segunda-feira, 1 de junho de 2015

A DECADÊNCIA DO DIÁLOGO

“Na sala, enquanto falo, paira como uma sombra ectoplasmática a neblina da incompreensão que emana dos cérebros presentes, como o bafo da respiração das vacas no frio da madrugada. Hálito cerebral bem espesso e onde as palavras abrem um caminho  a fórceps em direção ao paradoxo.”

JEAN BAUDILLARD in COOL MEMORIES III

As pessoas estão perdendo a capacidade de conversar. Pelo menos tal como se entendia até agora a dialética de uma boa prosa. Não se trata mais de trocar argumentações, encadear raciocínios. Mas apenas de dizer o superficial do pensamento sem o filtro de qualquer reflexão.
O que norteia uma conversa hoje em dia é a compulsiva necessidade de falar de si mesmo, de cativar o interlocutor com uma performance eficiente e egocêntrica. Estamos tão saturados de informação que somos incapazes de dizer algo realmente autêntico, usar as palavras para compartilhar  impressões reais sobre a realidade. Os diálogos tornaram-se ocos e pragmáticos.

Apenas conversamos porque somos incapazes de conviver com o silêncio. Mas atualmente nada que possa ser dito é capaz de substitui-lo ...

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