segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ESTETCA PÓS MODERNAMENTE VIVIDA



A contemporaneidade pressupõe em seus tantos desapegos culturais, um desaprendizado das convenções, das artificiais certezas que até pouco tempo sustentavam nossas singulares e compartilhadas trajetórias de vida.
Ganha agora o primeiro plano a fluidez do devir biográfico através do irracional das afetividades desarticuladas,  medos e desejos, que recodificam o existir humano, cada vez mais, como uma paradoxal alegoria de si mesma, um absoluto simulacro que inspira nossos vazios mais íntimos.    
 Por tudo isso, uma estética pós- moderna tem como uma de suas principais premissas a celebração do atomismo e do singular da individualidade humana, desnuda de qualquer projeto de sociedade o ideário social.  
Cabe-lhe apenas deixar acontecer o efêmero, o imanente, em um vertiginoso  caleidoscópio de imagens e experiências que não nos conduzem a qualquer outra coisa alem dos labirintos enterrados na alma de cada momento vivido

terça-feira, 3 de agosto de 2010

HEAVY METAL, A HISTÓRIA COMPLETA by IAN CHRISTE



Originalmente lançado em 2003 nos USA, HEAVY METAL: A HISTÓRIA COMPLETA by Ian Christe, é mais do que um mero revival  consagrado a experiência coletiva dos  “metaleiros”.
Trata-se,  antes de tudo, de uma peça de memória social que celebra o mais intenso e complexo gênero musical já derivado do bom e velho rock and roll.
Basta dizer que esta magnifica obra cobre um período que tem como marco de origem o lançamento do primeiro álbum do Black Sabbath, na sexta feira 13 de fevereiro de 1970, até o múltiplo e criativo cenário da cultura headbanger dos anos 2000; é bom lembrar,  privilegiado palco do “renascimento” de Ozzy Osbourne como celebridade, da definitiva consagração do Metallica e do  surgimento do estilo metalcore como expressão mais recente do  autentico e cru metal que, contrariando certas previsões, continua vivo...    
Christe fecha sua obra com um otimista balanço sobre as perspectivas do gênero neste sombrio inicio de século, onde o  heavy metal esta longe de perder sua vitalidade e potencial crítico-cultural.
Em suas próprias palavras,
“Apesar de ainda  estarem por vir  os álbuns marcantes desta nova era, o heavy metal começa o novo século revitalizado por uma nova geração de devotos. Os primeiros headbangers chegam hoje aos cinqüenta anos, e a musica  começa a gozar de um grau de respeito que anteriormente era inconstante. A cobertura do metal no grande circuito já não peca pelos estereótipos cansados de uma nota só em que os fãs são apenas adolescentes ignorantes. Enquanto os detalhes continuavam estranhos e misteriosos- e generalizações maldosas permaneciam sendo a norma-, a atual cobertura pelo menos minimamente vê a questão do metal com dignidade.
E, sobretudo, a longevidade da musica é sua própria condecoração. Sua resistência durante períodos de grande popularidade manteve-se viva e independente, e ataques de forças retrógadas em seu próprio território ou no exterior somente aumentarão sua força exterior. Seja no Iraque, Itália ou nos condomínios de New England, o heavy metal apresenta uma vida cultural em qualquer lugar que seja necessário. Canalizando a necessidade universal de gritar em grupos estáveis e ao mesmo tempo variados, o heavy metal encontrou sua essência e sobreviveu.
A partir de 2003, o termo “headbanger” até ganhou seu lugar no léxico inglês, apresentado e definido na décima primeira edição do dicionário Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary como um substantivo surgido em 1979 que significa: “ um musico que toca rock pesado” ou “um fã de rock pesado”. Para todos os efeitos, o termo que ficou  faltando- “heavy metal”- havia sido introduzido previamente e definido de maneira vaga como: “musica rock altamente amplificada e energética batida pesada”. Mesmo que definido sem precisão, o heavy metal continua misterioso e mais vivo do que nunca em sua busca por verdade em meio a uma tempestade de insensatez.”
( Christe Ian. Heavy Metal: a história completa; tradução de Milena Duarte  e Augusto Zantoz- SP: Arx, Saraiva, 2010; p. 467-468)     

NOTA SOBRE O DEVIR DO MUNDO



O mundo gira em busca de significados dos quais escapo em 
pensamentos e atos...



Nada me importa, nada me leva a nada e, a fora isso, tenho todas 
as possibilidades da existência humana aberta em horizontes que 
me constroem e devoram...

Cada palavra e frase é uma aventura que me define como 
labirinto de mim mesmo no absurdo de minhas rotas e 
provisórias certezas....

quinta-feira, 29 de julho de 2010

FOR SHARE



Tenho existido
A  milhas e milhas
De mim mesmo
Cultivando risos e fatos.

Nada me parece suficiente
Em meu ego enterrado
Nos desertos das circunstâncias,
Em dilacerados vazios
Escritos em letra torta
No quase impossível do mundo.

