Tenho desejos simples e banais como todo mundo... Mas isso
não é tudo.
Somos seres relacionais. A própria identidade pessoal é uma
rede de relacionamentos entre imagens que nos configuram o real e tornam possível
uma auto imagem que, por mais intima que nos pareça, não passa de uma
construção social.
Mas o modo como tecemos significados é uma equação singular
que nos faz únicos.
Não que isso signifique muita coisa diante das infinitas
possibilidades do se fazer indivíduo.
Estou aqui a devagar sobre minha própria condição humana no
singular e, admito, não encontro qualquer resposta satisfatória para o dizer de
minha finitude.
As vezes penso que sou apenas um insignificante acidente no
universo. Algo sem qualquer consequência e destinado a simplesmente desaparecer
com a mesma banalidade com que me tornei possível um dia.
Penso em todos os não nascidos. Das possibilidades perdidas
de pessoas que nunca aconteceram e que, no entanto, não fazem a mínima diferença,
não são “uma ausência”. O mundo não mudaria se eles tivessem sido possíveis.
Não pretendo chegar a lugar algum com esta prosa solta e
rala de sentido.
A questão aqui é elementar: a existência humana não é uma
questão de valor. É apenas um acontecer
sem qualquer sentido e, qualquer leitura que fizermos disso, deve fugir a vaidade natural de nos colocarmos
como algo valioso na face da terra.
A humanidade não é grande coisa. Aceite isso e seja aquilo
que te cabe ser.