segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BALADA DO MAGO MERLIN



Procuro o peito
Da dama do lago
Que no espelho das águas
Vislumbra meu coração rendido,
que sabe em meus lábios
O  mais profundo sentimento  de mundo.

Procuro, desesperadamente,
A alegria de sua face amiga
Que cala a solidão,  o vazio e o absoluto ABSURDO,
Deixando-me sereno
Na doce prisão do amor mais autêntico...

Mas ela se perde nas brumas,
Etérea e ausente
Como um doce sonho de primavera...

MELANCOLIA


Quero respirar
Profundamente o momento
Até não me restar certezas,
Fatos e angustias,
Apagar o hiato que existe
Entre pensamento e existência
Inventado qualquer outro mundo
Na mais autêntica e funda
Ilusão de mim mesmo...

domingo, 26 de setembro de 2010

O TEMPO E O ESPIRITO by VIRGINIA WOOLF




"O tempo, embora faça desabrochar e definhar animais e plantas com assombrosa pontualidade, não tem sobre a alma do homem efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora, alojada no bizarro elemento do espírito humano, pode valer cinquenta ou cem vezes mais que a sua duração medida pelo relógio; em contrapartida, uma hora pode ser fielmente representada no mostrador do espírito por um segundo. "

Virginia Woolf, in 'Orlando'

O GRITO DAS HORAS


Soa no acaso
O grito das horas.
Mas mal posso escuta-lo
Com tanto tempo
Ventando na alma.

Lá fora
Muitos eus me procuram
Buscando aquele rosto
Que cedo perdi
Em qualquer canto
De um dia de agosto.

Nada trago na bagagem
Além de um céu que ganhei na infância
Nenhuma saudade
Percorre alegre e criança
Os arcos da memória,
Nenhuma lembrança.

As horas gritam...
E uma vida não basta
Para ser feliz

lapso


Entre a criança e o homem
Fica sempre um hiato,
Um infinito de qualquer coisa
Não identificável.
Um discreto extravio de alma
Que deixa a vida
Quase incompleta.