sábado, 2 de abril de 2011

VIRTUAIS FUTUROS


Alguns futuros
Nunca me viram,
Nunca souberam
De mim
Perdidos
No sereno e severo caos
Do simples cotidiano.

Alguns futuros
Perderam de si
O pretendido amanhã
De naturais certezas
De mundos virtualmente
Vividos, sonhados
E sofridos...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

POR UMA TERRA REDONDA E GEÓIDE


As imagens divulgadas no ultimo dia 31 de março pela Agencia Espacial Européia (AEE), mostrando as “deformações” que a força gravitacional ocasiona sobre a forma de nosso planeta (convencionalmente representado como "redondo"/ elíptico) pode perturbar nosso pueril apego as convenções e codificações de real legadas por nossa educação, mas definitivamente não representa qualquer novidade ou informação muito relevante sobre qualquer tema sério .

Afinal, o fato de a terra ser um geóide de forma irregular e achatada ou uma bola perdida no espaço não faz a mínima diferença. Só quer dizer que a representação mais conhecida da terra não é a única possível e que, como qualquer um que detenha um pingo de espírito critico sabe, todo conhecimento possível é relativo, não correspondendo a busca e afirmação de qualquer suposta verdade última das coisas que, é bom dizer, absolutamente não existe, assim como o coelinho da páscoa, deus ou papai Noel, já que todo conhecimento é também cumulativo .

A ruidosa repercussão da divulgação das imagens em referencia sob o senso comum midiático, parece-me no mínimo exagerada ou pouco qualificada, na medida em que sugere que nosso modo de representar o planeta, redondo e azul, estaria “errada”.

Na verdade, trata-se apenas de uma das maneiras possíveis, o que não exclui a forma geóide e, em termos práticos, se quer a contradiz, já que a olho nu a terra continuará parecendo redonda para qualquer observador situado no espaço. Mas não o será quando observada através de instrumentos mais precisos do que o olho humano.

Em poucas palavras, pouco importa se à luz das imagens da AEE a terra não é "redonda” desde que ninguém descubra que ela é plana ou quadrada...

ANEXO:
"A superfície terrestre é totalmente irregular, não existindo, até o momento, definições matemáticas capazes de representá-la sem deformá-la. A forma da Terra se assemelha mais a um elipsóide, o raio equatorial é aproximadamente 23 km maior do que o polar, devido ao movimento de rotação em torno do seu eixo."








quarta-feira, 30 de março de 2011

VIRTUAL FUTURE


Há muitos futuros
No meu passado,
No ingrato desafiar o tempo
Que arbitrariamente passa...

Há muitas  perdas,
Ganhos e letras;
Pouca existência...
Bem sei.

Mas há também coisas
Que os anos todos não dizem somados,
No perdido de cada gesto
De mera e paradoxal
 Imaginação...

BLACK FUTURE



Não posso saber
O tamanho
Do meu futuro...
Apenas vivo o agora
Como perpétuo esforço
Inspirado pelo incerto
Ato contínuo
De minha mera sobrevivência...

terça-feira, 29 de março de 2011

LITTLE GIRL BLUE

A alegria de uma pequena menina



Quebrou-se gratuitamente


Em uma inútil manhã chuvosa.


Apagou-se assim


Todo seu sentimento


De futuro e mundo.


Toda certeza de rosto


Dentro da multidão.


Nada mais importava


Para ela


Além da alegria quebrada


E agora vazia


Entre suas mãos,


Revelando a fragilidade


Dos significados guardados


Em todas as coisas vividas...

 



domingo, 27 de março de 2011

O ENIGMA DA CONTEMPORÂNEIDADE



O grande desafio da contemporaneidade é a invenção de uma realidade onde os grandes e últimos significados da existência humana já não sejam necessários para sustentar qualquer padrão de sociabilidade, onde possamos reinventar nossas vidas através da administração pragmática e utilitária do mero e simples acontecer cotidiano...

sábado, 26 de março de 2011

NOTA SOBRE A INVENÇÃO DA REALIDADE


Somos todos patéticos  prisioneiros de nossas próprias codificações da realidade, do mundo que inventamos ou se inventa através de nossos pensamentos e certezas de existência  diária... Somos como inventores que pensam ser a própria invenção... fugindo a elementar imanência que define cruamente todas as coisas em seu constante aparecer como nada e  mundo do qual nos apropriamos e humanizamos...
Retirado arbitrariamente  de seu contexto original, um fragmento do escritor  Gore Vidal parece fazer todo sentido aqui:
   
“ ...Mas como fazer para ser leal ao fato real das coisas se elas precisam ser reinventadas? Ou bem elas  estão aqui ou bem não estão. Seja como for, se as filtramos através da imaginação ( da reinvenção), perdemos a verdadeira objetividade, como o próprio Robbe- Grillet admite num desdobramento posterior de seu pensamento: “A objetividade, no sentido tradicional da pallavra- toda impessoalidade da observação-, não passa, é claro de uma ilusão. Mas deveria ser possível existir liberdade de observação,  e mesmo assim não existe”- porque um “envoltório constante de cultura ( psicologia, ética,metafísica, etc.) é acrescentado às coisas, conferindo-lhes um aspecto menos desconhecido”. Mas ele acredita que a “humanização” pode ser reduzida a um mínimo, se tentarmos “construir um mundo que seja ao mesmo tempo mais sólido e mais imediato. Que os objetos e os gestos se estabeleçam, antes de mais nada, por sua presença., e que sua presença continue prevalecendo sobre o subjetivo”.”

Gore Vidal LETRAS FRANCESAS: TEORIAS DO NOVO ROMANCE in DE FATO E DE FICÇÃO: Ensaios Contra a Corrente. SP: Companhia das Letras: 1987, p. 177  

FUNDAMENTOS DE UM NOVÍSSIMO NIILISMO


O MUNDO CONTEMPORÂNEO NÃO NOS INDUZ A QUALQUER BUSCA DE CONHECIMENTO, MAS A MERA ESTUPEFAÇÃO DIANTE DA CONSTRUÇÃO DOS  FATOS, A NÃO CONFIANÇA EM QUALQUER VIRTUDE DE TODA REPRESENTAÇÃO POSSIVEL DO REAL... APENAS APRENDEMOS A JOGAR O JOGO DOS SIGNIFICADOS DESPIDOS DE QUALQUER AUTÊNTICO SENTIMENTO DE “VERDADE”...