segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

NOTA SOBRE MENTE HUMANA E NEUROCIENCIAS


Não duvido de que mesmo diante do avanço cada vez maior das neurociências o conceito de mente permaneça obscuro e controvertido.



Mesmo assim já se pode dizer que hoje em dia é cada vez mais difícil a qualquer um sustentar serenamente a antiga tese de uma identificação abstrata entre mente , “alma” ou “espírito” contraposto ao físico e ao corpo.


Conhecemos hoje com tal precisão a fisiologia humana que não é muito fácil hoje em dia , para os partidários da teoria dualista distinguir a mente humana ( aqui sumariamente entendida como capacidade de reflexão acrescida à consciência de si e do mundo exterior) do próprio funcionamento do corpo humano recorrendo a qualquer abstração metafisica.


Evidentemente nada disso nos aproxima de qualquer suposta “natureza” ou “essência” do humano uma vez que tais conceitos não passam de construções arbitrárias e a própria idéia de humano só é crível na medida em que a aceitamos coletivamente como convenção para dizer nossa presença no tempo e espaço. Logo, não é a busca de verdades ultimas ou novos dogmas que me anima o discurso. Mas um horizonte mais complexo de investigação.


Defendo que quando mais despidas nossas investigações de tradicionais e falsas premissas (representações e formulações do intelecto sejam filosóficas e religiosas que mitificam a idéia de mente), mais nos aproximamos de uma nova e ainda incerta codificação da realidade e deste paradoxal fenômeno verdadeiramente nonsense que é a mente humana através das neurociências.







NOTA SOBRE O PASSAR DAS COISAS

O tempo que passa



É sempre o mesmo...


Nós é que nos fazemos


Constantemente outros


No impreciso de nós mesmos


Dispersos em dias, noites


E acasos...

sábado, 31 de dezembro de 2011

PARA ALÉM DE JANO E DO ANO NOVO


Entre o lugar comum
Do ano novo
E o intimo sentimento
Do tempo
Que nos passa,
Sabendo-me além
Do eterno retorno do revellon,
Escrevo-me simplesmente outro
No passar dos dias
Livre de nostalgias
Ou ritos de futuro...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

NOSTALGIA FUTURA


Um dia novo



Se esboça,


Se esforça,


Contra o sem rosto


Do tempo,


buscando a realidade


De uma manhã chuvosa


Onde se escreve abstrato


O melhor dos nossos passados...

IMPRESSÕES SURREALISTAS

Perdendo do tempo



O rumo


Nos abismos do agora,


Recolho cacos


De horas quebradas


Desfazendo futuros


E imaginações,


Reinventando o tempo


Nos olhos de pensamentos perdidos


No fosco de alguma paisagem...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

METAMORFOSES NATALINAS

Desde Marcel Mauss sabemos da importância da pratica da troca de presentes como uma componente relevante do imaginário das sociedades arcaicas e também de nossas sociedades contemporâneas.

Expressão da construção de vínculos e alianças, gostem ou não os religiosos, o arcaico costume da troca de presentes é, por exemplo, a essência da celebração contemporânea do natal. Trata-se hoje mais de uma data consagrada ao consumo e ao lazer do que propriamente uma celebração religiosa cujas origens remontam a antiga cultura pagã do norte da Europa. Prova disso é que o natal vem ganhando mundo a fora, formas cada vez mais heterodoxas de celebração. Talvez logo seja impossível falar do natal no singular....

Mas para ser breve, limitar-me-ei aqui a afirmar que nenhuma outra celebração rompeu tanto com suas formatações tradicionais e conservadoras e se reinventa nas metamorfoses da contemporaneidade do que o natal...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DEVIR E EXISTÊNCIA


A existência
Me atravessa no tempo,
Passa através de mim
Em cada acontecimento
Que inventa o mundo,
Que me desfaz aos poucos,
Nas rotinas da casa e do rosto
Com os quais provisoriamente decoro
As inquietudes de minha intima finitude...

domingo, 18 de dezembro de 2011

NOTA SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA

Tudo que temos é a aventura do aqui e do agora, o dia presente que nos acorda no auvoroço das horas que aleatoriamente preenchemos com atos sem direção. Existimos como um complexo conjunto de fenômenos físico-químicos projetados no abstrato de cada pensamento possível. Eis aqui o grande paradoxo da condição humana...

UM POEMA DE EMILY DICKNSON

“Senti na mente esta rasgadura-
Como se o cérebro se cindisse;
Tento acertar costura com costura,
Mas não há nada que as fixe.

O pensamento atrás com o adiante,
Em ajuntá-los me desvelo,
Mas a sequência se esfia sem que a alcance-
Tal qual no chão rolam novelos”

EMILY DICKINSON