Isso me leva aos outros...

terça-feira, 27 de julho de 2010

AFORISMAS SOBRE A SIGNIFICAÇÃO DO FUTURO



Sei que o futuro nos olha na exata medida em que o miramos  mergulhados e náufragos entre os vazios do tempo presente...
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A essência do futuro é o sonho...
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A gramática da imaginação dos  horizontes inventa-nos futuros no lirico espaço do devir de nosso intimo sentimento de individualidade...
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O tempo presente, normalmente, opõe-se mais ao futuro do que ao passado...
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O futuro do presente ou o futuro do passado são tempos verbais que traem nossa ingênua representação linear do tempo vivido e perdido...
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Viver radicalmente o tempo presente é um modo de habitar futuros potencias através do que nos transcende como virtual experiência de codificação de mundo..
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Em sua concretude, o tempo é tudo aquilo que me mata...
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O único verdadeiro futuro é a morte como limite absurdo de nós mesmos enquanto codificação do real...
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Quem disse que a temporalidade faz algum sentido? Inventamos historiografias para lidar com isso...   

domingo, 25 de julho de 2010

The Beatles: the stories behind the songs” by Steve turner ,



Ouso afirmar sem qualquer pudor que “The Beatles: the stories behind the songs” by Steve turner , poeta britânico , foi definitivamente o melhor livro sobre Beatles que li até agora e que se converteu em uma referencia constante para  minha sensibilidade musical.
No prefácio que faz a sua magnífica obra, a qual dedico discaradamente um discurso apologético, o autor assim define sua proposta:
“O que tentei fazer  foi simplesmente contar a história de como cada canção surgiu. Pode ter sido uma inspiração musical, como tentar escrever ao estilo de Smokey Robinsson. Pode ter sido uma frase que ficou na cabeça, como “poos of sorow, waves of joy” , verso que compeliu John a escrever “Across the universe”.  Ou pode ter sido um incidente, como a morte do rapaz Tara Browne, da alta sociedade , que levou a composição de uma parte de “ A Day in The Life”.”
( Steve Turner. Prefácio in The Betles: A História por trás de todas as canções;tradução de  Alyne Azuma. SP: Cosac Naify, 2009; p. 6 )   
Esta idéia simples materializou-se em uma narrativa envolvente e fragmentada onde a história da maior banda de rock de todos os tempos, se me permitem a subjetividade, gradativamente vai se fazendo através da “micro-historia” de composição e significados de cada canção e álbum.
Em outro plano, trata-se aqui também da “historia” pessoal de nossas vivencias de cada canção no contexto de nossas lembranças e sentimentos.
Afinal, como observa o próprio autor:
“Quase quarenta anos depois dos Beatles terem parado de tocar juntos, suas canções ainda significam muito para nós. Para aqueles que cresceram com eles, são como antigos amigos que nunca cansamos de encontrar. Como iluminaram a nossa vida e talvez tenham até nos ajudado a despertar nossa curiosidade intelectual e espiritual, nossos sentimentos em relação a eles são sempre afetuosos. Descobrir de onde vieram nos ajuda a descobrir de onde nós mesmos viemos.”
( idem, p. 15)
Definitivamente   “The Beatles: the stories behind the songs”,   é uma obra que, embora distante das codificações de  tempo e memória dessacralizados inerentes ao discurso historiográfico, nos apresenta um modo de construir ou inventar a história onde, paradoxalmente, a objetividade do discurso é capaz de acordar afetividades e solidariedades em sua repercussão social. Esta é uma curiosa peculiaridade da Historia social do rock and rool...   

THE KING SUN



O sol decora o céu
Vestido de azul
Inspirando-me pensamentos
Enquanto cobre o mundo
Com as ilusões de calor e luz.

Agora é quase meio dia
E busco na paisagem de domingo
O consolo de Inércias e preguiças.

Mas nada é suficiente
Para calar meus íntimos demônios,
Minhas buscas e ansiedades,
Sobre o inerente acaso
Do fenômeno de minha mera
Respiração....

quinta-feira, 22 de julho de 2010

SOBRE INDIVIDUAÇÂO E SOCIABILIDADES


Quando estou entre os outros, torno-me de alguma forma,algo 
daquilo que todos  projetam em mim.


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Muitas pessoas não são dignas de serem vistas ou vividas apesar 
das etiquetas que inspiram a “boa sociedade”...


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A sociabilidade, em muitos casos, não passa de um monólogo coletivo...


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Conviver entre pessoas é o mesmo que preencher, o tempo todo, 
vazios de linguagem e significado...


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O uso pessoal de referências  coletivamente sugeridas, o tornar 
pessoal o socialmente condicionado, é um modo de apagar a si 
mesmo, tanto quanto uma estratégia de distinção social. Eis aqui 
o paradoxo do transpessoalmente vivido no espontâneo exercício 
de cada   indivídalidade, onde a igualdade se faz plural  e 
paradoxal singularidade...