“ Quando vem até você outros caras, mais jovens, você percebe que é apenas parte de uma longa procissão de trovadores e menestreis e contadores de histórias que existe desde sempre. De certo modo, você tem a sensação de que faz parte de uma estranha fraternidade. Só que ninguém tem carteirinha. Não existem apertos de mão secretos.Mas você sente uma sensação maravilhosa de continuidade que se estende até o passado pelas brumas do tempo.E você é apenas um daqueles caras que contaram uma história e trouxe felicidade as pessoas, e cantou sua música, e eles cuidaram bem de você pelo prazer que receberam.
Keith Richards, Uncult, janeiro de 2002.
“Não tenho responsabilidade alguma em relação a quem quer que seja Nunca falei por uma geração, mas somente em meu nome. Não sou um homem político, não fui eleito para cumprir uma função ou para trabalhar pelo interesse coletivo. Minha única responsabilidade é no palco, para com o público: que ele ouça bem ( o show ), que ele assista a um bom espetáculo, e que esteja em segurança. O resto não me concerne. Não é porque estou no palco que eu devo ser um porta-voz. Se os Stones algum dia tiveram uma importância política, foi pela causa do sexo. Fazer campanha pela liberação sexual nos anos 60 era um ato político.”
Mick Jagger, Lui, setembro de 1996.
( In Jose Emilio Rondeau, Nélio Rodrigues. Sexo, Drogas e Rolling Stones: Histórias da banda que se recusa a morrer. RJ: Agir, 2008, p. 337 )
Escrito por Jose Emilio Rondeau e Nelio Rodrigues, SEXO, DROGAS E ROLLING STONES, já pode ser considerado uma obra clássica na extensa biografia sobre cultura popular, música e século XX. Ao investigarem a trajetória da maior banda de rock clássica ainda em atividade, cabe alertar que o livro dá uma especial atenção as várias passagens, seja em shows ou em visitas individuais de seus membros, ao Brasil. Mas também oferece com competência um panorama geral da carreira da mega banda através de uma periodização que abrange os anos iniciais entre 1962 e 1965, a maturidade alcançada entre os sombrios anos de 1966 e 1970, a consagração absoluta entre 1971 e 1976, o quase fim entre 1977 e 1988 e a surpreendente contemporaneidade entre 1989 e 2007.
Trata-se, obviamente, de uma narrativa mais descritiva do que analítica, voltada especialmente para os fatos relevantes e curiosos acumulados ao longo dos 47 anos de carreira dos Stones.
Mas mesmo tratando-se de um ensaio biográfico, evidentemente, o livro nos fornece bons subsídios para avaliar e pensar o lugar dos Rolling Stones na ainda jovem história do rock and roll e principalmente da evolução clássica do rock britânico.
Pessoalmente, eu diria que entre Beatles e Who, os Stones são uma das princiapais matrizes elementares do rock britânico em sua formula clássica. Em seu caso, a musicalidade do novo estilo ainda é direta e radicalmente condicionada as suas raízes no blues e R&B resultando em um rock mais primitivo e cru que fala mais diretamente ao corpo do que a sentimentos e pensamentos.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
SEXO,DROGAS E ROLLING STONES
A PRIMEIRA| VIAGEM A LUA: 40 anos depois II
Quarenta anos depois, pode-se dizer que obras de ficção cientifica são hoje mais importantes do que o qualquer pouso humano na lua. Afinal, a corrida espacial, iniciada nos anos 60 do último século, foi inspirada pelas mesmas duvidosas razões que sustentavam a corrida armamentista do antigo mundo bi-polar dos tempos de guerra fria. Por mais surpreendente que possa parecer as gerações mais novas, as missões Apollo, que culminariam na chegada americana do homem a lua, não foi inspirada na busca pelo progresso técnico cientifico e não merece qualquer lugar relevante na história das ciências do séc.XX. Trata-se, na verdade, de um triste capítulo de sua história política.
Do ponto de vista do imaginário epocal, a eleição de uma viagem a lua como meta política só é explicável pela simbólica da aventura e da vitória sobre o impossível. Mas mesmo como mito contemporâneo, a médio prazo a façanha revelou-se vazia e desproposital. Não por acaso os contemporâneos sonhos de retomar e ampliar o feito através de uma viagem tripulada a marte agonizam em meio a crise econômica e cortes orçamentários da NASA.
No fundo, o que há de mais revelador em tudo isso é que, em nosso tempo presente, já não há mais lugar para otimistas projeções de futuro. Estamos tão mergulhados em nosso momento coletivo, cada vez mais elástico, que ao contrário de nossos pais e avós, não nutrimos a ilusão de projetar no futuro a solução otimista de nosso presente para melhor moldar o passado.
