terça-feira, 8 de julho de 2014

SOBRE A PEQUENEZ DA CONDIÇÃO HUMANA

Embora hoje em dia tanto o modelo cosmológico  geocêntrico da antiguidade   quanto o heliocêntrico inaugurado por Nicolau Copérnico e consolidado por Kepler e Newton  já não expressem nossa imagem contemporânea do universo, o fato é que nossa cultura ainda se baseia na valoração do primado da condição humana como centro de toda existência. As tradições religiosas, que pressupõem essa centralidade através de diversos mitos criacionistas contribuem significativamente para manutenção da  falsa ideia de que a vida é algo especial e plena de significação, ignorando a imensidão e mistérios muito mais complexos do universo conhecido que, de muitas maneiras, desafiam o intelecto humano.

A percepção do quanto somos insignificantes, dos limites de  todas as nossas possíveis representações e codificações de mundo é um sentimento novo ainda cultivado por poucos.
Lembrando uma famosa declaração de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua,  

"De repente eu notei que aquela pequena e bela ervilha azul era a Terra. Eu levantei meu dedão e fechei um olho, e meu dedão cobriu totalmente a Terra. Eu não me senti um gigante. Senti-me muito, muito pequeno.”

Tal pequenez, não se associa a qualquer especulação metafísica sobre a grandiosidade da natureza ou de alguma divindade, mas a constatação simples da complexidade da realidade que não pode ser reduzida a qualquer formula dogmática ou universal. O superficial e o perene define melhor o que somos do que qualquer ilusória profundidade e significado último da condição humana.
 
Somos efêmeros...

segunda-feira, 7 de julho de 2014

BRINQUEDO QUEBRADO

O desejo  partido contemplava um brinquedo quebrado no canto de alguma infância esquecida.
Quanta melancolia cabia naquele sentimento de coisa perdida,
Nos prazeres desfeitos e olhos incrédulos diante do fato.
Era como se todo futuro se evaporasse,
Como se todas as portas e janelas do mundo se fechassem.
Entretanto, era apenas um brinquedo quebrado
E a ingenuidade do mundo de uma criança. 

domingo, 6 de julho de 2014

COSMOS

A grande indiferença do universo
transcende as imaginações
e a própria vida.

Somos menos que nada
na manhâ que se inaugura
dentro da gente
além das sombras que enfeitam
as paisagens de nosso pequeno mundo.

Nossa humanidade
é uma verdade muda...

sábado, 5 de julho de 2014

ESPERANÇAS


Viverei os descasos do acaso
até o limite das imaginações.
Quero crescer nas pequenas coisas,
embriagar minhas esperanças
e fazer de conta
que a tristeza não conta,
que as incertezas não importam.
De que outra forma
suportaria o dia seguinte?


sexta-feira, 4 de julho de 2014

AINDA NÃO SOMOS HUMANOS

Contrariando toda mitologia e representações do sagrado que inspiraram civilizações e sociedades, ouso dizer que a humanidade ainda é uma possibilidade futura. Até agora fomos apenas mamíferos muito esquisitos tumultuando a face da terra.

Somos portadores de um cérebro complexo. Mas ainda não percebemos o quanto somos apenas tudo que ele é...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O PESADELO DA FELICIDADE

Caso um dia
Se torne perfeita a vida,
Nos restará o consolo de
Morrer de tédio,
De chorar o vazio
Do sempre igual das coisas.

Seremos mínimos, previsíveis
E chatos,
Diante de um mundo
Não mais questionável.

terça-feira, 1 de julho de 2014

DO PENSAMENTO PÓS MODERNO AO PENSAMENTO PRÉ MODERNO: AS AMBIGUIDADES DA MODERNIDADE

Os defensores da Pós Modernidade encontraram críticos ferrenhos por propor a falência do projeto iluminista de uma “sociedade racional e secular” baseada em instituições “positivas” de poder. 

Acredito, entretanto, que é o pensamento pré-moderno que perpetuou-se  nutrindo-se da própria modernidade  que merece uma critica e uma reflexão radical.

Afinal, a ambiguidade do moderno encontra-se na simples constatação de que ele já nasce arcaico a sombra das ruinas das tradições que, por falta de imaginação, limita-se a reinventar.

O fato é que ainda vivemos em um mundo assombrado por demônios e sujeitos a uma “realidade mágica” administrada por superstições.

AOS QUE CAMINHAM PARA O PASSADO

Causa-me profundo espanto que em tempos em que a ciência e as invenções tecnológicas como nunca antes definem o cotidiano e a cognição humana, ainda existam tantos a estragar pensamentos recorrendo ao arcaismo de diversas modalidades de pensamento mágico.

Aos adéptos das simpatias, leis da atração, milagres de fé e outras bizarras fórmulas de pensamento mágico, nada tenho a dizer, pois me dirijo ao futuro. Sou  contemporâneo das metarmofoses do agora e da reviravolta de todos os valores...

segunda-feira, 30 de junho de 2014

MEUS ERROS

Nem sempre tive as explicações certas para os meus erros.
Nunca achei que errar era humano
ou que faria diferença
qualquer outra opção.


As vezes as coisas simplesmente são
como são
e não há nada a ser feito.


Nesta vida,
de nada me arrependi.
e nada me fez feliz.


Tudo foi como deveria ser....

domingo, 29 de junho de 2014

FOME

A abstrata fome
que me consome
diz uma falta
que dói
em silêncio.


Contra ela
não conheço alimento.
Nenhum banquete seria uma solução.


Trata-se apenas
de um estado de insatisfação.
Talvez seja uma falta
que não nasce de qualquer desejo,
uma forma estranha de náusea
com tudo aquilo que me diz o mundo.