segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SOBRE LUGARES E COISAS COTIDIANAS...


De certa maneira, pertencemos aos lugares e coisas que diariamente freqüentamos entre os outros no exercício de meras rotinas. Somos seus usuários na exata medida em que nos tornamos parte de suas paisagens, silêncios, usos e funções no caótico acontecer do existir urbano no qual cada vez mais nos perdemos de nós mesmos.

O mundo, afinal, é feito de lugares, não de pessoas...

LOOP...

Posso imaginar

Os passados que perdi
Buscando algum sonho
De futuro fútil,
Todos os sorrisos
Que deixei cair
Pelo caminho
E todas as pequenas alegrias
E rostos que não vivi.

A existência, afinal,
É seletiva
No gratuito de nossas escolhas.
O amanhã
Não passa
Da soma de nossos
Presentes entre gritos
E risos
Perdidos no vento...



SETES FRASES SOBRE A FENOMENOLOGIA DO TRÁGICO



Nada é mais difícil do que ler o acaso e sustentar opiniões frente ao inevitável.



*


È preciso decorar a paisagens de nossos abismos e vazios com um riso de destilada ironia e absoluto ceticismo.


*


Estou sempre a um passo de mim mesmo...


*


Quanto mais próximos do fim, mais sonhamos futuros e odiamos os limites do cotidianamente vivido.


*


O tempo nada nos ensina alem da consciência do ontológico vazio que nos torna humanos...


*


Pensar no passado é um modo estranho de não compreender o presente e adivinhar o futuro. É uma decepção biográfica da qual não nos recuperamos ...


*


Eu me espero no passo seguinte como um outro inventado pela imaginação dos fatos...



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

GRATUIDADE E IMANÊNCIA

Procuro andar

Contra o vento
E na incerta direção
Do dia seguinte
Em vazios de pensamento.

Meu caminho
É um céu aberto
Que se escreve nos atos
De nítido e imperfeito cotidiano,
Onde, paradoxalmente,
Tudo é claro e feito
De mínimo e provisório
Significado.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE O INDIVIDUALISMO PÓS MODERNO: UMA REINVENÇÃO DA INTIMIDADE...




Considero a pluralidade e diversidade de indivíduos uma das mais relevantes premissas da condição humana. Pois é somente na presença um dos outros que se torna possível a cada indivíduo a experiência de um mundo propriamente humano, de um cosmos...


Afinal, a existência, configurada como imanência, é aparência ( aparição) ou manifestação daquilo que é comum a todos. Nisso reside o elo perdido de toda manifestar-se do social e coletivo.

Mas, a partir da época moderna, a pluralidade e diversidade de indivíduos deixou de ser um mero dado biológico e originou um fenômeno novo e inédito: O antagonismo e oposição entre eles sustentado pela mera e simples afirmação de sua intimidade contra a afirmação de uma abstrata universalidade fenomenológica experimentada antes de tudo como linguagem e exercício de referenciais e configurações simbólicas.

Não irei aqui me ocupar dos vários fatores culturais e sociais que convergiram para o acontecer desta singularidade contemporânea, para a construção de inédita autonomia do individuo e da singularidade humana frente aos seus pares e a mediação do social moderno. Limitar-me-ei a afirmação de que as codificações culturais contemporâneas encontram na construção da intimidade e da privacidade radical a personificação de um dos seus mais decisivos dilemas.

Isso equivale a dizer que as representações e codificações do mundo fundadas na interação meta pessoal de indivíduos já não são suficientes para da conta da experiência comum de qualquer construção social de mundo. Já não somos mediados satisfatoriamente pelo universal.... Mergulhamos cada vez mais no delicioso abismo da individuação humana.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SOBRE A METAFISICA OU MITO DO GÊNIO....

Desde o renascimento a noção de “gênio” representou para os modernos um ideal inatingível de grandeza, quase pessoal, e de perfeição individual, algo, marcado pelo estigma do trágico teatral ou épico. Pois nele a individualidade é medida ou julgada pela realização de um grande feito cultural destinado a ultrapassar seu próprio criador, escravizando sua memória em vazia celebração coletiva, onde a singularidade do indivíduo cultuado simplesmente se perde em culto a personalidade...

domingo, 22 de novembro de 2009

NOTA SOBRE O ACASO

Quando visito através da memória meu acontecer biográfico me dou conta do quanto em certas decisivas circunstâncias, transcendi meus limites cotidianos no abraçar de destinos e acasos em intuição e instinto de sonhos de mim mesmo...

Definitivamente, o acaso tem uma lógica, um quase padrão irracional, que cognitivamente nos faz real através de decisivas coincidências frente as quais qualquer enunciado ou significado é dispensável.
O Acaso é um labirinto natural a desafiar teologias e teleologias em nossa busca humana de significado.
O acaso é puro labirnto...



OUT OF...



Diante da porta

Entreaberta do sono
Vislumbro
Meus mais radicais vazios,
Olho nos olhos
Do acaso,
Sem medos ou arrependimentos,
Aguardando o alivio
De um futuro
Que me ignora soberbo,
Como um sonho perdido e perfeito...
See the eyes in the dark...



sábado, 21 de novembro de 2009

FILOSOFIA BY HOUSE





“Querer é essencialmente sofrer, e como o viver é querer, toda a existência é essencialmente dor. Quando mais elevado é o ser, mais sofre... A vida do homem não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de ser vencido... A vida é uma caçada incessante onde, ora como caçadores, ora como caça, os entes disputam entre si os restos de uma horrível carnificina; uma história natural da dor se resume assim: querer sem motivo, sofrer sempre, lutar sempre, depois morrer e assim sucessivamente, pelos séculos dos séculos, até que nosso planeta se faça em bocados.”



By Arthur Schopenhauer in AS DORES DO MUNDO

SOBRE O IRRACIONALISMO PROFUNDO DA EXISTÊNCIA

É muito fácil criar explicações complicadas e vazias para a irrelevância dos fatos cotidianos e fazê-los em magia de letra parecerem relevantes... Mas todo significado possível que atribuímos as coisas pressupõe uma boa dose de imaginação...

Acreditamos tanto em nossas arbitrarias representações de “realidade” que não percebemos uma premissa elementar da fenomenologia da existência: Há um “algo mais” irracional em nossas representações conscientes de mundo, em nossa subjetividade, que fere sua duvidosa ou imprecisa ontologia.
Podemos, em ultima instância , associar o fenômeno da vida ao irracional da necessidade ou e uma impessoal vontade que nos devora e sustenta, não nos permitindo uma compreensão adequada daquilo que chamamos pensamento ou consciência... Já que não passam de um fosco e paradoxal reflexo do irracional...