segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NIILISMO

Não sei mais o significado do mundo,
a importância das coisas e experiências.
Do que me vale todo conhecimento,
meu mais profundo entendimento?
Já não habita minha palavra
os convencionais sentidos das coisas.
Nem mesmo moro em meu rosto
e desconheço o corpo
de minha existência.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

ADEUS A TOTALIDADE

A totalidade escapa a percepção, não passa de uma abstração que nos permite lidar com a ilusão de que podemos dizer o mundo com certa “objetividade”. A ideia de uma verdade que extrapola nossas narrativas é o maior equivoco do entendimento das coisas em suas diversas variações cientificas ou não.

Chegamos a um ponto em que o inteligível deixou de ser um porto seguro ao conhecimento. Mesmo que seja, até o momento, ainda o único porto possível. É preciso romper com a ilusão de que nosso dizer o mundo da conta do próprio mundo. O que fazemos ao construir entendimento e conhecimento não passa de teleologia.


PALAVRAS

As palavras seguem seu próprio curso
apesar de mim.
Procuram umas as outras
tecendo significados,
inventando a vida
que quase não vive
em meus atos.

Não procurem entender
meus silêncios.
Não me procurem
em meus textos.

Pois não estou em parte alguma
de qualquer enunciado
que me contem.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

VIDA E DIALÉTICA


Minha maneira de viver pode dizer alguma coisa sobre aquilo que me tornei através dos anos  em minha experiência do mundo. Mas não revela muito sobre quem sou em consciência e experiência estética das coisas vividas.

Um indivíduo se torna si mesmo através do olhar do outro. Mas quem é capaz de perceber uma outra pessoa em todas as suas nuanças  e descontinuidade de atos e pensamentos? Se quer somos capazes  de explorar nosso próprio rosto e perceber além de nossos desejos infantis e vaidades, aquela confusão intima de contradições que nos faz por dentro e pelo avesso de tudo aquilo que somos sem saber.


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

RASCUNHO EXISTENCIAL

Tudo que sei é que o mundo se define como tal, através de nossos hiatos de identidade coletiva. Em contra partida, a individualidade é um transbordar de si mesmo. Algo que não cabe em qualquer ciência, em todos os sentidos do caos pessoal de nossa simples existência.

Pouco significamos...


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

HUMANIDADE

Minha humanidade não está dada.
É uma construção cotidiana,
uma fantasia,
cuja realidade se estabelece
através dos outros.
Sou em tudo aquilo que compartilho.
Estou onde praticamente não existo
como indivíduo.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

VIDA

A vida é interpretação,
um quase,
um talvez...
Um nunca.
Algo mais que a realidade,
uma indecisão permanente.
Um fato sem solução.
.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O CÉU QUE SE FOI

Aquele céu azul
que nunca me viu
e hoje descansa em paz
naquela  fotografia antiga
escapa a memória.
Pois todos que o souberam
já estão mortos.
Nenhuma palavra ou lembrança
lhe atesta a existência.
Nem mesmo o céu de hoje
lhe faz referência.
Quanto a fotografia...

Ninguém mais sabe dela.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A PALAVRA IMPOSSÍVEL

Queria inventar uma palavra
para as ocasiões de silêncio
e tédio,
para quando não temos
grandes vontades,
e só queremos  fugir de tudo,
dormir a sombra das ilusões
e dar de comer as imaginações.
Mas é inútil...

Não cabem palavras no tédio.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

DEVIR

Meus atos são impacientes,
minhas vontades nervosas
e minhas conquistas incertas.
Tudo em mim é provisório,
duvidoso e torto.
Quando quase me faço
de um jeito
me desfaço em busca
de um outro.
Não tenho definições,
nunca me termino o rosto.
sou sempre apenas

um momento fugaz de mim mesmo.