Quase todos os meus futuros
Já se tornaram passados,
Apagadas possibilidades
De nomeada
Descartadas pelo tempo
Dentro do qual sigo em silêncio
Sem guardar
Horizontes nas retinas,
Sem buscar caminhos
Ou destinos
Que de algum modo
Me transformem à vida.
Afinal que me importa
O conforto de realizações
Se aprendi a existência
Na didática dos ventos
E das tempestades?
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 19 de março de 2012
domingo, 18 de março de 2012
SUPERFICIAL VIAGEM
Eu me espero agora
Do outro lado do infinito,
Na falsa certeza do dia seguinte
Em que me invento no tempo
Como ingênuo aprendiz
De mim mesmo
Na ilusão de momentos...
Tudo que me cabe é viver até o limite
O efêmero
Que por mim passa e escapa...
A SOLIDÃO DO QUADRO
O quadro parece cansado
Na encardida paisagem
Da parede branca,
Parece pesado de tempo e inércia
Entre silencio e imagem,
Parece farto de sua própria presença,
Indiferente ao passar
Dos dias e das noites
Ou ao eventual olhar anônimo
Que o contempla
Sem realmente vê-lo...
sexta-feira, 16 de março de 2012
NOTA SOBRE AS ILUSÕES DO SER
Nosso modo de viver a consciência do eu, ou aquilo que poderíamos definir como nossa auto consciência ou auto representação condicionadas a codificações coletivas da realidade e do mundo, pressupõem uma exagerada preocupação com o conforto de um “sentimento de coerência” ou “ordenamento intimo” que não dá conta da pluralidade de processos e tendências que definem a complexidade de uma personalidade humana.
Poder-se-ia dizer que existimos em nossos pensamentos e discursos cotidianos como pálidos fantasmas de nós mesmos.
segunda-feira, 12 de março de 2012
ADIAMENTO
Diante dos silêncios
Das coisas
Onde meu futuro acorda
Demoro-me no agora
Adiando sonhos,
Projetos e imaginações
Que dormem
no amanhã que me mira
No espelho de existências ...
Das coisas
Onde meu futuro acorda
Demoro-me no agora
Adiando sonhos,
Projetos e imaginações
Que dormem
no amanhã que me mira
No espelho de existências ...
terça-feira, 6 de março de 2012
NOTA SOBRE FANTASIA , REALIDADE E CONSCIÊNCIA
Cada um tem seu próprio estilo ficcional de viver, sua própria maneira de escrever-se no cotidianamente vivido através de uma imagem ou sentimento arbitrário de mundo.
Cabe lembrar que a falência do sujeito, tão emblemática ara definição da contemporaneidade, é também uma desconstrução da objetividade, do jogo aberto entre sujeito e objeto inspirador de uma dada definição de ciência que marcou definitivamente a modernidade.
Mas hoje somos capazes de nos assumir como atores de nossas cultivadas e inventadas fantasias linguísticas ou de irracionalismos imagéticos afetivos que em muito condicionam nosso comportamento coletivo e individual, nossas auto representações mais pessoais, muito além do que sonha nosso caduco bom senso.
Cada individuo, hoje parece-me assustadoramente evidente, uma caricatura de seu próprio discurso de mundo e realidade...
domingo, 4 de março de 2012
AFORISMAS SOBRE A MATERIALIDADE DO PENSAMENTO
ENTRE O PENSAMENTO E AS COISAS QUE NÃO CABEM NO PENSAMENTO REINVENTAMOS NOSSA CONSCIÊNCIA DAS COISAS COMO EXTERIORIZAÇÃO DE NÓS MESMOS.
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TODA CERTEZA É PROVISÓRIA NA MEDIDA EM QUE PERCEBEMOS QUE PENSAR E ACREDITAR SÃO ATIVIDADES ANTAGÔNICAS
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A DESSACRALIZAÇÃO DA NATUREZA LEVADA A CABO PELA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA CONTRA SUAS MATRIZES MODERNAS FOI UM PASSO GIGANTESCO PARA LIBERDADE DE PENSAMENTO.
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NÃO HÁ BELEZA OU PERFEIÇÃO NO MUNDO MATERIAL (NATUREZA) TUDO DEPENDE DA CODIFICAÇÃO DE QUEM OBSERVA.
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O PENSAMENTO NÃO PASSA NO FUNDO DE UM PROCESSO FISICO QUIMICO, UM ACONTECER BIOLÓGICO.
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A FILOSOFIA DEVERIA SER A CIENCIA DO FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO EM SUA COMPLEXIDADE MÁXIMA E ORGÂNICA.
sábado, 3 de março de 2012
DESEJO FAUSTICO
Meu provisório estar aqui em meio a todas as coisas ( pessoas, objetos e lugares)que definem a presença de um mundo em constante e silenciosa perenidade é o que me diz pessoalmente a concretude daquilo que, na falta de palavra melhor, definimos como condição humana.
Sei que não importa a quantidade de anos que passem por mim, meu tempo vivido será fatalmente insuficiente para realizar minha “presença”, para levar minha existência as ultimas consequências biográficas.
A insignificância do simples acontecer da vida desafia a teleogia de nossas codificações biográficas...
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
URGÊNCIAS DE CORPO E PENSAMENTO
A vida é uma contínua urgência onde o ato e a vontade são a chave para o passado e o futuro, para a soma de acontecimentos que nos desenha o corpo em constante movimento de tempo presente.
