Aprendi com os sofistas que a
verdade é apenas uma intenção discursiva, uma pretensão de nossos enunciados. O
ser é um efeito do dizer; a pedra só é pedra quando assim a reconheço através
da palavra pedra. Mas as palavras, em seu significar das coisas, apenas nos
oferecem a experiência do devir, uma estruturação do silêncio. A vida é um
simulacro onde nos inventamos no fluxo de signos e símbolos. Eis o nosso modo
natural de perceber a realidade como um artifício estruturante da própria
consciência.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
MUSICA E PENSAMENTO
Não penso meus pensamentos.
Apenas os escuto
Como uma musica
Que me anima o corpo
Enquanto o mundo
Inventa silêncios
Me apartando dos outros.
Cada ideia tem seu ritmo,
Seu timbre e seu silêncio.
Mas somos todos
Péssimos músicos....
POR UMA VIDA NÃO FACISTA, PELA VIDA COMO OBRA DE ARTE!
É preciso libertar toda ação política
de toda forma de paranoia e fórmulas totalizantes, ligar o desejo à realidade,
apostando no múltiplo, na diferença, nos fluxos, nos agenciamentos móveis em
relação aos sistemas.
Tudo que é produtivo é nômade e não
sedentário, assim como o pensamento não confere a prática política qualquer
valor de verdade. O indivíduo, por sua vez, é produto do poder, sendo inútil a
afirmação de direitos, tal como tradicionalmente preconizado pela filosofia. É
preciso desinvidualizar o individuo através da diversidade dos agenciamentos
que tornam o grupo uma instância de
multiplicação e deslocamentos. É preciso tornar a própria vida uma obra
de arte contra as artimanhas e seduções do poder politico, contra toda estilística
fascista e constrangimentos institucionais. A liberdade é sempre movimento informe
e incerto a ser construído como prática cotidiana de si mesmo e dos outros.
Quando Foucault, no paradigmático
prefácio que fez a edição americana do Anti-Édipo, de Deleuze e Gatarri, nos
convida a tomar esta obra, hoje clássica e essencial, como um tratado sobre ética,
como uma crítica aos fascismos cotidianos e contemporâneos, ele também nos provoca
a pensar a politica como estilo de vida e busca por novas técnicas de existência.
Assim, a política se coloca como uma linha de fuga em relação ao jogo do poder,
como a construção de uma estética ou cuidado de si. Nada mais atual em tempos
em que a ação politica foi deteriorada pela afirmação vazia e normativa das
ideologias.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
A ARTE DE PENSAR
O pensamento não pode nos
defender da instabilidade da existência ou da finitude. Ele não é uma resposta à
vida e muito menos a solução para qualquer problema prático ou existencial. O
pensamento é mais uma espécie de passa tempo, de jogo, onde inventamos subjetividades,
onde criamos a nós mesmos como enunciados.
Existe uma distancia entre falar
e pensar que é definida pelo modo como damos formas aos enunciados. A oralidade
é mais teleológica do que a escrita, pois se encontra prisioneira do
superficial da comunicação. Já o pensar encontra corpo na escrita, cuja
construção não sofre pressão imediata de um destinatário da mensagem. Nem mesmo
o pressupõe, pois se dobra sobre si mesma. Ou seja, o texto busca o próprio
texto.
Pensar não é mais do que isso, inventar
e costurar enunciados como quem uma tapeçaria. Os conceitos lhe proporcionam
estampas, detalhes e lhe organizam. Mas tal atividade não possui qualquer outro
fim que não seja ela mesma.
DÚVIDA
Talvez eu não seja
Inteiramente aquele que digo,
Ou que pensa,
Ou que sente,
Deseja e representa.
Talvez eu seja
O outro e a sombra.
A única conclusão
É o vazio.
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
MAQUINAS DE GUERRA E PENSAMENTO NÔMADE
A virtualidade imanente da forma
estado na filosofia de Deleuze e Gattari, inspirando-se na noção de guerra
primitiva da etnologia de Pierre Clastres, nos oferece o conceito de maquina de
guerra nos provocando com
desconcertantes estratégias de pensamento
e ação politica.
A maquina de guerra, em suas linhas
de fuga, em seu nomadismo, representa a
recusa da forma-estado e mesmo da identidade como principio de oposição. A
maquina de guerra é devir, não tem a guerra como seu objetivo. Quando aqui me
refiro a “linhas de fuga” me reporto a uma “vitalidade não orgânica”.
Em Deleuze , filosofia critica é
ontologia, um lugar entre um devirmesmo e um devir- outro que já não reivindica
o ser ou o acontecimento em seu sentido fenomenológico. Filosofia é, neste sentido,
desterritorização na geografia de um novo campo de experiências definido por
agenciamentos e devir. Filosofia é imanência.... A própria filosofia é um
agenciamento.
A noção de maquinas de guerra
propõem uma exterioridade em relação ao Estado, mesmo que passiveis de captura.
Tal noção expõe uma tensão e um conflito constante entre o nômade do social e o
sedentário normativo e hierárquico do Estado. A exteriorização que se busca na
fuga é atingir o ponto em que o controle
já não disciplina os corpos. É preciso escapar a todas as estratégias de
assujeitamento.
DEFINIÇÃO DE MUNDO
O mundo é puro e absurdo devir de
micro realidades justapostas. Não funcionamos como um organismo, mas como uma
massa densa e informe. O mundo, enquanto totalidade é simples abstração, ilusão
cognitiva. Ele é aquilo que me informa enquanto individuo, enquanto apêndice de
enunciados, signos e símbolos. O mundo é a abstração que nos define.
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
CÉTICO
Minha voz é pequena.
Quase não me escutam.
Minhas palavras não servem
Aos meus desconhecidos
E nem impressionam meus amigos.
Tenho, aliais, muito pouco a
dizer
Entre tantos e tantos discursos
Que nos estraga a vida.
Definho no meu silêncio
E na minha essencial descrença
Na força de todos os enunciados.
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
POEMA PÓS ESTRUTURARISTA
Entre o ato e o fato
Habita o desejo,
Este abstrato e cego impulso,
Este absurdo impulso
Em direção a um objeto
Que só existe no querer
E nunca se define inteiramente
Como coisa.
Afinal, entre o ato e o fato
Não existe sujeito.
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