quinta-feira, 17 de junho de 2010

SOCIABILIDADES E INDIVIDUALIDADE


Não sei o que me define no cotidiano jogo das sociabilidades humanas. Não sei meu lugar entre os outros que povoam o acontecer da minha vida... Pois tudo que me importa é estar perdido em mim mesmo no insólito e dialético exercício de invenção e reinvenção constante de meus eus projetados e em irracional movimento...
Sei que não passo de uma conformada vítima de mim mesmo...  

quarta-feira, 16 de junho de 2010

LET IT BE



Tudo que agora
Posso dizer ou fazer
Contra os fatos
Que me enterram neste momento é...
LET IT BE...

Futuro algum
Avança no espelho
Ou no dizer de relógios,
Calendários e atos
centenários em alma...
LET It BE ...

Mesmo assim
Me refaço
Em uma minima manhã vazia
Acreditando no resto
Dos dias
Que contra mim
Correm em frente
Percorrendo o avesso
Dos meus passados...

MASK



Minha vida
Ganha um rosto
Que não conheço
No estreito espelho
Do dia a dia.
Sei que
A cada passo
Ultrapasso fatos
Surpreendendo-me
Como opaca variação
Da soma torta dos meus eus perdidos...
Tudo agora
É impreciso
Em um sempre igual e morto amanhã...

ACASO DO ACASO


Tudo aquilo
Que não pude ser
No se fazer do mundo
Realiza-se na existência
De algum anônimo
Que em mim esbarra
Ao passar sem rumo
No passeio público...
Afinal,
É próprio do destino
Não ter rostos
E da sorte
Ignorar nomes...

domingo, 13 de junho de 2010

Led Zeppelin - Moby Dick

MOBY DICK by HERMAN MELVILLE



Embora possua uma obra bastante extensa e possa ser considerado o pai da moderna prosa norte americana, Herman Melville (1819-1891) é lembrado em todo mundo pela consagração de seu  mais impactante e fascinante romance, definitivamente revolucionário para época em que foi publicada, sobre a baleia branca e seu incansável algoz.
Moby Dick possui  lugar privilegiado no cânone da literatura universal. Por isso é realmente irritante vê-lo convencional e corriqueiramente classificado como um romance de aventura, dadas suas  tantas versões condensadas destinadas ao  público infanto-juvenil.
Trata-se, afinal, de uma narrativa épica e complexa cujo grande tema é a própria condição humana e sua teleologia, nossa dramática aventura através do mundo natural que, tomando como parâmetro a imanência como essência do humano, cotidianamente nos confere significado e propósito.  
As intermináveis descrições de aventuras e lembranças de sua viagem de três anos pelos mares do sul abordo do baleeiro Pequod, pelo narrador identificado como Ismael, os grandes trechos de não-ficção sobre variados assuntos, desde a caça as baleias à reflexões metafísicas, conferem a obra uma densidade só comparável a de um bom tratado de filosofia.
Não seria, aliais, exagero dizer que no fundo é justamente isto que Moby Dick é, um tratado de ontologia ou teologia... Afinal, a obsessão do capitão Ahab por sua baleia branca é de natureza religiosa no mais radical sentido passível de ser atribuído a tal palavra.
Estamos falando de um trágico confronto entre a razão humana e a razão animal em um combate épico onde o que está em jogo é o significado e conteúdo da própria existência, mas que aos poucos vai revelando apenas a fragilidade de nossas mais arraigadas convicções e valores humanos...
Mob Dick nos lembra o quanto sermos humanos definitivamente não quer dizer absolutamente grande coisa...  
Segundo o escritor e tradutor Carlos Heitor Cony  na introdução que fez a sua tradução condensada da obra para o português,

“Melville conseguiu impor ao seu romance um significado que transcende ao de simples aventura. Moby Dick é, sobretudo, o Absoluto, o Absurdo, o Infinito, talvez o próprio Deus, que os homens teimosamente tentam apreender e assimilar. A obstinação do capitão Ahab em busca de sua enorme baleia branca tem um patente significado místico e talvez sexual. Sua luta contra o monstro inatingível é a própria busca de um destino que por ser absurdo não deixa de ser profundamente humano. E sua derrota é humana também.”

sobre pesamento e linguagem


 A REALIDADE EXISTE ATRAVÉS DAS RETÓRICAS ESTABELECIDAS PELOS TEXTOS VIVOS QUE SOMOS NO EXERCICIO DE NOSSA INDETERMINADA E VIRTUAL CONDIÇÃO HUMANA.
EM CERTO SENTIDO, NOS FAZEMOS ENUNCIADOS DO MUNDO NA EXATA MEDIDA EM QUE O INVENTAMOS.
SOMOS OS NARRADORES E AS PRÓPRIAS NARRATIVAS, COMO SE A LINGUAGEM TIVESSE UMA EXISTÊNCIA PRÓPRIA E AUTONOMA ATRAVÉS DE TUDO AQUILO QUE SOMOS EM SEU EXERCICIO...   

LEITURA PÓS JUNGUINANA DO ARQUETIPO DE ANIMA



Em termos pós-junguinanos, anima é uma fantasia meta erótica contra sexual que demonstra na psique masculina o quanto sexo e imaginação são fenômenos psíquicos interligados de uma forma arcaica e impessoal.
Quanto mais exploramos as fantasias eróticas associadas as vivencias masculinas das imagens primordiais e representações simbólicas do feminino através do encontro intimo com mulheres , mais somos surpreendidos pela pertinência do mito como privilegiada modalidade de  codificação do vivido.
  

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Let Down

I'm SORRY...


Derramei emoções
Sobre uma mesa fria
Mirando a face
De uma desbotada fotografia
De tempos perdidos...
Mas já nada
Tinha a dizer ao passado.
Tudo já fora acontecido,
Esgotado e dito...
Engasgado
Com meus eus distantes
E perdidos
Cuspi no presente
Meus retrocedidos futuros...