A construção de uma complexa cartografia da “alma” humana, um resgate da experiência em um tempo em que ela se perdeu, ainda é o objetivo de qualquer narrativa possível de mundo. Afinal, mesmo quando a arte de narrar, de articular a existência de um modo significativo, já não ultrapassa a profunda superficialidade do efêmero, a afirmação da Presença, da Imanência humana, pelo seu simples acontecer, ainda ocupa o primeiro plano do pensamento enquanto exercício de autorreflexão do intelecto.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 20 de março de 2012
NOTA SOBRE DEVIR E CONTEMPORÂNEIDADE
A contemporaneidade pressupõe uma busca radical da “presencialidade do mundo” através da aposta na intensidade máxima do imediatamente vivido.
Fragmentado e difuso o presente se torna assim o absoluto horizonte “ahistórico” em que agora nos movemos como indivíduos desarticulados na consciência saturada de imagens, em infrações simbólicas, que alimentam ansiedades e inquietações no explorar de todas as variações possíveis de prazer fugaz.
A meta de cada um já não é o outro ou qualquer projeto estável de realização pessoal, mas a mudança pura e simplesmente. Ser contemporâneo de si mesmo é não fixar-se em um “eu constante” de algum modo tendente à rigidez de uma persona social, mas estar aberto a busca aleatória condicionada a uma mudança constante sem ilusões teleológicas.
Em tempos de pós cultura as perguntas só funcionam quando as respostas ficam em silêncio...
segunda-feira, 19 de março de 2012
OS FUTUROS DOS MEUS PASSADOS
Quase todos os meus futuros
Já se tornaram passados,
Apagadas possibilidades
De nomeada
Descartadas pelo tempo
Dentro do qual sigo em silêncio
Sem guardar
Horizontes nas retinas,
Sem buscar caminhos
Ou destinos
Que de algum modo
Me transformem à vida.
Afinal que me importa
O conforto de realizações
Se aprendi a existência
Na didática dos ventos
E das tempestades?
Já se tornaram passados,
Apagadas possibilidades
De nomeada
Descartadas pelo tempo
Dentro do qual sigo em silêncio
Sem guardar
Horizontes nas retinas,
Sem buscar caminhos
Ou destinos
Que de algum modo
Me transformem à vida.
Afinal que me importa
O conforto de realizações
Se aprendi a existência
Na didática dos ventos
E das tempestades?
domingo, 18 de março de 2012
SUPERFICIAL VIAGEM
Eu me espero agora
Do outro lado do infinito,
Na falsa certeza do dia seguinte
Em que me invento no tempo
Como ingênuo aprendiz
De mim mesmo
Na ilusão de momentos...
Tudo que me cabe é viver até o limite
O efêmero
Que por mim passa e escapa...
A SOLIDÃO DO QUADRO
O quadro parece cansado
Na encardida paisagem
Da parede branca,
Parece pesado de tempo e inércia
Entre silencio e imagem,
Parece farto de sua própria presença,
Indiferente ao passar
Dos dias e das noites
Ou ao eventual olhar anônimo
Que o contempla
Sem realmente vê-lo...
sexta-feira, 16 de março de 2012
NOTA SOBRE AS ILUSÕES DO SER
Nosso modo de viver a consciência do eu, ou aquilo que poderíamos definir como nossa auto consciência ou auto representação condicionadas a codificações coletivas da realidade e do mundo, pressupõem uma exagerada preocupação com o conforto de um “sentimento de coerência” ou “ordenamento intimo” que não dá conta da pluralidade de processos e tendências que definem a complexidade de uma personalidade humana.
Poder-se-ia dizer que existimos em nossos pensamentos e discursos cotidianos como pálidos fantasmas de nós mesmos.
segunda-feira, 12 de março de 2012
ADIAMENTO
Diante dos silêncios
Das coisas
Onde meu futuro acorda
Demoro-me no agora
Adiando sonhos,
Projetos e imaginações
Que dormem
no amanhã que me mira
No espelho de existências ...
Das coisas
Onde meu futuro acorda
Demoro-me no agora
Adiando sonhos,
Projetos e imaginações
Que dormem
no amanhã que me mira
No espelho de existências ...
terça-feira, 6 de março de 2012
NOTA SOBRE FANTASIA , REALIDADE E CONSCIÊNCIA
Cada um tem seu próprio estilo ficcional de viver, sua própria maneira de escrever-se no cotidianamente vivido através de uma imagem ou sentimento arbitrário de mundo.
Cabe lembrar que a falência do sujeito, tão emblemática ara definição da contemporaneidade, é também uma desconstrução da objetividade, do jogo aberto entre sujeito e objeto inspirador de uma dada definição de ciência que marcou definitivamente a modernidade.
Mas hoje somos capazes de nos assumir como atores de nossas cultivadas e inventadas fantasias linguísticas ou de irracionalismos imagéticos afetivos que em muito condicionam nosso comportamento coletivo e individual, nossas auto representações mais pessoais, muito além do que sonha nosso caduco bom senso.
Cada individuo, hoje parece-me assustadoramente evidente, uma caricatura de seu próprio discurso de mundo e realidade...
domingo, 4 de março de 2012
AFORISMAS SOBRE A MATERIALIDADE DO PENSAMENTO
ENTRE O PENSAMENTO E AS COISAS QUE NÃO CABEM NO PENSAMENTO REINVENTAMOS NOSSA CONSCIÊNCIA DAS COISAS COMO EXTERIORIZAÇÃO DE NÓS MESMOS.
@
TODA CERTEZA É PROVISÓRIA NA MEDIDA EM QUE PERCEBEMOS QUE PENSAR E ACREDITAR SÃO ATIVIDADES ANTAGÔNICAS
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A DESSACRALIZAÇÃO DA NATUREZA LEVADA A CABO PELA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA CONTRA SUAS MATRIZES MODERNAS FOI UM PASSO GIGANTESCO PARA LIBERDADE DE PENSAMENTO.
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NÃO HÁ BELEZA OU PERFEIÇÃO NO MUNDO MATERIAL (NATUREZA) TUDO DEPENDE DA CODIFICAÇÃO DE QUEM OBSERVA.
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O PENSAMENTO NÃO PASSA NO FUNDO DE UM PROCESSO FISICO QUIMICO, UM ACONTECER BIOLÓGICO.
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A FILOSOFIA DEVERIA SER A CIENCIA DO FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO EM SUA COMPLEXIDADE MÁXIMA E ORGÂNICA.
sábado, 3 de março de 2012
DESEJO FAUSTICO
Meu provisório estar aqui em meio a todas as coisas ( pessoas, objetos e lugares)que definem a presença de um mundo em constante e silenciosa perenidade é o que me diz pessoalmente a concretude daquilo que, na falta de palavra melhor, definimos como condição humana.
Sei que não importa a quantidade de anos que passem por mim, meu tempo vivido será fatalmente insuficiente para realizar minha “presença”, para levar minha existência as ultimas consequências biográficas.
A insignificância do simples acontecer da vida desafia a teleogia de nossas codificações biográficas...
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