segunda-feira, 19 de abril de 2010

META INFÂNCIA




Em algum canto

De paz e sonho,

Perdido entre madrugadas

E imaginações,

me reinvento em um sonho bom.





A criança que fui um dia

Envia mensagens do além,

tem nostalgia de futuros

que ficaram esquecidos

na velha caixa de brinquedos.



sexta-feira, 16 de abril de 2010

INDIVÍDUO E SOCIEDADE

Eu amo o vazio



Que em cada dia


Acorda os desafios


De cada momento.






Adoro o tempo


Ao qual me rendo


Em gradativo desaparecimento...






Gosto de aprender


A ser o minimo


Que me diz o rosto


Entre os outros


Em anônimo nada...







quarta-feira, 14 de abril de 2010

CONSCIÊNCIA E LINGUAGEM

A consciencia é como o fluir de um rio, um ininterrupto fluxo de imagens e pensamentos no impreciso vir a ser da condição humana. Mas Nõ existe uma conexão direta entre consciencia e realidade ( ou representações de realidade), muito menos um processo mental ao qual nos referimos quando falamos em consciencia. Aquilo que vagamente definimnos como mente não condiciona a formação de enunciados simbolicos ou codificações da realidade. Pois a consciencia é um grande vazio para o qual toda significação possivel é uma premissa linguistica, uma vez que toda figuração do mundo é uma função da linguagem e não do pensamento...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

SOBRE LITERATURA BEAT

A chamada Geração Beat, é uma das principais matrizes da cultura contemporânea. Seu legado, entreto, é pouco discutido e permaneça envolvido por varios estereótipos e preconceitos. Contrariando esta tendência geral, o ensaio A GERAÇÃO BEAT de Claudio Willer é uma satisfatória introdução ao tema.


Não é minha proposta aqui propriamente resenhar o texto de Willer, mas a partir dele apontar para atualidade da cultura beat. Afinal, o autor nos oferece um panorama amplo e consistente desta verdadeira explosão de criatividade e renovação literária que sacudiu os Estados Unidos a partir dos anos 50. Para Willer, uma das peculiaridades desta literatura, quando comparada a movimentos vanguardistas como o surrealismo, é sua diversidade interna e multiculturalismo, além da informalidade que condicionaria seu desenvolvimento ao longo de decadas.

Embora originado como movimento literário entre os anos de 1944 e 1958(9) através da colaboração e convergência de um pequeno grupo de jovens escritores como Jack Kerouac, Neal Cassady, William Burroughs, Hebert Huncker, John Clellon Holmes e Gregory Corso, a cultura beat reinventou-se ao longo dos anos 60 do ultimo século, ampliando-se e transmutando-se em contra cultura, rebeliões juvenis e Flower Power.

Como observa Willer quanto a este particular, assim como o surgimento do Beat é marcado pela dramática tentativa de censura dos textos , a contra cultura o foi pela ação policial direta. Tal ação repressiva, paradoxalmente, muito contribuiu para a conquista da quase irrestrita liberdade de expressão da qual gozamos nos dias de hoje.

Apesar desta simbiose entre cultura beat e contra cultura, vale assinalar que a primeira, após a perda do prestigio da segunda em fins dos anos 70, permaneceu despertando forte fascínio e interesse.

Segundo Willer

“ A contra cultura foi a última manifestação de alcance universal do século XX. Dai em diante, desde 1968, sucederam-se movimentos de afirmação de particulares, nacionais ou regionais,n e das minorias e setores especificos da sociedade. A cultura jovem segmentou-se e fragmentou-se em tribos e tendencias: punks, góticos, neo-hipies; a militancia politica de esquerda, em tendências, facções, conventículos. Haverá quem diga que a movimentação mais recente associada ao Forum Social Mundial é uma retomada da mobilização planetária; contudo, por mais expressiva que seja, não se mostra capaz, como o foram as revoltas de 1968, de paralisar uma nação ( como aconteceu na França em maio de 68) ou de colocar governos em xeque.

Mas o eclipse da contracultura não determinou o declinio do prestígio da beat. Ao contrário: é como se, freado o movimento alternativo, houvesse o retorno àquilo que o originou, a uma densidade inerente à pesquisa e à invenção literária, talvez perdida com a subsequente massificação. Muitos autores podem ser associados à geração hippie e à contracultura; sua expressão artística é evidente na música, do experimentalismo lisérgico à canção de protesto, e em diversidade de criações em artes visuais e multimeios. Mas não se pode designar essa produção de contracultura nos mesmos termos em que se fala de beat, essa sim, movimento literário em primeiro lugar, e acontecimento comportamental em seguida, por consequência.”

( Claudio Willer. Geração Beat. Porto Alegre: L&PM, 2009 ( coleção L&PM Pocket); p.110-111)


EGO AND TIME


Sei que não posso

Retroceder nos caminhos dos anos,
Reinventar-me
Nos fatos estáticos
Que me decoram biografias,
Para respirar em alivio
Outros futuros.