Do ponto de vista do imaginário epocal, a eleição de uma viagem a lua como meta política só é explicável pela simbólica da aventura e da vitória sobre o impossível. Mas mesmo como mito contemporâneo, a médio prazo a façanha revelou-se vazia e desproposital. Não por acaso os contemporâneos sonhos de retomar e ampliar o feito através de uma viagem tripulada a marte agonizam em meio a crise econômica e cortes orçamentários da NASA.
No fundo, o que há de mais revelador em tudo isso é que, em nosso tempo presente, já não há mais lugar para otimistas projeções de futuro. Estamos tão mergulhados em nosso momento coletivo, cada vez mais elástico, que ao contrário de nossos pais e avós, não nutrimos a ilusão de projetar no futuro a solução otimista de nosso presente para melhor moldar o passado.
ÓCIO
Nada me falta
Neste instante
Enterrado sob
O alvoroço do mundo.
Basta-,me estar
Aqui e agora,
Não penar
Em qualquer outra coisa
Alem do vento
Animando os objetos
Em volta,
O cheiro da manhã vazia
E o vazio profundo
Dos meus desejos.
Nada me falta
Em rosto desfeito
E deitado sobre os fatos.
Neste instante
Enterrado sob
O alvoroço do mundo.
Basta-,me estar
Aqui e agora,
Não penar
Em qualquer outra coisa
Alem do vento
Animando os objetos
Em volta,
O cheiro da manhã vazia
E o vazio profundo
Dos meus desejos.
Nada me falta
Em rosto desfeito
E deitado sobre os fatos.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
TO BE
A PRIMEITA VIAGEM A LUA: 40 anos depois.
"É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade.”
Neil Armstrong
A Missão Apolo 11, iniciada em 16 de julho de 1969, completou esta semana 40 anos em rememorações marcadas por certa melancolia...
Produto da guerra fria, mais do que da crença no progresso técnico-cientifico, o histórico feito da nave da NASA, composta pelo módulo de comando Columbia e pelo módulo lunar Eagle, tripulada pelos astronautas Mike Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong, comandante da missão, com duração de oito dias, em um olhar retrospectivo, apesar de determinante para a introdução de um novo padrão tecnológico no cotidiano do homem ocidental, não desperta muito entusiasmo.
Afinal, quarenta anos depois, já não desfrutamos do ingênuo otimismo de época que, apesar de todos os seus absurdos, como a guerra do Vietnã, que na ocasião chegava ao fim, ou a própria corrida armamentista, que profundamente lhe configurou, conseguia sustentar uma atmosfera e imaginário de esperanças e sonhos de futuro, como demosntram, por exemplo, os movimentos de juventude que então sacudiam o mundo.
O fato é que, felizmente ou infelizmente, não nos é possível, em nosso tempo presente, sustentar apologias a qualquer filosofia do progresso sem boa dose de burrice ou ingenuidade. Vivemos, afinal, sob o signo sombrio do mito do aquecimento global e das incertezas de humanidade...
Se quer prestamos atenção na Lua como imagem estético/poetica ou somos seduzidos pela evasão existencial propiciada pelos sonhos de onerosas conquistas espaciais.
Sabemos que o universo, surpreendido em expansão e tão estranho ao fenômeno humano, se quer nos percebe em sua meta racionalidade de acasos.
Em poucos palavras, o pequeno passo do homem na lua em liberdade da não gravidade, converteu-se em um salto para o abismo em nossas atuais vivências e narrativas de um mundo, cada vez mais ilegível onde a contra-cultura se refaz através do niilismo mais criativo como uma simples modalidade de pós-modernismo...
Neil Armstrong
A Missão Apolo 11, iniciada em 16 de julho de 1969, completou esta semana 40 anos em rememorações marcadas por certa melancolia...
Produto da guerra fria, mais do que da crença no progresso técnico-cientifico, o histórico feito da nave da NASA, composta pelo módulo de comando Columbia e pelo módulo lunar Eagle, tripulada pelos astronautas Mike Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong, comandante da missão, com duração de oito dias, em um olhar retrospectivo, apesar de determinante para a introdução de um novo padrão tecnológico no cotidiano do homem ocidental, não desperta muito entusiasmo.
Afinal, quarenta anos depois, já não desfrutamos do ingênuo otimismo de época que, apesar de todos os seus absurdos, como a guerra do Vietnã, que na ocasião chegava ao fim, ou a própria corrida armamentista, que profundamente lhe configurou, conseguia sustentar uma atmosfera e imaginário de esperanças e sonhos de futuro, como demosntram, por exemplo, os movimentos de juventude que então sacudiam o mundo.
O fato é que, felizmente ou infelizmente, não nos é possível, em nosso tempo presente, sustentar apologias a qualquer filosofia do progresso sem boa dose de burrice ou ingenuidade. Vivemos, afinal, sob o signo sombrio do mito do aquecimento global e das incertezas de humanidade...
