“(...) a inteligência e o instinto acham-se voltados em dois sentidos
opostos, aquela para a matéria inerte, este para a vida. (...) a inteligência
permanece o núvleo luminoso em torno do qual o instinto, mesmo alargado e
depurado como intuição, constitui apenas uma vaga nebulosidade. Mas, na ausência
do conhecimento propriamente dito, reservado à pura inteligência, a intuição
poderá fazer-nos apreender aquilo para que os dados da inteligência são aqui insuficientes
e deixar-nos entrever o meio de os completar.”
Henri Bergson
Para Bergson, a intuição é um
caminho ou um método que nos permite apreender a mudança dentro da duração que é
a própria vida. O passado engloba o presente e o futuro, é algo continuo como
uma corrente fluida. A memória é essencialmente duração e a realidade movente só
pode ser apreendida pela intuição em sua totalidade e gratuidade.
Desta forma, a metafisica não
esta no âmbito da inteligência ou do conhecimento cientifico, pois não busca a
construção platônica de objetos limitados pela analise, busca apreender a
realidade como movimento e duração. Para tanto é preciso distrair-se das
coisas. O real, afinal, é um dado imediato para o qual criamos conceitos. O
conhecimento é um ato de criação, premissa que encontraremos também na obra de
Deleuze. Distrair-se das coisas é lidar diretamente com a realidade.