segunda-feira, 3 de junho de 2013

ADEUS FUTURO


Já estou farto
De esperar pelo
Futuro.
Ele jamais
Me visitou
Ou encaminhou mensagens
De aniversário.
Talvez,
Nem saiba
Que eu existo
Nesse borrão de tempo
Dentro do qual
Me arrasto pelos dias.


DETERMINISMO


No fundo,
A única alternativa
Que tenho,
É me conformar a continuidade provisória das coisas,
O tédio e o marasmo
De mim mesmo
Entre os fatos
Pré- moldados
Do cotidiano.


Tento, entretanto,
Antever o amanhã
De meus passados perdidos...

CHUVA E MELANCOLIA

O dia chora através da chuva
E me abriga
No vento frio
E  úmido
Das melancolias.

Agora,
Apenas quero
Que o tempo passe,
Mas também
Que  a vida

Pare
E se renda
As minhas inercias.


Nenhuma palavra

ou acontecimento
Vale o bom senso
De um instante
De silêncio...

REVISÃO

Preciso rever o fundo claro do superficial dos meus dias vividos.
Talvez vislumbrar janelas e rostos que me conduzam a paisagens novas, ou me perder no vazio do meu próprio passado até o limite de todos os futuros.
Pois guardo dentro de mim as mais nervosas urgências do mundo.
Preciso de um gole de embriagues de vida e pensamento...

domingo, 2 de junho de 2013

DESENCANTO



A  felicidade
Tornou-se
Um sonho amassado
E abandonado
Em um canto qualquer
De vida,
Uma metáfora vazia
Do impossível das coisas,
Um silêncio,
Um desatino
Ou, simplesmente,
O incomunicável
De um querer perdido.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O TÉDIO DAS HORAS

Sempre o mesmo
Gosto de dia,
As mesmas horas,
Vontades
E paisagens.
Novidade alguma
Rasga o céu
Como um relâmpago,
Agonia alguma
Transborda o tempo
No raso da simples rotina.

MUDANÇA


Quando os fatos
Mudam os atos
E os atos
Reinventam a vida,
O mundo se torna
Uma abstração
Quase sem sentido
Pois aprendemos
A colher os frutos
De nossas imaginações
Para plenamente
Adivinhar a vida...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ESTANTÂNEO DE CONTEMPORANEIDADE: NOTA SOBRE A CULTURA DO TEMPO PRESENTE

Vivemos tempos de esboço de existências, de individualidades decompostas no presentismo quase absoluto, na inaptidão dos futuros e dos passados para configurar personas, funcionalidades e competências.

Vivemos tempos de novas urgências, de reinvenção de antigos dilemas e nivelamento do real e do virtual do ato e da ação. Por todas as partes tensões, choques, movimento e pluralidade das coisas nos absorvem as imaginações.

Nenhum prazer é mais saciável. A insatisfação agora é um estado de espirito universal em nossos caminhos sem horizontes. Se nunca antes gozamos de tamanha autonomia individual frente as exigências das coletividades e metaidentidades, nunca estivemos tão decompostos em nossas individualidades.

Enquanto meta da condição humana, a individuação agora é um processo que não nos conduz a qualquer ideal fantasmagórico de autoconhecimento, mas apropria fragmentação egoica, a esquizofrenia como alegoria de toda pós cultura.

GRANDES ESPERANÇAS



Quando for
Novamente
Dia,
Quero estar
Finalmente desperto
E altivo,
Pronto para
Ir de encontro
Ao abraço
De qualquer existência
Limpa,
Intensamente aberto
Aos futuros
Que ainda não me viram
E não vieram...

PRISÃO


Preciso escapar,
Prefiro o labirinto,
A perda e o ganho
Da vertigem
Que nos conduz
Ao impreciso
Do abismo.





A prisão não tem porta.
Mas preciso da chave,

Da senha,
Que me diga a liberdade...