sexta-feira, 25 de novembro de 2011

LOOK AND SAY


É praticamente um lugar comum a interseção subjetiva do olhar e do dizer, a percepção de que as vezes podemos falar com os olhos o que cala na palavra ou que, em certas circunstâncias, dialogamos uns com os outros por intermédio do próprio silêncio.

Na verdade esta evasão da formalidade da linguagem sugere uma valorização curiosa da ambigüidade, do impreciso, como componente cada vez mais presente nas trocas humanas em tempos de sentimentos e vidas cada vez mais “liquidas”...

Aprendemos finalmente a enfrentar a existência sem a segurança de nossos protocolos sócias de certezas e etiquetas sociai...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AUSÊNCIA

Seu rosto



Espalhado no caos


Desafiava o dia


Que sonolento


Reinventava o tempo


Em preguiças.






As horas


Já não trajavam significados,


Vagavam nuas


Nos pensamentos das pedras


Enquanto eu


Serenamente dialogava


Com os demônios da sua lembrança


As margens de um devaneio....



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O CELEBRO CONTRA A ALMA

Realizamos  futuros fazendo crescer o passado que nos carrega por dentro, constantemente multiplicando as possibilidades daquilo que somos e que seremos, tornando cada vez mais nítidas as possibilidades infinitas de nossos cérebros em funcionamento...
Em tempos de radical contemporaneidade de todas as coisas da cultura humana, o tradicional dualismo alma e corpo foi superado pela nova ciência  do cérebro, pela definição de tudo aquilo que é “humano”  pelo complexo acontecer de nossa estrutura cerebral. Tal acontecer, afinal, é o que nos torna biologicamente  singulares na vida animal sobre a terra, é nossa capacidade de reinventar a vida no não lugar do pensamento e da reflexão através de uma consciência radical de nós mesmos e das coisas exteriores...
Em poucas palavras, o que antes se definia como  “alma” não passa do mero acontecer cerebral em cada individuo da espécie.... 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DO EU AO EU EM MOVIMENTO

Em todas as coisas
Que faço
Procuro estar
Um passo a frente
De mim mesmo
Seguindo os segredos
Da minha própria sombra,
Reinventando-me
Permanente e provisoriamente
Nas infinitas possibilidades
Do vivido dos fatos.... 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AFORISMAS SOBRE A EXTERIORIDADE DA EXISTÊNCIA

As vezes penso a vida como um sonho defeituoso onde somos inventados por nossos mais banais e profundos desejos...
@
A necessidade é o que nos define na existência... necessidade de viver mais nas coisas do que no indeterminado de si mesmo...
@
Aconteço o tempo todo no mundo, nunca em mim mesmo...
@
O outro do mundo é positiva e negativamente o alimento de nossa individualidade...
@
Dou mais valor a qualidade de uma pergunta do que a precisão de qualquer resposta...
@
Geralmente, percebo que estou errado quando ninguém me critica...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

POEMA OPACO

Entre os dias
E as noites
Cada um
se inventa um mundo.


Mas quase
Não nos percebemos
No mecânica fazer das coisas.

Nossa realidade não cabe
em nossas rotinas. 

domingo, 13 de novembro de 2011

SOBRE O PERDER-SE DOS DIAS

Sou feito
De sombras e sonhos,
De acasos e incertezas,
Que no absurdo do possível
De meramente acontecer
Em cada novo dia,
Afirmam-se contra um mundo aberto
Em infinitas possibilidades
De mim mesmo...
Sou feito de aventura
E vento.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PASSA TEMPO

Passo distraído



De um momento


A outro


Buscando respostas


Para os silêncios


Que povoam


O profundo das horas,


Corro de um instante


A outro


Fugindo do tempo


Que me persegue...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CONTRA CULTURA HOJE

Em suas diversas manifestações contemporâneas, a contracultura permanece hoje como um sinônimo de questionamento radical das vigentes e corriqueiras convenções coletivas de realidade, através do lúdico, do hedonismo, do riso e da afirmação  de um ethos de liberdade...
Como nunca antes, em tempos de digitalização e reinvenção da existência, ela é capaz de abalar consciências, fazer pensar e reinventar individualmente a simplicidade do mero cotidiano...

VIDA , DEVIR E MEMÓRIA

O silêncio
É a vida da reminiscência,
O falar dos outros
E lugares que nos habitam
No sem tempo do pensamento,
que, simplesmente,
A tatuagem que
Carregamos no devir do rosto...
Ele é a marca viva
Do passar do tempo
Que se define
Como biografia
E ausências
Que nos transformam
Na banalidade
Do calar permanente das coisas...