Considero a pluralidade e diversidade de indivíduos uma das mais relevantes premissas da condição humana. Pois é somente na presença um dos outros que se torna possível a cada indivíduo a experiência de um mundo propriamente humano, de um cosmos...
Afinal, a existência, configurada como imanência, é aparência ( aparição) ou manifestação daquilo que é comum a todos. Nisso reside o elo perdido de toda manifestar-se do social e coletivo.
Mas, a partir da época moderna, a pluralidade e diversidade de indivíduos deixou de ser um mero dado biológico e originou um fenômeno novo e inédito: O antagonismo e oposição entre eles sustentado pela mera e simples afirmação de sua intimidade contra a afirmação de uma abstrata universalidade fenomenológica experimentada antes de tudo como linguagem e exercício de referenciais e configurações simbólicas.
Não irei aqui me ocupar dos vários fatores culturais e sociais que convergiram para o acontecer desta singularidade contemporânea, para a construção de inédita autonomia do individuo e da singularidade humana frente aos seus pares e a mediação do social moderno. Limitar-me-ei a afirmação de que as codificações culturais contemporâneas encontram na construção da intimidade e da privacidade radical a personificação de um dos seus mais decisivos dilemas.
Isso equivale a dizer que as representações e codificações do mundo fundadas na interação meta pessoal de indivíduos já não são suficientes para da conta da experiência comum de qualquer construção social de mundo. Já não somos mediados satisfatoriamente pelo universal.... Mergulhamos cada vez mais no delicioso abismo da individuação humana.