domingo, 29 de junho de 2014

FOME

A abstrata fome
que me consome
diz uma falta
que dói
em silêncio.


Contra ela
não conheço alimento.
Nenhum banquete seria uma solução.


Trata-se apenas
de um estado de insatisfação.
Talvez seja uma falta
que não nasce de qualquer desejo,
uma forma estranha de náusea
com tudo aquilo que me diz o mundo.

sábado, 28 de junho de 2014

A MENTIRA DE UM SONHO

Sonhei ingenuamente
ser mais perfeito
que a vida
até o ponto
de me perder
no fundo escuro
do meu próprio sonho.

Sofri malogros e ruinas,
perdi passados
e apaguei futuros.
Tudo por conta
do erro de um sonho
que me roubou toda realidade

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O OUTRO

Queria fazer um poema triste
para esquecer  minhas ausências,
preencher meus vazios
e fingir que a existência
não vale tanta melancolia.
Queria reinventar meus sonhos
E reaprender a existir.
Pois dentro de mim mora um outro
Ansioso  por viver.


domingo, 22 de junho de 2014

INCOERÊNCIA FILOSÓFICA

A incoerência aleatória dos versos
busca dizer em palavras
o ilegível e abstrato
sentimento de um pensamento
que foge aos conceitos
e subverte gramáticas
correndo descalço sob ventos antigos.


A incoerência nunca é arbitrária.
Sabe ser caprichosa
em sua iniciativa desconstrucionista.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

ENQUANTO AS ROTINAS SEGUEM

Enquanto as rotinas seguem,
Vivemos o tempo pequeno
De nossos atos aleatoriamente
Espalhados no cenário do mundo.
Tudo que fazemos é quase invisível
E sem consequências,
Um esboço de nada cuja importância
Superestimamos.
Mas precisamos continuar
Seguindo em frente
Ignorando duvidas e reflexões.
Precisamos sobreviver,

quarta-feira, 11 de junho de 2014

RESIGUINAÇÃO

Um dia talvez eu me renda
As intenções do tempo
E me desfaça satisfeito
Entre rotinas.


Um dia, talvez, eu me perca
Definitivamente
De mim mesmo
Liberto de toda inquietude.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

FILOSOFIA E GRAMÁTICA

Há muitos silêncios tumultuando o sentido gramatical de cada frase. Atrapalhamos a gramática tentando codificar no dito o simples absurdo da condição humana. Toda filosofia não vai além do dilema entre as regras gramaticais e a exigência irracional das imagens do pensar sem palavras da imaginação selvagem que nos corroe por dentro.....

quinta-feira, 29 de maio de 2014

IMEDIATISMO

Farto de esperar pelo amanhã
Redescobri o passado,
Reinventei meus vazios e ausências,
Apaguei definitivamente o futuro
De minhas expectativas.
Cultivarei apenas aquilo
Que realmente importava
No mais profundo
Do imediato e do agora.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A FELICIDADE

Impossível dizer o que  define a felicidade.
Apesar de seus lugares comuns de bem estar em sociedade:
Dinheiro, sucesso e conveniências amorosas...
Cada um carrega dentro de si peculiares fantasias
de ser feliz.


De modo geral,
a felicidade é apenas um estado de espírito
do qual descartamos o impossível e o utópico
de uma panacéia de constante boas noticias.

Onde tudo dá certo não existe felicidade.
Apenas a estagnação e o tédio.


Felicidade é apenas conquistar o que se pretende.
Depois seguir em frente
em busca de qualquer outra coisa.

sábado, 24 de maio de 2014

O DESAFIO DE UMA NOVA INDIVIDUALIDADE

"O que entende a mosca da vidraça contra a qual ela se lança até não mais poder? Nada na natureza oferece um obstáculo semelhante a seu instinto
natural: um obstáculo transparente. Nós também não sabemos do vazio transparente que nos separa dos outros mais do que sabe a mosca do intransponível obstáculo daquela
superfície de vidro.."


JEAN BALDRILLARDO in COOL MEMORIES IV- CRÔNICAS 1996-2000
A individualidade tornou-se uma condição virtual desde o momento em que começamos a percebe-la como uma meta inútil.

Tudo que nos é possível é o descontínuo e aleatório da autênticidade, o ato de romper com o cotidiano e os fatos
através do acumulo cego de momentos de fugaz e intensa descontinuidade das coisas.
A descontinuidade supera tanto o indivíduo quanto o social ao revelar as distâncias entre o EU e o Nós.

Jamais estaremos em casa em nosso próprio pensamento ou cultura.
Jamais estaremos em harmonia com os outros e o mundo.
Só nos resta assumir definitivamente a condição de nômades da embriaguez.