segunda-feira, 1 de junho de 2015

A EXPERIÊNCIA ATÉIA

A experiência ateia , em todas as suas formas de expressão, afirma a liberdade como princípio a partir de uma representação do universo onde não cabe  o dogma da ideia de uma ordem universal objetiva que torne a realidade inteligível.

Trata-se de um posicionar-se diante do mundo a partir da premissa de uma autonomia pessoal de pensar e representar as mais variadas questões da vida sem o peso de dogmatismo e meta narrativas impessoais.

O ateísmo pressupõe a experiência direta da reflexão critica, o cotidiano questionamento de nossos cotidianos lugares comuns.


CADA INDIVÍDUO É UM MUNDO

Sei que cada pessoa carrega em sua consciência um passado pessoal e incomunicável.

Não importa quantas autobiografias escreva, suas memórias  pessoais, o modo como lembra sua própria existência no tempo, é algo que morrerá com ela.

É esta intima capacidade de lembrar e  construir imagens sobre o nosso próprio passado que nos confere uma identidade única e subjetiva.

Apesar de suas premissas sociais e culturais, a experiência  singular de existir, pressupõe uma configuração única de consciência. Um fenômeno irracional através do qual construímos significados e estabelecemos referências a partir de nossa simples sensibilidade cotidiana.

Um determinado indivíduo pode, evidentemente compartilhar experiências, mas cada um terá o seu próprio modo de conta-las, de arruma-las em sua própria equação pessoal. Mas a caoticidade desta pluralidade de possibilidades possíveis de individualmente codificar o real  dificilmente será algum dia objeto de qualquer ciência. Mas é esta singularidade de consciência de si e do mundo que faz de cada indivíduo um mundo complexo apenas em si mesmo.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

RADICAL INDIVIDUALISMO

Não quero estar em comunhão com o mundo.
Me recuso a viver como todos.
De uma vez por todas,
Entendam,
Sou único
E abito apenas
Em meu próprio mundo.
Não insistam.
Mantenham distância.
Eu sou único.
Não me curvo aos outros.


terça-feira, 26 de maio de 2015

POR UMA VIDA AUTÊNTICA

Tenho errado em viver de acordo unicamente com minha consciência.

Pouco me importam os modismos, as ideologias, valores hegemônicos ou, simplesmente, como sou visto pelos outros.
Não me curvo ao olhar do outro, as necessidades corriqueiras do traquejo social.

Não perco meu tempo cultivando boa aparência ou opiniões de maioria.

Tenho o defeito de ser franco, demasiadamente franco.

Estou preocupado com meus monólogos e nada espero dos diálogos que estabeleço com quem quer que seja. Entre eu e o outro sempre haverá um abstrato e fatal abismo.


Preocupo-me apenas, portanto, em  manter um precário e difícil equilíbrio entre as múltiplas tendências e possibilidades do somatório de tudo aquilo que sou.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

FRUSTRAÇÃO

Estava vazio e sozinho
Em meio ao arrependimento
De ser eu mesmo.
Escutava os ecos de antigos erros
Entre as saudades de perdidas felicidades.

Colhia o nada e o absurdo de me perder no tempo
E desesperadamente querer o improvável,
O inacessível,
Contra o  inútil dos meus atos.

A alegria e a felicidade riam de mim
Nos cumes do impossível.


REALIDADE

Vivemos todos à sombra de nós mesmos,
Afundados em nossas questões pessoais
E atormentados por nossas interrogações sociais.

Vivemos todos a beira de abismos,
Flertando com o vazio,
Nos equilibrando precariamente

Entre o absurdo e o sentido.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

FALSAS ESPERANÇAS

Era apenas mais um dia.
Pura rotina e pouco sentido
Guiavam meus atos
Entre as horas
Que nos conduziam a noite.

Eu já não estava,
Eu já não era,
No enfadonho dos fatos.
Toda minha vida
Não passava de uma  quimera.

Mesmo assim eu esperava,
Em qualquer torto dia,
Uma boa novidade.
Um futuro que me adiava o encontro
E me impedia o beijo

De uma bela novidade.

ANONIMATO

Inacabados e incertos
São todos os meus atos.
Estou sempre em esboço,
Provisório
E alheio ás identidades
E definições.

Sou feito de incertezas,
Incoerências
E algumas frustrações.
Tenho tendências ao silêncio,
A inercias.

Talvez nunca me torne
Quem quer que seja.


FILOSOFIA DA DOR

Todas as dores nos ensinam uma falta,
Uma necessidade frustrada,
Que nos devora expectativas
E vontades
Através do fato amargo
De uma impossibilidade.

Todas as dores nos reduzem
A elementar banalidade que somos
Sem as ilusões de um ego.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

MOTIVAÇÃO E ROTINA

Nunca foi tão difícil ter motivação para cumprir o enfadonho ritual dos afazeres cotidianos.

Hoje acreditamos menos no significado e valor dos nossos atos.
Também nossas vidas já não são mais tão ingenuamente preenchidas pelos inspiradores sentimentos de amor aos outros e pela pseudo convicção de que exercemos  um bom papel na sociedade.

Admitimos sem pudor o enfado de tudo, o quanto estamos vazios e sozinhos diante do mero e civilizado esforço inútil de assegurar diariamente a mera sobrevivência.

O mundo, como nunca antes, não nos inspira grandes feitos... Mas ainda não nos bastamos. O que se tornou um assustador dilema.