segunda-feira, 2 de março de 2015

A IDEIA DE DEUS E A REALIDADE

Sempre me pareceu incoerente a imaginação de um deus criador por traz de toda a suposta trama do mundo. É como pressupor algo exterior as coisas e situações, um significado que vem de fora da realidade vivida e percebida. Esta exteriorização do significado das coisas, para além das próprias coisas, me parece totalmente absurda. É como dizer que uma pedra não é uma pedra, mas algo que esta fora dela em alguma espécie de não lugar. Não percebo nada fora de mim que me defina alguma espécie de essência invisível. Isso não é um dado da realidade, mas um delírio inconsequente.

Em outras palavras, um dos grandes problemas da ideia de um deus criador é que ela diminui nosso sentimento concreto de real, nossa consciência imanente das coisas através da hipótese irracional de uma transcendência inverificável. Nenhum religioso conseguiu me convencer da pertinência da ideia de deus porque ela extrapola a realidade como princípio. A “realidade” deste deus estaria além de tudo o que entendemos por realidade, mas  também não é verificável, não possui evidencias ou se quer indícios.Trata-se apenas de uma ideia antiga e infantil da humanidade que se preserva entre aqueles que não são capazes de assumir a realidade como principio de sua própria consciência.


sábado, 28 de fevereiro de 2015

TEMPO PERDIDO

Guardo dentro de mim alguns futuros abortados,
Alguns passados mortos
E um presente em agonia,
Reinventando o tempo e o espaço
Sem linealidade,
Como uma espiral que me consome,
Que me desfaz no desespero

De novidades, de intensidades....

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

ENTRE O MUNDO E EU

Entre o mudo e eu
Existe o hiato de cada pessoa,
De cada gesto,
E o incomunicável
Que se rebela contra as palavras.
Entre o mundo e eu

Existe um silêncio...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

REAPRENDENDO O PASSADO


Tenho o passado nos olhos
E já quase não vejo
O dia lá fora.
O tempo desfaz meu corpo,
Me refaz em memórias.

Tenho diante de mim
Todo um passado aberto
Enquanto desapareço

Do futuro. 

DEVIR

Sempre desmorona sobre nós o deslumbrante,
Sempre transborda e se perde
O que nos parece urgente e permanente.
Pois tudo nessa vida é perene
E independe dos caprichos de nossa vontade,
Tudo muda e desaparece

Para que a vida continue sendo....

INDIFERENÇA

Eu não tenho qualquer motivo para me sentir feliz.
Detesto essa cretina falsa filosofia do senso comum que tenta nos impor a felicidade a qualquer custo. Não é importante ser feliz, vencer na vida e outras idiotices.

Continuar respirando é meu único objetivo. E sei que uma hora isso vai parar de acontecer independente da minha vontade ou afinco.

Não procuro propósitos para maquiar a vida. Viver é apenas este tédio do dia a dia que não nos leva a coisa alguma.
Absolutamente não estou interessado no engodo de qualquer felicidade.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A VIDA

Talvez em alguma parte
Da curta estrada da existência
A vida ainda me aguarde
De braços abertos.

Não penso em futuros.
Sei  que futuros
Não existem.
Falo apenas da vida,
Da possibilidade de respirar
Sem tragar tantas buscas
E soluções.
A vida...

Talvez ela não me saiba.
Talvez ela não me espere...
Ah, que desespero me acorda
A simples imaginação da vida!


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

DENTRO DO TEMPO

Quero encontrar no futuro
Meus passados mais distantes,
Reaprender as premissas
Da existência,
Reinventar a realidade.

Quero apenas
Que o mundo
Sorria de novo
E eu me surpreenda

Em plena existência.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

INCONSTÂNCIA

Nada é definitivo ou inequívoco.
Vivo entre o erro e a duvida.
Inerte entre  respostas
E carente de perguntas.

Talvez, ainda me surpreenda
Alguma louca certeza,
Alguma esperança
De a tudo esquecer
E apenas do nada

Querer saber.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

DOIS AFORISMAS SOBRE MELANCOLIA

O NIILISMO DOS ÉBRIOS

Me assusta esses caras que entram no bar, pedem uma dose generosa de cachaça  barata e bebem de um gole só. Essas pessoas já estão mortas. Mas a verdade é que já estamos todos mortos. Os que não bebem apenas não perceberam isso ainda, ou  preferem não lidar com essa premissa indigesta de toda essa merda de cotidiano que nos consome.
Pessoalmente, já estou demasiadamente cansado para  carregar o peso de sonhos, expectativas e esperanças. Prefiro conviver com o fato de  que nada de bom me espera nessa branda agonia de me saber vivo.
Eu sigo em frente como quem morre, como quem sabe que viver não vale um único poema.

A TRISTEZA DOS TELHADOS

Agora a pouco senti de novo a tristeza dos telhados sob um céu aberto. Sentir o desvalor de sentir...

O mundo é um lugar solitário.