sábado, 26 de setembro de 2009

DEVOULING TIME



Até a pouco
Gratuitamente experimentava
O superficial do agora
De todos os dias iguais…
Mas avançou repentinamente
Sobre mim
Algum outro instante
De vivido e vívido momento,
Um vazio estranho
De absurdo de tempo e espaço.

Deslocado das coisas,
Surpreendi-me despedaçado,
Em metafísico silence,
Rasgando meu próprio rosto
Na paisagem magical
De um simples espelho…



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DE PROFUNDIS by OSCAR WILDE



Publicado originalmente em 1905 pelo amigo Robert Ross, o longo relato epistolar, De Profundis, de Oscar Wilde, um de seus vários textos escritos durante o cárcere, é uma resposta do autor a sociedade conservadora inglesa de sua época, que lhe condenou a dois fatais anos de prisão por atentado a moral vigente devido a sua homossexualidade.

Cada uma de suas partes corresponde às cartas que Wilde escrevia para seu jovem ex-amante, Lord Alfred Douglas, pivô do processo que lhe condenou.
Trata-se de um texto realmente singular na história da literatura inglesa devido a sua melancólica intensidade e simultânea aposta do autor na recuperação póstuma de seu perdido prestigio literário.
Mas trata-se acima de tudo de uma intensa reflexão sobre a condição humana, seus autos e baixos, bem como sobre a natureza da arte...
Segue um interessante fragmento da comentada obra:

“O artista esta sempre buscando um modo de vida, no qual a alma e o corpo sejam uma coisa só, indivisível, em que o exterior seja a expressão do interior e a forma revele tudo. Tais modos existem, e não são poucos, Num determinado momento, a juventude e as artes que se preocupam com a juventude podem nos servir como modelo. Em outros, podemos talvez preferir a idéia de que na sua sutileza e na sensibilidade de suas impressões, na sua sugestão de um espírito que habita as coisas externas e faz de suas vestes de terra e de ar, de bruma e cidade, indistintamente, a moderna arte do paganismo, na mórbida afinidade do seu clima, dos seus tons e cores, realiza para nós, pictoricamente, aquilo que os gregos realizavam com tanta perfeição plástica. A música, na qual o tema é absorvido pela forma de expressão e não pode ser separado dela, é um exemplo complexo- e uma flor ou uma criança são um exemplo simples- do que estou tentando dizer, mas o sofrimento é o exemplo fundamental, tanto na arte quanto na vida.
Por trás das alegrias e do riso pode esconder-se um temperamento grosseiro, áspero e insensível. Mas por trás do sofrimento há sempre mais sofrimento. Diferente do prazer, a dor não usa mascara. A verdade na arte não é a correspondência entre a idéia essencial e a existência acidental, não é a semelhança entre a forma e a imagem, ou entre a forma refletida no espelho e a própria forma em si; não é o grito que ecoa no vale entre as montanhas, nem o poço de águas prateadas que refletem a imagem da lua para a lua, ou a imagem de Narciso para Narciso. A verdade na arte é a união da coisa com ela mesma, o exterior tornando-se expressão do interior, a alma revestida de forma humana, o corpo e seus instintos unidos ao espírito. Por essa razão, não há verdade que se compare ao sofrimento. Há momentos em que esta me parece ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou do apetite, feitas para cegar um e saciar o outro, mas é o sofrimento que tem construído os mundos, há sempre dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela.”

( Oscar Wilde. De Profundis e outros escritos do cárcere/tradução de Julia Tetamanzy e Maria Ângela Saldanha Vieira de Aguiar. Porto Alegre: L&PM Editores, 2002, p. 101-102 )

CONDIÇÃO HUMANA

Viver é como correr

Por desertos
A espera de notícias
De terras distantes.

Não importa
O que aconteça,
Estamos sempre vazios,
Sedentos de experiência
E existência…

Send more love…
Now…

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UNIVERSE




Somos todos
Poeiras de estrelas,
Restos animados
Da história
De um mágico universo
Onde existimos anônimos
E atônicos.

A mais profunda natureza
Contradiz
As certezas humanas...

Existir é um conceito
Relativo e provisório
Que escapa a razão
Que desenha a palavra.



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE O MOVIMENTO PUNK ( ORIGENS E SIGNIFICADO)



Originalmente o punk surge por volta de 1975, nos Estados Unidos, através do punk rock da banda The Ramones , cuja proposta era a de uma revitalização da cultura rock and roll (músicas curtas, simples e dançantes) e do estilo rocker/greaser (jaquetas de couro estilo motociclista, camiseta branca, calça jeans, tênis e o culto a juventude, diversão e rebeldia). Contraposto as então grandes bandas e icones do rock, o estilo “faça você mesmo” de musicas simples de três acordes, que qualquer um poderia fazer, começou a se difundir rapidamente. No ano seguinte a boa nova chegou a Inglaterra, onde o descomprometido punk rock ganhou novas formatações e conteudos originando assim o chamado movimento e cultura Punk.



Dois marcos fundadores deste movimento merecem ser citados: o Fanzine Sniffin’Glue ( Cheirando cola) e a radicalmente anarquica e niilista banda Sex Pistols, tutelada por Malcom McLaren, um afccionado pelo dadaismo e a cultura de vanguarda. Nenhuma outra banda de rock até hoje vociferou tão radicalmente contra a cultura estabelecida, ideologias politicas, valores morais e religiosos como os Pistols. Ainda hoje simbolo máxio do niilismo punk, apesar da curta carreira, eles se tornaram um dos maiores icones de rebeldia e cultura juvenil dos últimos tempos. A partir de 1977, a cultura punk começou a se tormar as ruas e se ramigicou em diversos sub generos consolidando-se tambem como uma estética que influenciava modas e comportamentos. É facil compreender o impacto do punk rock na Inglaterra dos anos 70, marcada pelo Thatchismo mas a força do seu impácto na cultura popular é bastante complexa.


