O cuidado de si, tal como entende
o último Foucault, é um ética baseada no voltar-se para si mesmo, para o mundo
e para o outro, estabelecendo uma estética da própria existência. Trata-se de
um conceito que remonta a antiguidade grega. Como afirma Foucault em Hermenêutica
do Sujeito, o cuidado de si é uma relação “singular, transcendente, do sujeito
em relação ao que o rodeia, aos objetos que dispõe, como também aos outros com
os quais se relaciona, ao seu próprio corpo e, enfim, a ele mesmo”.
O sujeito emerge, assim, como
produto objetivo dos sistemas de saber e poder, como uma trama genealógica de
subjetivação, onde poder é tanto poder sobre si mesmo quanto sobre outrem, mas
onde a sujeição é transcendida pela subjetivação ética, pela construção de uma “ética
do eu” em termos modernos. Falo da construção de formas de resistência as
sujeições impostas pelas racionalidades modernas.