segunda-feira, 18 de agosto de 2014

DESCONSTRUINDO AS FOTOGRAFIAS

O  atemporal de uma fotografia
Não diz o vazio que fica
Depois do colápso
Daquele registrado instante
Que desdiz o momento seguinte.
A  verdade é que o conceito de passado
Se desfaz no efêmero contemporâneo
Do absoluto do registro.
Quando o olhar substitui as palavras,
De algum modo estranho,

Nos abandonamos ao vazio.

domingo, 17 de agosto de 2014

SOMOS APENAS HUMANOS


Somos apenas humanos,

Macacos voadores e falantes

Diariamente inventando um mundo

Contra a imensidão de um universo em expansão.

Quase não sabemos de nós mesmos,

Dos erros de nossas imaginações.

Somos apenas humanos,

Demasiadamente humanos.

E, entretanto, aprendemos a ver

Mais do que estrelas no céu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

DILEMAS EXISTÊNCIAIS


Mais do que em qualquer outra época, vivemos atualmente uma espécie de dilema de existência. Afinal, somos constantemente bombardeados por uma diversidade de estímulos e solicitações externas que estabelecem um embricamento entre o biológico e o cultural, entre a consciência de si mesmo e a consciência do mundo. Somos apenas em nossos eus fraturados que transitam entre as múltiplas faces do dia a dia.

O que melhor nos define é a falta de controle sobre as nossas próprias vidas e diversidade de inconciliáveis e contraditórias vontades.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

INTRODUÇÃO AO PASTAFARTIANISMO

Nós acreditamos nos ensinamentos de Bobby Henderson.
Nós seguimos o PASTAFARTIANISMO!

Temos fé  no grande criador do universo: o Monstro de espaguete voador.

Nós, Pastafarianos, ACREDITAMOS:

num paraíso que inclui “vulcões de cerveja até onde a vista alcançar” e uma fábrica de strippers.

num inferno, onde a cerveja é sem álcool e quente e as strippers têm doenças sexualmente transmissíveis
Por derradeiro:

“RAmén” é a conclusão oficial para rezas, certas seções do Evangelho de Monstro de Espaguete Voador, etc. e é uma combinação do termo hebreu “Amém” (também usado no cristianismo) e Ramen, um tipo de macarrão japonês (Lámen).

NASCEMOS TODOS ATEUS

Nascemos todos ateus, sem ilusões teístas.
 
Mas como viver em sociedade nos obriga a carregar no bolso algum tipo de fantasia que nos faça minimamente funcionais, somos  educados a acreditar nos cânones da imaginação coletiva. 

 
Felizmente, desde o século XVIII europeu, passou a ser mais fácil a cada indivíduo pensar com a própria cabeça e abandonar o desconfortante faz de conta da cultura comum.
Hoje cada um pode inventar a liberdade de viver em um mundo sem ilusões.


MAU HUMOR

Hoje acordei indisposto
No tédio dos meus lugares
De mundo.
Um pouco mau humorado,
Farto das coisas do dia
E com as imaginações em silêncio.


Mas não se trata de melancolia.
Apenas acordei demasiadamente lúcido
E sem fantasia
Entre vontades frias e diversas apatias.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

PRISÃO

Preso  ao tempo espaço
Do fim imperfeito do meu desejo
Colho retalhos de sonhos
Pelos cantos da realidade.

Perdi o momento de acordar futuros
Tentando salvar
Meus apodrecidos passados.

Preso ao tempo e espaço
Do fim imperfeito do meu desejo
Escondi meu rosto
No fundo do espelho.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

PARA OS QUE NUNCA FORAM FELIZES


Preso ao passado,
Aos descasos do destino,
Ainda lembro daquele feliz futuro
Que nunca vivi um dia.
Talvez tenha acontecido
Agora pouco
Em qualquer data perdida
Que nunca encontrou lugar
No meu desgraçado calendário
Riscado pelos  erros  causados
Por minhas  vontades desmedidas.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

PÓS MODERNIDADE E NOVAS SENSIBILIDADES

As relações humanas e as estratégias de construção de sociabilidades vem alcançado na contemporaneidade um grau de complexidade que compromete as estruturações tradicionais da vida social. Cultura, sociedade  e Estado ganham dinâmicas novas que se articulam com a emancipação do individuo frente as dinâmicas coletivistas e um deslocamento das identidades e papeis definidos pelas tradições e inercias sociais.
As reflexões sobre esse novo momento das formas de codificação do real em curso nos grandes centros urbanos do capitalismo contemporâneo tendem a apontar para as novas possibilidades abertas pela hiper-realidade estabelecida pelo impacto das tecnologias digitais sobre nossas representações de mundo e sensibilidades.
Como aponta Luis Carlos Fridman em  Vertigens Pós Modernas:

“Em sentido menos apologético do alcance das alterações em curso, surge o diagnóstico da fragmentação da subjetividade contemporânea. No individualismo pós-moderno de todas as conexões do ser, os “certificados de existência” se diluem. A vida torna-se errática pela multiplicidade e pela fluidez, o eu se despedaça nas redes de comunicação, os indivíduos sentem-se investidos de solicitações bizarras na tarefa de inventarem a si próprios, a plasticidade e o pastiche incorporam-se às maneiras de viver, estilos se confundem com as ofertas mais recentes do universo das mercadorias, a unidade se desfaz no descarte sucessivo de intensidades momentâneas e os estados de ansiedade se acumulam. A identidade, e o senso de uma interioridade auto sustentável partem-se em vivências desagregadas ou, para quem não aguenta esse tranco, em insegurança e angustia. A identidade, sob a marca da transitoriedade, nunca se completa. O “medo ambiente”, expressão já presente  no debate sociológico, condensa as indagações se o cenário da vida social contemporânea oferece suportes sólidos  para a construção da identidade.”

Luís Carlos Fridman. Vertigens Pós Modernas: Configurações Institucionais Contemporâneas. RJ: Relume Dumara, 2000 p. 65


A problemática da falência da identidade explica ironicamente a voga fundamentalista e conservadora que reponde a desagregação das vivencias tradicionais através da apologia de  ideais coletivistas e totalizantes de inspiração  geralmente religiosa que inutilmente procuram a restauração de um passado irremediavelmente perdido, mas  ainda capaz de nos roubar as melhores possibilidades de futuro.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A CRIANÇA QUE FUI UM DIA

A criança que fui um dia
Afogou-se nas aguas das emoções profundas
Que habitam nervosas a superfície
Dos pensamentos cotidianos.
Perdeu-se de sua própria realidade,
Tornou-se abstração e sombra
Do adulto discreto e conformado
Que nunca conseguirei ser.