Se quer prestamos atenção na Lua como imagem estético/poetica ou somos seduzidos pela evasão existencial propiciada pelos sonhos de onerosas conquistas espaciais.
Sabemos que o universo, surpreendido em expansão e tão estranho ao fenômeno humano, se quer nos percebe em sua meta racionalidade de acasos.
Em poucos palavras, o pequeno passo do homem na lua em liberdade da não gravidade, converteu-se em um salto para o abismo em nossas atuais vivências e narrativas de um mundo, cada vez mais ilegível onde a contra-cultura se refaz através do niilismo mais criativo como uma simples modalidade de pós-modernismo...
JOHN LENNON, IMANÊNCIA E INDIVIDUALIDADE HUMANA
John Lennon não formulou nada mais através da musica do que a própria individualidade em função do enfrentamento do tempo presente pela afirmação de si mesmo. Creio que é justamente isto que torna sua memória fascinantemente contemporânea... Ele não tinha nada mais precioso ou substancial para legar ao tempo futuro do que a simplicidade e complexidade de existir. Isso o torna um símbolo da cultura do século XX, dos seus impasses e dilemas entre a afirmação da singularidade e liberdade de cada um e a afirmação do poder das meta narrativas, “ideologias” , totalitarismos e violências coletivas.
Reunir fragmentos de entrevistas de John Lennon aqui, torna-se por isso um inspirador exercício de afirmação de singularidade humana, a busca do eco em caleidoscópio de momentos, de alguém que conseguiu transformar arte em afirmação de si mesmo... e apostar que cada um pode viver seu próprio sonho... em imanência.
“ Uma parte de mim suspeita que sou um perdedor e outra parte de mim pensa que sou Deus todo poderoso.”
*
“Pense globalmente e atue localmente”.
*
“As pessoas têm de perceber... que ficar nu não é obsceno. O importante é sermos nós mesmos. Se todas as pessoas fossem o que são, ao invés de fingirem que são o que não são, existiria paz.”
*
“A mulher é o negro do mundo/ A mulher é a escrava dos escravos/Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama/ Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.”
*
“Um artista nunca pode ser absolutamente ele mesmo em público, pelo simples fato de estar em público. Pelo menos, ele sempre precisa ter alguma forma de defesa.”
Reunir fragmentos de entrevistas de John Lennon aqui, torna-se por isso um inspirador exercício de afirmação de singularidade humana, a busca do eco em caleidoscópio de momentos, de alguém que conseguiu transformar arte em afirmação de si mesmo... e apostar que cada um pode viver seu próprio sonho... em imanência.
“ Uma parte de mim suspeita que sou um perdedor e outra parte de mim pensa que sou Deus todo poderoso.”
*
“Pense globalmente e atue localmente”.
*
“As pessoas têm de perceber... que ficar nu não é obsceno. O importante é sermos nós mesmos. Se todas as pessoas fossem o que são, ao invés de fingirem que são o que não são, existiria paz.”
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“A mulher é o negro do mundo/ A mulher é a escrava dos escravos/Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama/ Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.”
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“Um artista nunca pode ser absolutamente ele mesmo em público, pelo simples fato de estar em público. Pelo menos, ele sempre precisa ter alguma forma de defesa.”
Fonte: O Pensamento Vivo de John Lennon. Martin Claret Editores.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
DIALOGO
CRÔNICA RELÂMPAGO LVIII
Há ocasiões em que, entregue a mim mesmo no se fazer de rotinas, vislumbro mudanças,rupturas ou redefinições intimas nos dias; a busca por uma mais autêntica ou intensa experiência de minha mínima existência.
Visitam-me, então, os fantasmas dos meus eus perdidos pelos labirintos e ventos do caprichoso destino... Os amores que não vivi, as viagens que não fiz, as abandonadas apostas e todas as portas fechadas pelo acaso do acontecer dos anos.
Percebo que muito daquilo que sou deixou de acontecer
Visitam-me, então, os fantasmas dos meus eus perdidos pelos labirintos e ventos do caprichoso destino... Os amores que não vivi, as viagens que não fiz, as abandonadas apostas e todas as portas fechadas pelo acaso do acontecer dos anos.
Percebo que muito daquilo que sou deixou de acontecer
segunda-feira, 13 de julho de 2009
TIME IN LIFE....
O tempo acumulado em meus atos não define todos os momentos e anos sonhados de potenciais futuros. Pois tantas são as memórias que elucidam meus percorridos caminhos e destinos, meus passados empilhados no não lugar dos significados vividos ,que sou incapaz de vestir qualquer definição de mim mesmo para dizer minha vida e pessoal apreensão de temporalidade.
" OS ALFINETES DE SLATER NÃO TEM PONTAS" by Virginia Woolf
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