Não duvido de que mesmo diante do avanço cada vez maior das neurociências o conceito de mente permaneça obscuro e controvertido.
Mesmo assim já se pode dizer que hoje em dia é cada vez mais difícil a qualquer um sustentar serenamente a antiga tese de uma identificação abstrata entre mente , “alma” ou “espírito” contraposto ao físico e ao corpo.
Conhecemos hoje com tal precisão a fisiologia humana que não é muito fácil hoje em dia , para os partidários da teoria dualista distinguir a mente humana ( aqui sumariamente entendida como capacidade de reflexão acrescida à consciência de si e do mundo exterior) do próprio funcionamento do corpo humano recorrendo a qualquer abstração metafisica.
Evidentemente nada disso nos aproxima de qualquer suposta “natureza” ou “essência” do humano uma vez que tais conceitos não passam de construções arbitrárias e a própria idéia de humano só é crível na medida em que a aceitamos coletivamente como convenção para dizer nossa presença no tempo e espaço. Logo, não é a busca de verdades ultimas ou novos dogmas que me anima o discurso. Mas um horizonte mais complexo de investigação.
Defendo que quando mais despidas nossas investigações de tradicionais e falsas premissas (representações e formulações do intelecto sejam filosóficas e religiosas que mitificam a idéia de mente), mais nos aproximamos de uma nova e ainda incerta codificação da realidade e deste paradoxal fenômeno verdadeiramente nonsense que é a mente humana através das neurociências.
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