Sei que cada pessoa carrega em
sua consciência um passado pessoal e incomunicável.
Não importa quantas
autobiografias escreva, suas memórias
pessoais, o modo como lembra sua própria existência no tempo, é algo que
morrerá com ela.
É esta intima capacidade de
lembrar e construir imagens sobre o
nosso próprio passado que nos confere uma identidade única e subjetiva.
Apesar de suas premissas sociais
e culturais, a experiência singular de
existir, pressupõe uma configuração única de consciência. Um fenômeno
irracional através do qual construímos significados e estabelecemos
referências a partir de nossa simples sensibilidade cotidiana.
Um determinado indivíduo pode,
evidentemente compartilhar experiências, mas cada um terá o seu próprio modo de
conta-las, de arruma-las em sua própria equação pessoal. Mas a caoticidade
desta pluralidade de possibilidades possíveis de individualmente codificar o
real dificilmente será algum dia objeto
de qualquer ciência. Mas é esta singularidade de consciência de si e do mundo
que faz de cada indivíduo um mundo complexo apenas em si mesmo.