Sabe-se hoje o quanto o mundo do rock foi profundamente abalado e transformado pelos punks. O New Have e o Heavy Metal dos anos 80 foram apenas as primeiras ondas pós punks aos quais, ironicamente, muito deve a musica pop dos últimos anos.


Ao buscar desconstruir o mito do rock que se difundia através da industria do enterterimento e representava certa diluição de sua cultura social, o punk não fez mais do que dessacraliza-lo e lembrar o quanto o rock é muito mais do que um estilo musical, mas uma cultura.

SPRINGTIME

A primavera

Enterra-se no em torno
Como um perfume
Onipresentemente adocicado

A decorar com cores a paisagem.

Parece dizer alguma esperança
Ou intuição de novidade
Em pequenos ritos mudos de fertilidade,
Como se alguma intencionalidade
Encantasse o mundo...



terça-feira, 22 de setembro de 2009

A PÓS MODERNIDADE E O BINÔMIO TEMPO E ESPAÇO

Uma das questões nodais do novo século, que apenas começamos a construir ou discutir em nossos conservadorismos de representações e linguagens, talvez seja a redefinição da noção de tempo e espaço.

Mesmo assim, o fato, é que já não olhamos o futuro do mesmo modo otimista e, ao mesmo tempo, pessimista, personificado pela ambigüidade do imaginário do século XX, profundamente apegado a fantasia da continuidade linear entre passado/presente/futuro.
A retração e simultânea expansão de nossas representações do tempo presente sugerem, ao contrário, que o passado e o futuro já não são para nós dimensões diferenciadas da experiência do agora. Mas simultâneas manifestações daquilo que compreendemos como tempo, ou como representações da temporalidade, já que ela não passa de uma projeção de apostas e projetos que fazemos de nós mesmos enquanto imaginação de existência em referência organizada de nosso próprio acontecer fenomenológico.
Vivemos hoje em sucessão de memórias e experiências que já não formam um “roteiro”, que não dizem significados ou especuladas possibilidades de futuro ou identidade.
Afinal, é importante frisar, toda tradição jaz morta e tudo que temos agora é, na verdade, um desregramento de nossas representações tradicionais do tempo e da temporalidade...
A vida vivida em pensamento e sentido foi abolida pela irracionalidade mágica do caos de sucessivos instantes em saudável confusão....

O MITO DE CARLITOS, O VAGABUNDO....

Apesar de todas as inovações tecnológicas sofridas pela estética cinematográfica ao longo das últimas décadas, o celebre vagabundo de Charles Chaplin permanece como uma imagem contemporânea e viva no imaginário coletivo.
Mesmo limitado ao preto e branco de seu admirável mundo mudo, ele ainda é capaz de nos comunicar algo, acordar imaginações e afirmar-se ainda como um dos mais populares e mágicos personagens do cinema de todos os tempos.
Lidamos aqui, obviamente, com uma imagem mítica. Humberto Braga em uma conferência sobre quatro mitos definidores da condição humana, coloca o velho Carlitos ao lado de Prometeu, Don Quixote e Fausto enquanto símbolo do ideário de liberdade em variações peculiares do da imagem arquetípica do herói civilizador.
Considero particularmente pertinente aqui a seguinte passagem desta conferência:

“Carlitos, o Vagabundo, é sobretudo um símbolo da liberdade, como bem definiu Otávio de Farias. O vagabundo afirma e preserva sua individualidade ante uma sociedade massificadora, uniformizada, destrutora da individualidade. Ele manifesta insólita e ostensivamente a sua diferença num meio que não tolera os diferentes. Tal como Dom Quixote, é um otimista ingênuo, mas irredutível. Nada o abate, vicissitude ou malogro algum o deprime. Sua luta não se apresenta como beliciosidade ou agressividade, mas numa instintiva e obstinada resistência da qual não tem família consciente, pois não a racionaliza, não a justifica, nem mesmo a verbaliza. Carlitos não tem família, não tem casa, não tem trabalho fixo, não pertence a qualquer classe social, não tem planos, não tem planos, não tem objetivos, não tem ideais, não tem ambições, não tem religião, não tem passado e não tem futuro, mas ama alegremente a vida e, se não quer mudar o mundo, tampouco se deixa subjugar por ele, apesar de sua aparente fragilidade. Como os mitos anteriores, também não está limitado pela visão da “possibilidade”



(Humberto Braga. Quatro grandes mitos humanos. In Mitos e Arquétipos do homem contemporâneo. Walter Boechat (org.) Petrópolis: Vozes, 1995, pg.16-17)


INTENTIONS OF NIGHT...

Devora-me a urgência

Dos compromissos diários...
Enquanto imaginações
Freqüentam o sol poente.

Bastaria -me agora
A paz de um jardim inglês
Em manhã de branda chuva
E serena esperança.


Não quero mais que a calma
Do silêncio que me fala
No passar e passear do vento
Encantando ruas, luas
E sonhos....

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A INTIMIDADE DE UMA PRÉ-MANHÃ...

Deito sobre o silêncio

Que antecede o amanhecer
Sem expectativas
Para o dia que se anuncia.
Apenas me contemplo,
Em segredo de mim mesmo,
Disperso na paisagem
Do acontecer humano.
Deixo-me abandonado
Aos fatos,
Calado e abstrato,
No lugar nenhum
De reflexões e pensamentos
Íntimos...