Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
REAL
O discreto som dos atos
Imprimindo
Meu nome nas coisas
Define-me no mundo
E no tempo.
I exist here...
Estou em cada objeto
Que toco e transformo,
Em cada beijo perdido,
Indeciso e provisório,
Guardado em silencios...
I exist here...
sábado, 1 de maio de 2010
UM FRAGMENTO DE WITTGENSTEIN
110- “O pensar, mais sua aplicação, procede passo a passo, como um calculo.- Sejam quantos forem os passos intermediários que eu inserir entre o pensamento e sua aplicação, cada passo intermediário sempre segue o anterior sem nenhum elo intermediário e, da mesma maneira, também a aplicação segue o último passo intermediário. É o mesmo como quando queremos inserir elos intermediários entre a decisão e a ação.
A ambiguidade de nossas maneiras de nos expressar: Se nos fosse dada uma ordem em código com a chave para traduzi-la para o inglês, poderiamos chamar o procedimento de construir a forma inglesa da ordem de “ derivação do que temops de fazer a partir do código” ou “derivação daquilo que é executar a ordem”. Se, por outro lado, agirmos segundo a ordem, obedeceremos a ela, aqui, também, em certos casos, poderemos falar de uma derivação da execução.
Não poderemos transpor a ponte para execução até estarmos lá.”
Ludwig Witengenstein. Gramática Filosófica. organização de Rush Rhees/ tradução Luis Carlos Borges. SP: Edições Loyola, 2003
SOBRE A ESSENCIA DE DUVIDAR DE TUDO
O aprendizado do que nos é estranho e desaprendizado do que nos é familiar é uma imposição constante do aleatório devir da existência.
Certeza alguma é menos inequivoca do que este movimento de reflexão er pensamento que revela a duvida como a mais elementar fundamentação do que podemos conceber sobre o mundo e as coisas...
quinta-feira, 29 de abril de 2010
SOBRE A ILHA DOS CONDENADOS by STIG DAGERMAN
Segundo romance do escritor sueco Stig Dagerman ( 1923-1954) A Ilha Condenada é quase um pesadelo vivido por sete naufragos isolados em uma ilha deserta a espera da morte... Em cada capitulo nos é apresentado o perfil psicológico de cada um através de uma narrativa recheada de simbolismos, devaneios e ansiedades que nos conduzem aos abismos da condição humana...
"Simbolicamente apenas? Mas não será tudo simbólico? Não o são as nossas realizações, ainda que nos batamos num mundo feito de milhões de relações humanas e com milhões de destinos entre os nossos dedos? As nossas realizações não serão, mesmo nos melhores momentos, tão lamentáveis que o combate que travámos por elas perderia todo o valor se lhes não déssemos uma importância simbólica, uma importância de combate enquanto combate? Que escassos resultados práticos! Seríamos capazes de fazer fosse o que fosse, a menor acção, se tratássemos os símbolos como realidades práticas?
(...)
(...)
Viver era como correr em círculo num grande labirinto, esse género de labirinto para crianças que se vê em certos parques de jogos modernos; em cima de uma pedra no meio do labirinto há uma pedra brilhante; os míudos chegam com as faces coradas, cheios de uma fé inabalável na honestidade do labirinto e começam a correr com a certeza de alcançarem dentro de pouco tempo o seu alvo. Corremos, corremos, e a vida passa, mas continuaremos a correr na convicção de que o mundo acabará por se mostrar generoso para quem correr sem desãnimo, e quando por fim descobrimos que o labirinto só aparentemente tende para o ponto central, é tarde demais - de facto, o construtor do labirinto esmerou-se a desenhar várias pistas diferentes, das quais só uma conduz à pérola, de modo que é o acaso cego e não a justiça lúcida o que determina a sorte dos que correm.
Descobrimos que gastámos todas as nossas forças a realizar um trabalho perfeitamente inútil, mas é muito tarde já para recuarmos. Por isso não é de espantar que os mais lúcidos saiam da pista e suprimam algumas voltas inúteis para atingirem o centro cortando caminho. Se dissermos que se trata de uma acção imoral e maldosa, não devemos esquecer que a imoralidade de um homem não poderá, nunca por nunca ser, competir com o malefício da ordem do mundo cujas engrenagens bem oleadas funcionam sempre na perfeição. Temos, por um lado, um desespero que se incendeia rapidamente assumindo formas cada vez menos equilibradas e, por outro lado, uma consciente imoralidade de reflexos metálicos e glaciais, orgulhosa do seu gelo e do seu fulgor.
(...)
Uma vez que estamos sós no mundo, ou pelo menos não tão sós como gostaríamos de estar, temos o dever de dominar as nossas explosões, de fazer com que as explosões inevitáveis da nossa maldade ou da nossa bondade paradoxais vão aproximativamente no sentido do fim aproximativo. Quanto ao fim, talvez não seja lá muito importante determiná-lo com a precisão sádica que encontramos no sistema do mundo e no destino quando ambos se associam para determinar a posição do homem no espaço e no tempo.
Devemos evidentemente batermo-nos contra os dois, e como o mais importante é manter a direcção justa do fim talvez errado, é-nos necessário aguçar a nossa lucidez a fim de a tornarmos cortante como uma lâmina, acerada como uma seta, percuciente como uma punção. É graças a essa lucidez que funciona a nossa consciência, que não passa afinal de uma transcrição idílica do nosso medo, porque o medo lembra-nos infatigavelmente a direcção justa, e se sufocarmos o nosso medo, perderemos a possibilidade de nos orientarmos numa direcção determinada e daremos aqui e ali lugar a uma série de estúpidas explosões privadas, causando os piores estragos para um mínimo de resultados. É por isso que devemos conservar dentro de nós o nosso medo como um porto sempre livre de gelos que nos ajude a passar o Inverno, e também como uma corrente submarina vibrando por baixo da superfície gelada dos rios."
Stig Dagerman in A ILHA DOS CODENADOS
Devemos evidentemente batermo-nos contra os dois, e como o mais importante é manter a direcção justa do fim talvez errado, é-nos necessário aguçar a nossa lucidez a fim de a tornarmos cortante como uma lâmina, acerada como uma seta, percuciente como uma punção. É graças a essa lucidez que funciona a nossa consciência, que não passa afinal de uma transcrição idílica do nosso medo, porque o medo lembra-nos infatigavelmente a direcção justa, e se sufocarmos o nosso medo, perderemos a possibilidade de nos orientarmos numa direcção determinada e daremos aqui e ali lugar a uma série de estúpidas explosões privadas, causando os piores estragos para um mínimo de resultados. É por isso que devemos conservar dentro de nós o nosso medo como um porto sempre livre de gelos que nos ajude a passar o Inverno, e também como uma corrente submarina vibrando por baixo da superfície gelada dos rios."
Stig Dagerman in A ILHA DOS CODENADOS
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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