segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A INDIVIDUALIDADE COMO SEGREDO

A essência da individualidade é a afirmação da singularidade, o que é o mesmo que dizer que ela é definida pela capacidade de cada um para interagir com os outros de modo contraposto apesar da intermediação de um referencial simbólico compartilhado. Desta forma, se a auto-consciência é um fenômeno ambíguo condicionado a mentalidade coletiva, o mesmo não se pode dizer com relação ao sentimento irracional de propósito ou meta particular que define a experiência de uma dada biografia vivida. Refiro-me aquele conjunto de fantasias pessoais que aproximam o esforço de perpetuação e construção de uma existência singular da construção de uma obra artística cujo conteúdo e significado não somos capazes de compartilhar com os outros, mesmo quando lhe comunicamos.

Tornar-se um individuo é adquirir-se como “um segredo” ou meta-significado, como um complexo processo irracional e ontológico que escapa a qualquer expressão lingüística.

É justamente como indivíduos que somos capazes de transcender a natureza através de uma consciência diferenciada.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

SEA...

O mar de agora

Não guarda os mesmos encantos
Que o mar antigo,
Já não nos conduz
Ao desconhecido.
Mas ainda é em essência
Infinita imensidão
A desafiar a humana finitude.

O mar
Ainda impõe fantasmalidades
E fantasias
Embalando pensamentos
De aventura e solidão
No gritar de algum
Mundano desafio.

The sea is the life
And time...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

NOTA SOBRE O PARADOXO DA INDIVIDUALIDADE HUMANA

É na medida em que nos fazemos cada vez mais conscientes de nós mesmos que inventamos e reinventamos o mundo, nosso sentimento próprio de singularidade, que nos permite compartilhar subjetivamente o existir humano.

Nos individualizamos através dos outros em paradoxo esforço de íntimo acontecer...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DESAFIO

A existência segue no vazio de rotinas, enquanto administro o tempo que passa refazendo a mim mesmo nos atos de dia a dia. Sei que brinco constantemente com o acaso, tentando me tornar futuro no superficial dos mais íntimos fatos.

O que sei é que talvez passe a vida inteira tentando inutilmente escrever dentro do tempo um especial momento de ser entre as coisas...



sábado, 6 de fevereiro de 2010

NOWHERE MAN FOREVER...?


A VIDA ACONTECE


LÁ FORA E NESTE MOMENTO,

INDEPENDENTE DO QUE FAÇO

E PENSO

AQUI DENTRO...



NÃO EXISTO PARA O MUNDO

E ELE POUCO SIGNIFICA

PARA MIM.



A ÚNICA REALIDADE

QUE CONHEÇO

E RECONHEÇO

É A DO MEU PRÓPRIO EU...

I'M NOWHERE MAN...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CANT’T BUY ME LOVE by JONATHAN GOULD III


Em CANT’T BUY ME LOVE, Jonathan Gould identifica algumas particularidades importantes que contribuíram para tornar os Beatles a mais emblemática e impactante banda de rock de todos os tempos.
Segundo o autor, por exemplo, os Beatles foram os primeiros artistas não americanos com exposição na mídia de massa a conquistar a condição de SUPERSTAR em caráter mundial. Ao mesmo tempo, eles também negavam todos os estereótipos do que significava ser inglês em 1964, ou seja, após o desmonte do Império Colonial Britânico.
Em suas palavras,

“... ao afirmar sua origem na cidade portuária de Liverpool, no Lancashire, cuja população poliglota de minorias étnicas e religiosas faziam dela a cidade menos homogeneamente “inglesa” da Inglaterra. Os Beatles personificavam uma versão iconoclasta de sua identidade nacional que se provou tão atrativa para as juventudes norte-americana, européia, australiana e de partes da Ásia quanto os fãs britânicos.”
( Jonathan Gould. Cant’t Buy Me Love: OS Beatles, A Grã Bretanha e os Estados Unidos./ Tradução Candoba. SP: Larouse, 2009, p. 18)

Também sua identidade enquanto banda de rock os distinguia dos seus pares, pois:

“Os Beatles eram uma visão de auto-suficiência, independência e ambição compartilhada que proporcionou a musica popular o arquétipo de “banda de rock”, um modelo de organização musical que viria a perdurar nas décadas seguintes.”
(Idem)

Em essência a ascensão dos Beatles foi, entre outras coisas, um sintoma de profundas mudanças nas relações anglo-americanas ocorridas após a Segunda Grande Guerra, quando a Inglaterra, a maior nação imperialista do séc.XIX, cedeu lugar no cenário mundial aos USA, a maior nação internacionalista do séc.XX. Fato político que determinou profundamente a evolução ( ou revolução) cultural da segunda metade do século XX.

PERSONA


Parte de mim é triste

Por não reconhecer
Diante do espelho
O rosto que me sustenta
Entre os outros.
Pois sabe que,
Ao mesmo tempo,
Ele me apaga de mim mesmo
No silencio da aparência,
Obscurecendo a abstrata face
Que me torna humana ilusão
No acontecer do tempo...



OPUS



Enterro futuros
Nas almas das coisas
Através dos atos
Que me definem
Provisoriamente
Como migalha
De sangue e carne...


Meu destino, entretanto,
Pouco me importa....

Aceito no mesclar dos dias

O novíssimo acontecer de mim mesmo,
O efêmero e agora da vida,
Como principio único da existência.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

MORTE AO VIVO ( THE LIVING END) BY STANLEYN ELKIM


Originalmente publicado em 1979 MORTE AO VIVO ( THE LIVING END) by Stanleyn Elkim, permanece sendo uma perola única da ficção contemporânea norte americana. Arrisco-me a defini-la como uma espécie de comedia teológica, gênero que deveria ser mais explorado, onde os valores morais e crenças de inspiração judaico cristã, inspiradas pelo maniqueísmo entre o bem e o mal são relativizadas em uma metafísica comedia de costumes...

Ellerbee, a personagem central da narrativa, é o correto e digno dono de uma loja de bebidas que acaba assassinado durante um assalto. Em sua vida alem tumulo ele se confronta com o caprichoso e megalomaniaco deus do antigo testamento, que não exita em lhe mandar para o inferno simplesmente porque costumava abrir seu comercio aos domingos.

Com um humor corrosivo Elkim cria um cenário e uma leitura insólita e absurda da vida após a morte revelando o lado sombrio do criador e da eternidade; lado tão sombrio que dispensa a existência de um opositor personificador do principio do mal.

A narrativa termina com um surpreendente juízo final, aqui entendido como a ressureição dos mortos e o golpe final de deus diante de uma perplexa e mal resolvida “sagrada família”.

Trata-se, definitivamente, de uma experiência única mergulhar nas paginas desta deliciosa paródia da “Divina Comedia”....

BLACK TIME


Agora a pouco



O tempo


Passou por mim


Sonhando...


Passou triste


E pensativo,


Sem ilusões de eternidades.


Sei que buscava em silencio


O mais intenso


Dos futuros possíveis,


As mais profundas horas


De um amanhã desnudo


E ininteligível que jamais viverei...