Pois este eu
Que ora escreve,
Não é o mesmo
Que intensamente
Provou o passado
E, muito menos,
Será aquele que viverá
Meu último suspiro...

sábado, 10 de abril de 2010

H L MENCKEN: A VIDA COMO CRITICA DE TODAS AS COISAS


No cenário ca cultura norte americana dos anos 20 e 30 do último século, o nome do filologo, critico e jornalista H L Mencken (1880-1956) tem merecido destaque pelo humor corrosivo, sarcasmo, e refinado espirito critico que lhe permitiam dissertar com maestria sobre as multiplas manifestações da estupidez humana.

Seja ridicularizando o fundamentalismo religioso, tão caro a cultura norte americana, desqualificando a politica e os cotidianos preconceitos do cidadão mediano, Mencken produziu uma obra tão singular para a época que podemos considera-lo um prercursor do modernismo na literatura americana e uma especie de Bernard Shaw da america.

Sua obra, embora produzida a quase um século, me é profundamente contemporânea e inspiradora pelo seu criticismo absoluto, mais do que nunca atual. Afinal, a individualidade é cada vez mais um excercicio de critica de todas as coisas... 

Reproduzo aqui alguns fragmentos de textos reunidos na coletanea O Livro dos Insultos de H L Mencken, selecionado, traduzido e prefaciado por Ruy Castro:



“ Um dos princiapais encantos da mulher na sociedade humana talvez seja o fato de que elas são relativamente incivilizadas.”

*

O homem, na melhor das hipóteses, continua uma espécie de animal cambeta, incapaz de tornar-se redondo e perfeito como, digamos uma barata é perfeita.”

*

O MEDICO

“A medicina preventiva é a corrupção da medicina pela moralidade. É impossivel encontrar um medico que não avacalhe sua teoria da saude com a teoria da virtude. Toda a medicina, de fato, culmina numa exortação etica. Isto resulta num conflito diametral com a ideia de medicina em si. O verdadeiro objetivo da medicina não é tornar o homem virtuoso; é o de protege-lo e salvá-lo das consequencias de seus vivios. O medico não prega o arrependimento; ele oferece a absorvição.”

*

Talvez a qualidade mais valiosa que qualquer homem possa ter neste mundo seja um ar naturalmente superior, um talento para impinar o nariz com desprezo.”

*

O CREDULO

“A fé pode ser definida em resumo como uma crença ilogica na ocorrencia do improvável. Ela contem um sabor patológico;extrapola o processo intelectual normal e atravessa o viscoso dominio da metafisica transcendental. O homem de fé é aquele que simplesmente perdeu (ou nunca teve) a capacidade para um pensamento claro e realista. Não que ele seja uma mula; é, na realidade, um doente. Pior ainda, é incurável, porque o desapontamento, sendo essencialmente um fenomeno objetivo, não consegue afetar sua infermidade subjetiva. Sua fé se apodera da virulência de uma infecção crônica. O que ele diz, em suma, é: “Vamos confiar em Deus, Aquele que sempre nos tapeou no passado”.

*

“Talvez a mais valiosa de todas as propriedades humanas, depois de um ar de empáfia e superioridade, seja a reputação de bem sucedido. Nenhuma outra coisa torna a vida mais fácil.”

*

“Todo home descente se envergonha do governo sob o qual vive.”

*

Todo artista de alguma dignidade é contra seu próprio pais. Pense em Dante, Tolstoi, Shakespeare, Rabelais, Cervantes, Swift e Mark Twan.”

*

“A democracia é a arte e a ciencia de administrar o circo a apartir da jaula dos macacos.”

*

“A monogamia mata a apixão- e a paixão é o mais perigoso de todos os inimigos da civilização”

Referencia das citações: H L Mencken.  O livro dos insultos de H L Mencken/ Seleção, tradução e prefácio de Ruy Castro. SP: Companhia das Letras, 1989, 3° reimporessão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

THE DAY AFTER


Sei que o dia seguinte

Pode não trilhar a rotina
Do existir de agora,
Explodir em inesperados acasos,
Desconstruindo certezas e planos,
Soterrando-me em fatos e enigmas
De acontecimentos nus...

YES...


Aprendo a tropeçar no instante,

Cair no momento,
Para inventar horas,
Passados e futuros
Delirando o presente
Entre memórias que brotam
De algum ideal de ego cravado
Entre o tempo e o espaço...
Mas sinto-me timidamente
Algo mais que isso...

Yes, I Can’t...



quarta-feira, 7 de abril de 2010

PESSOAL ANONIMATO


Sei que sou apenas

Qualquer pessoa
Aos olhos dos outros.

Uma opaca realidade
De carne e osso
Sem significativa substancia,
Qualquer incerta coisa de mundo
Que lentamente se acaba no tempo
Ferindo esquecimentos
E inventando memórias...



sexta-feira, 2 de abril de 2010

SIGNIFICADO DO PÓS MODERNISMO


A teoria da pos modernidade, em suas tantas formulações e versões, pressupõe a hipótese de que vivemos em uma época de transição e desconstruções.

Contra o télos histórico da modernidade, o ideal abstrato de uma emancipação humana através de um projeto racional, a pós modernidade sustenta uma releitura do micro-universo do efêmero, do anedótico e singular.

Desfazendo os universais de inspiração metafísica, afirma uma imagem de mundo fundada no ilegível da condição humana e no aleatório devir de todas as coisas entre arte e ciência...