O pensamento não pode nos
defender da instabilidade da existência ou da finitude. Ele não é uma resposta à
vida e muito menos a solução para qualquer problema prático ou existencial. O
pensamento é mais uma espécie de passa tempo, de jogo, onde inventamos subjetividades,
onde criamos a nós mesmos como enunciados.
Existe uma distancia entre falar
e pensar que é definida pelo modo como damos formas aos enunciados. A oralidade
é mais teleológica do que a escrita, pois se encontra prisioneira do
superficial da comunicação. Já o pensar encontra corpo na escrita, cuja
construção não sofre pressão imediata de um destinatário da mensagem. Nem mesmo
o pressupõe, pois se dobra sobre si mesma. Ou seja, o texto busca o próprio
texto.
Pensar não é mais do que isso, inventar
e costurar enunciados como quem uma tapeçaria. Os conceitos lhe proporcionam
estampas, detalhes e lhe organizam. Mas tal atividade não possui qualquer outro
fim que não seja ela mesma.