Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
NOVAS JANELAS PARA O UNIVERSO by Maria Cristina B. Abdala e Thyrso Villela Neto é uma pequena brochura paradidádica destinada a um breve , porém substancial, panorama dos avanços da Astronomia comtemporânea.
Falando muito livremente, pessoalmente considero um dos méritos deste pequeno ensaio de ciências dedicado ao público leigo, o fato de nos induzir a uma conceituação mais ampla de meio ambiente que incorpora o sol, as estrelas e os planetas como parte de nosso meio vivido fomentando reflexões sobre como convencionalmente representamos a condição humana.
Afinal, enquanto codificação do real, todo conhecimento do universo é um conhecimento de nós mesmos através da linguagem e que invariavelmente produz realidades e situações novas.
Não por acaso o texto nos chama atenção para o significativo impacto que as tecnologias produzidas neste campo do saber cientifico exercem sobre o mais imediato cotidiano através de invenções hoje banais como o forno de micro ondas e nossos telefones celulares.
Mais o que este belo ensaio nos informa essencialmente é o surpreendente limite de nossos conhecimentos sobre o universo apesar de nosso enorme arcabouço tecno-científico. No dizer dos próprios autores:
“Segundo os melhores dados de hoje, apenas 4% DO Universo é constituído de matéria cujo comportamento é regido por teorias conhecidas, ou seja, a matéria comum composta pelos elementos conhecidos da tabela periódica, opacos ou que emitem luz. Por sua vez, 26% do que se observa no Universo é feito de uma matéria que de fato não conhecemos, chamada matéria escura. A tendência em favor da matéria escura entrou no cenário da Astrofísica e solidificou-se, baseada em firmes dados de pesquisa sobre toda a matéria existente no Universo. Depois de anos e anos de observações, os cientistas concordam que, por meio de uma aritmética simples, a soma de toda matéria não exótica com a exótica explica apenas 30% do Universo!
Além da matéria escura exótica, hoje em dia não há mais duvidas de que deve existir ainda um outro tipo de elemento no universo. Esse novo ingrediente foi chamado de energia escura e isso significa que 70% do Universo é regido por ela. Finalmente, temos a contribuição dos fótons, que é muito pequena, responsável pela temperatura do Universo ser hoje de 2,726K.
Resumindo, os valores aproximados para constituição do Universo são os seguintes:
CONSTITRUINTES DO UNIVERSO QUANTIDADE
Fotons 0,005
Matéria luminosa 0,5
Matéria escura não exótica 3,5
Matéria escura exótica 26
Energia escura 70
Isso significa que desconhecemos a constituição de quase 96% do Universo! A maior parte dele é permeada por uma matéria ou energia escura que não podemos ver nem entender ainda. Significa ainda que 96% da gravitação que se manifesta no Universo não pode ser atribuída a aglomerados isolados de matéria. Entender esses números é uma das grandes tarefas da Física Moderna.”
( Marisa Cristina B Abdalla. Thyrso Villela Neto. Novas Janelas para o Universo. SP: Editora UNESP, 2005 ( Coleção Novas Tecnologias), p. 104-105)
Creio que o presente fragmento é mais do que suficiente para nos induzir a uma reflexão sobre os contemporâneos limites do conhecimento humano e de nossas representações convencionais de realidade.
Ainda nos movemos essencialmente sobre o desconhecido no que diz respeito a existência e nenhuma fantasia religiosa pode dar conta das enormes lacunas de nosso conhecimento. Mas isso é o mesmo que dizer que a aventura humana , depois de tantas centenas de anos, ainda se encontra em seu mais elementar limiar...
Não sei o que me define no cotidiano jogo das sociabilidades humanas. Não sei meu lugar entre os outros que povoam o acontecer da minha vida... Pois tudo que me importa é estar perdido em mim mesmo no insólito e dialético exercício de invenção e reinvenção constante de meus eus projetados e em irracional movimento...
Sei que não passo de uma conformada vítima de mim mesmo...
Embora possua uma obra bastante extensa e possa ser considerado o pai da moderna prosa norte americana, Herman Melville (1819-1891) é lembrado em todo mundo pela consagração de seu mais impactante e fascinante romance, definitivamente revolucionário para época em que foi publicada, sobre a baleia branca e seu incansável algoz.
Moby Dick possui lugar privilegiado no cânone da literatura universal. Por isso é realmente irritante vê-lo convencional e corriqueiramente classificado como um romance de aventura, dadas suas tantas versões condensadas destinadas ao público infanto-juvenil.
Trata-se, afinal, de uma narrativa épica e complexa cujo grande tema é a própria condição humana e sua teleologia, nossa dramática aventura através do mundo natural que, tomando como parâmetro a imanência como essência do humano, cotidianamente nos confere significado e propósito.
As intermináveis descrições de aventuras e lembranças de sua viagem de três anos pelos mares do sul abordo do baleeiro Pequod, pelo narrador identificado como Ismael, os grandes trechos de não-ficção sobre variados assuntos, desde a caça as baleias à reflexões metafísicas, conferem a obra uma densidade só comparável a de um bom tratado de filosofia.
Não seria, aliais, exagero dizer que no fundo é justamente isto que Moby Dick é, um tratado de ontologia ou teologia... Afinal, a obsessão do capitão Ahab por sua baleia branca é de natureza religiosa no mais radical sentido passível de ser atribuído a tal palavra.
Estamos falando de um trágico confronto entre a razão humana e a razão animal em um combate épico onde o que está em jogo é o significado e conteúdo da própria existência, mas que aos poucos vai revelando apenas a fragilidade de nossas mais arraigadas convicções e valores humanos...
Mob Dick nos lembra o quanto sermos humanos definitivamente não quer dizer absolutamente grande coisa...
Segundo o escritor e tradutor Carlos Heitor Cony na introdução que fez a sua tradução condensada da obra para o português,
“Melville conseguiu impor ao seu romance um significado que transcende ao de simples aventura. Moby Dick é, sobretudo, o Absoluto, o Absurdo, o Infinito, talvez o próprio Deus, que os homens teimosamente tentam apreender e assimilar. A obstinação do capitão Ahab em busca de sua enorme baleia branca tem um patente significado místico e talvez sexual. Sua luta contra o monstro inatingível é a própria busca de um destino que por ser absurdo não deixa de ser profundamente humano. E sua derrota é humana também.”
A REALIDADE EXISTE ATRAVÉS DAS RETÓRICAS ESTABELECIDAS PELOS TEXTOS VIVOS QUE SOMOS NO EXERCICIO DE NOSSA INDETERMINADA E VIRTUAL CONDIÇÃO HUMANA.
EM CERTO SENTIDO, NOS FAZEMOS ENUNCIADOS DO MUNDO NA EXATA MEDIDA EM QUE O INVENTAMOS.
SOMOS OS NARRADORES E AS PRÓPRIAS NARRATIVAS, COMO SE A LINGUAGEM TIVESSE UMA EXISTÊNCIA PRÓPRIA E AUTONOMA ATRAVÉS DE TUDO AQUILO QUE SOMOS EM SEU EXERCICIO...