A vida acontece em função de nossa consciência ou representação do fato da inevitável finitude de quem somos...
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
STEPHEN HAWKING E O GRANDE PROJETO: UMA LEITURA INTERDICIPLINAR
Um intelecto que em umcerto momento pudesse conhecer todas as forças que estabelecem a natureza em movimento, e todas as posições de todos os temas que essa natureza compõe, se esse intelecto fosse também tão suficiente para apresentar esses dados em uma análise, que pudesse unir em uma simples fórmula os movimentos dos grandes corpos do universo e o muito pequeno do átomo; para esse tipo de intelecto nada será incerto e o futuro como o passado seria o presente para esses olhos
— Essai philosophique sur les probabilités, introdução. 1814
O GRANDE PROJETO de Stephen Hawking e Leonard Mlodinow é um interessante trabalho de divulgação científica cujo grande tema são as questões últimas da própria condição humana, como por exemplo, “porque existimos”, “O que é o universo, a natureza e a própria realidade como a conhecemos”.
Cabe esclarecer preliminarmente que o “grande projeto” ao qual os autores se referem é uma imagem legada pela física teórica do sec. XX : a possibilidade de uma “teoria de tudo”, ou seja, a hipotética Teoria da Grande Unificação, da reunião em uma única estrutura teórica da teoria da relatividade e da mecânica quântica ou, em termos bem simples, da “macro” e da “micro física” como proposto na epígrafe desta resenha.
Desviando-me, entretanto, da imagem central do livro, principalmente por ser um leigo no assunto, julgo pertinente chamar atenção para algumas peculiaridades de sua narrativa e implicações multidisciplinares.
Pertinente neste sentido observar que na obra em referência as grandes formulações do saber científico confundem-se com os grandes temas da tradição filosófica ocidental em um tempo em que, segundo seus autores, a filosofia está morta, pois “ não acompanhou os desenvolvimentos modernos da ciência, em particular da física. Os cientistas passaram a portar a tocha da descoberta em nossa busca do conhecimento.”
Justamente por isso, seu principal fundamento teórico e, vale sublinhar, seu ponto forte, é o conceito de “determinismo cientifico” paulatinamente formulado pela ciência moderna através da revolução cientifica dos secs. XVI-XVIII que, desconstruindo a tradição aristotélica e escolástica, deriva as leis naturais da observação criteriosa da natureza e não de premissas logicas inspiradas por uma “racionalidade abstrata”. Tal paradigma cientifico conduziu no século XX a uma radical ruptura epistemológica ao, através da teoria da relatividade e, principalmente, da teoria quântica, por em xeque a premissa elementar da objetividade do real, estabelecendo a possibilidade de diversos “quadros de realidade”, formulação que conduz os autores a conclusão de que “Não há conceito da realidade independente de um quadro ou de uma teoria”.
As implicações desta formulação que sustenta a narrativa para o amplo cenário da ciência e do conhecimento contemporâneo encontram-se resumidas na seguinte passagem :
“Na época em que primeiro se propôs o determinismo científico, as únicas leis conhecidas eram as leis newtonianas do movimento e da gravitação. Descreveremos como essas leis foram entendidas por Einstein em sua teoria da gravidade geral, e como outras leis foram descobertas, governando outros aspectos do universo.
As leis naturais nos dizem como o universo se comporta, mas elas não respondem às questões colocadas no inicio deste livro:
Por que há algo em vez de nada?
Por que existimos?
Por que este conjunto particular de leis e não outro?
Alguns poderiam assegurar que a resposta a estas questões é que há um Deus que escolheu criar o universo desse modo. É razoável se perguntar quem ou o que criou o universo, mas se a resposta é Deus, então a questão é apenas deslocada para quem ou o que criou Deus. Segundo esse ponto de vista, concebe-se a existência de alguma entidade que não necessita de criador, e essa entidade é chamada de Deus. Esse é o conhecido argumento da primeira causa em favor da existência de Deus. Sustentamos, contudo, que é possível responder a essas questões inteiramente dentro do reino da ciência, sem apelar para quaisquer seres divinos.
De acordo com o realismo dependente do modelo, introduzido no capitulo 3, nossos cérebros interpretam as informações vindas de nossos órgãos sensoriais construindo um modelo do mundo exterior. Formamos conceitos mentais de nossa casa, das arvores, de outras pessoas, da eletricidade que sai das tomadas, dos átomos, das moléculas e de outros universos. Esses conceitos mentais constituem a única realidade que conhecemos. Não há teste da realidade independente do modelo. Daí decorre que um modelo bem construído cria sua própria realidade.” ( p. 126)
Os autores definem aqui uma “resposta cientifica” a certas questões filosóficas despindo-as de suas roupagens “metafisicas” e conduzindo a narrativa cientifica a um patamar que transcende seu próprio campo em um esforço interdisciplinar no mínimo muito interessante. Creio que essa é a maior contribuição da obra aqui comentada enquanto esforço de divulgação de descobertas cientificas consagrada a um público mais amplo do que dos especialistas. Seu questionamento radical da teologia, que gerou certa polêmica por ocasião do lançamento do livro, parece-me exagerada. Afinal, o que há de estranho em uma formulação cientifica excluir qualquer “dialogo” com fundamentos teológicos?
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