conhecimento cientifico, pois não busca a
construção platônica de objetos limitados pela analise, busca apreender a
realidade como movimento e duração. Para tanto é preciso distrair-se das
coisas. O real, afinal, é um dado imediato para o qual criamos conceitos. O
conhecimento é um ato de criação, premissa que encontraremos também na obra de
Deleuze. Distrair-se das coisas é lidar diretamente com a realidade.
terça-feira, 2 de outubro de 2018
O MUNDO AINDA EXISTE?
Acho que o que realmente perdemos
foi à experiência de viver em um mundo comum, em um cosmos regido pelo sentido, como um
ecossistema legível, como um grande texto vivo onde sabíamos exatamente a linha
em que estávamos.
Foi justamente este sentimento de
um entendimento que a todos perpassa e
associa em um único acontecimento mudo e intenso, o que se perdeu para todos nós. Agora vivemos do medo do outro, dos acidentes
naturais e das incertezas do dia a dia mais rasteiro.
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