terça-feira, 19 de setembro de 2017

A ARTE DE PENSAR

O pensamento não pode nos defender da instabilidade da existência ou da finitude. Ele não é uma resposta à vida e muito menos a solução para qualquer problema prático ou existencial. O pensamento é mais uma espécie de passa tempo, de jogo, onde inventamos subjetividades, onde criamos a nós mesmos como enunciados.

Existe uma distancia entre falar e pensar que é definida pelo modo como damos formas aos enunciados. A oralidade é mais teleológica do que a escrita, pois se encontra prisioneira do superficial da comunicação. Já o pensar encontra corpo na escrita, cuja construção não sofre pressão imediata de um destinatário da mensagem. Nem mesmo o pressupõe, pois se dobra sobre si mesma. Ou seja, o texto busca o próprio texto.

Pensar não é mais do que isso, inventar e costurar enunciados como quem uma tapeçaria. Os conceitos lhe proporcionam estampas, detalhes e lhe organizam. Mas tal atividade não possui qualquer outro fim que não seja ela mesma.


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