A essência da individualidade é a afirmação da singularidade, o que é o mesmo que dizer que ela é definida pela capacidade de cada um para interagir com os outros de modo contraposto apesar da intermediação de um referencial simbólico compartilhado. Desta forma, se a auto-consciência é um fenômeno ambíguo condicionado a mentalidade coletiva, o mesmo não se pode dizer com relação ao sentimento irracional de propósito ou meta particular que define a experiência de uma dada biografia vivida. Refiro-me aquele conjunto de fantasias pessoais que aproximam o esforço de perpetuação e construção de uma existência singular da construção de uma obra artística cujo conteúdo e significado não somos capazes de compartilhar com os outros, mesmo quando lhe comunicamos.
Tornar-se um individuo é adquirir-se como “um segredo” ou meta-significado, como um complexo processo irracional e ontológico que escapa a qualquer expressão lingüística.
É justamente como indivíduos que somos capazes de transcender a natureza através de uma consciência diferenciada.