domingo, 11 de janeiro de 2015

NADA É SAGRADO

O ateísmo , enquanto sinônimo de livre pensar, é a personificação de um questionamento radical.
Ser ateu é inventar-se como indivíduo contra a hegemonia de qualquer sistema de crenças baseado no discurso de autoridade e pretensão a metanarrativa de mundo.
Nos fazemos e nos inventamos constantemente ateus na medida em que desafiamo os lugares comuns do mero cotidiano, em que nos destacamos do rebanho humano inspirados pelo nobre desafio de pensar e sentir por nós mesmos contra os adestramentos sociais.

NADA É SAGRADO...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

DEFINIÇÃO DE PASSADO

O passado é como um não lugar,
Um limbo fora do tempo e do espaço,
Onde as mais intensas coisas da vida
Ficam para sempre guardadas
Sem qualquer possibilidade

De redenção.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

RENASCIMENTO

Deixem-me aqui sozinho
Entre meus cacos de vida
Tentando reinventar
Meu bem querer quebrado.
Preciso de um dia novo
Onde possa respirar de novo
Aquele jovial futuro
Dos meus anos de infância.
Sim.
Acreditem.
Preciso redescobrir a vida.
Abandonar manias e hábitos
Que me pesam nos ombros
E me refazer no tempo

Que ainda me resta.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

IDEALIZAÇÕES

Tenho visto passar a vida
E existido pouco
Nas tolas coisas cotidianas.
Pois de tanto esperar
O dia de ir fundo em mim mesmo,
Tenho estagnado em expectativas,
Apodrecido em sonhos e idealizações vãs.
O mundo já não cabe em meus pensamentos
E minha existência quase não cabe na vida.


sábado, 3 de janeiro de 2015

AFORISMA SOBRE A ARTE DA MUDANÇA

Geralmente as mudanças mos roubam alguma coisa.
Não importa o que digam os caricatos e contemporâneos defensores do progresso  e do futuro.

Normalmente, tudo que esperamos é a ilusão de um presente perfeito projetado no horizonte.
Infelizmente isso nunca acontece.


A mudança sempre muda a gente... pressupõe perdas e transformações ingratas.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DA LIBERDADE

O que nos faz humanos é o peso da liberdade e a consequente necessidade de transcender o simples e banal cotidiano em uma cada vez mais radical afirmação da vida contra os imperativos das necessidades.

Não somos feitos apenas de nossas escolhas... Mas , fundamentalmente, de nossas necessidades.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

FATOS INACABADOS

Os fatos inacabados
Esperam na fila dos acontecimentos
A oportunidade de um desenlace fecundo.
Querem ser conhecidos e famosos,
Virar noticia e ganhar o mundo.

Mas a fila não anda,
O tempo passa,
E tudo termina em tedio e nada.

Os fatos inacabados nunca serão lembrados...



ALÉM DO REVEILLON

Não basta que o ano acabe,
Os fogos da passagem,
O brinde e o beijo a meia noite.
É preciso que a vida mude,
 Que a gente estranhe o rosto no espelho,
E que o mundo nos deixe em paz os ombros
Através de qualquer modo novo
De sentir e fazer as coisas.
Pouco me importa o passar do ano.
Quero saber apenas
do quanto me perderei de mim mesmo

na invenção de futuros.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

E A INFORMAÇÃO VENCEU A POESIA

Na era da informação e das tecnologias digitais, a poesia perdeu  sua aura e consequentemente um contingente significativo de leitores. De alguma forma o signo venceu o símbolo, o sexo mecânico venceu o amor, o fútil derrotou o encanto e todos tem algum pudor no trato com seus sentimentos.

Virou perda de tempo cultivar as dores do mundo, escrever cartas ou se render  a melancolia de não saber da vida.
Ninguém mais tem tempo pra se abandonar a si mesmo, duvidar tão profundamente do cotidiano até o ponto de rasgar a própria realidade.


O imperfeito, o inacabado e o transbordamento de si mesmo agora é só objeto de uma receita medica.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

REFLEXÕES SOBRE A ARTE DA AUTOCRITICA

O mundo vivido é uma invenção pessoal, quase um ato de imaginação.

Cada pessoa vive em uma realidade própria e carrega dentro de si sua própria e distorcida imagem do mundo. Por isso somos sempre condensedentes como nossos defeitos e limites. Mesmo quando admitimos nossos erros nunca comprometemos a integridade de nosso limitado eu.  Talvez isso fosse diferente caso pudéssemos, como um espectador invisível ou alter ego sombrio, acompanhar nossos atos e falas em câmera lenta até o ponto de não nos reconhecermos neles.